quinta-feira, 30 de junho de 2016

No Coração de Deus






















Encerramento do mês do Coração de Jesus


D EU S

Neste mês descobri que EU
tenho lugar no Coração de D EU S
e no centro dos C EU S já estou EU

C EU S

Perdoar = curar



5ª feira - XIII semana comum


Apresentaram a Jesus um paralítico.
Jesus viu a fé daquela gente.
Para mostrar que estava perdoado Jesus fez com que o paralítico se levantasse.
A multidão glorificou a Deus.

Dimensão comunitária:
- Foi a fé daquela gente que fez com que Jesus curasse o paralítico.
- Devolveu-o à sua família (porquê para casa? Porque é na comunidade onde tudo deve recomeçar e viver uma vida nova)
- A multidão glorificou a Deus

Dimensão pessoal:
- O pecado é quem nos paralisa e nos faz enfermos (in-firmus = não firme). Todos somos paralíticos, todos somos enfermos, porque todos pecadores.
- Levanta-Te: toma a posição humana (Homo erectus) = ser perdoado é recuperar a sua dignidade.
- Vai... Ser perdoado é progredir, avançar. É regressar.

Dimensão sobrenatural
- Perdoar é curar, curar é perdoar.
- Só Deus pode perdoar, só Deus pode curar.
- Se errar é humano, perdoar é divino. Já que fazemos a experiência do humano, façamos também a do divino.


quarta-feira, 29 de junho de 2016

Pedro, quem és tu?





















Pedro = flor de pedra
Pedra = flor de Pedro


Pedro, quem és tu?

Responde o Pe. Dehon:

A festa de São Pedro vem depois do ciclo dos mistérios de Cristo, depois do Pentecostes, do Corpo de Deus e do Coração de Jesus, e no início do tempo que simboliza a Igreja.
É pelos apóstolos que a Igreja começa.
Esta festa vem na plenitude da estação, quando ainda há flores, mas os frutos já começam a aparecer, quando os dias são amplos, luminosos e quentes.

Pedro é a flor da Igreja
e o primeiro fruto do Coração de Jesus.
Pedro é o primeiro salário do crucificado.
Ele é o seu sacramento,
o seu órgão,
a continuação de Cristo e do Coração de Jesus.
Ele é o chefe da hierarquia,
a fonte visível da graça,
o tesouro divino, vivo e inesgotável dos dons celestes,
a imagem da paternidade divina, soberana e universal,
o guia e o pastor de todos.

(cf. Pe. Dehon, Ano com o Coração de Jesus. Junho)


terça-feira, 28 de junho de 2016

Nas pegadas De Hon fundador










Assinala-se hoje o 138º aniversário da fundação da Congregação dos Sacerdotes do Coração de Jesus (Dehonianos) e da Primeira Profissão Religiosa do Pe. Leão Dehon.

Podemos hoje associar-nos ao espírito com que, ao longo da sua vida, o Pe. Dehon viveu este duplo aniversário.


Aniversário da fundação da Congregação e da profissão religiosa do Pe. Dehon segundo ele mesmo:

1878 - Fundação
28 de junho: os meus votos. A 28 de junho era a festa do Coração de Jesus. Fiz os meus votos. Era o meu maior desejo. D. Thibaudier permitiu-mo. Ele sabia que havia mais de um ano que me preparava para isso. Ele delegou o Reverendo Arcipreste para recebê-los. A pequena cerimónia teve lugar no oratório de São João. O Pe. Rasset estava lá como postulante, com dois Irmãos que não perseveraram. Duas Irmãs também participaram. Entreguei-me sem reservas ao Coração de Jesus, e na minha mente, os meus votos eram já perpétuos. A minha emoção era bem profunda. Eu sentia que tomava a cruz sobre o meu ombro dando-me a Nosso Senhor como padre reparador e como fundador de um instituto novo. (Ao mesmo tempo que eu fazia os meus três votos públicos, fazia o voto privado de vítima segundo as orientações do Pe. Giraud). Esta data de 28 de junho de 1878 será sem dúvida guardada na Congregação como a data da sua fundação.
(NHV XIII)

1906 – 28º aniversário
28, é o aniversário, o 28º aniversário dos meus primeiros votos. Que colheita de graças eu teria se tivesse sido fiel!
(NQ 20)

1909 – 31º aniversário
28 de junho, trigésimo primeiro aniversário dos meus primeiros votos. Que eventos desde então! Tanta gente a condenar a congregação! Trinta e um anos de misericórdia divina, paciência divina! Perdão, Senhor, por um número infinito de faltas cometidas! Obrigado por uma infinidade de graças recebidas! As Cruzes não faltam nestes dias, elas fazem-me esperar graças divinas. A casa de Lovaina tem grandes dívidas que não me deixam dormir; as esperanças de recursos em Espanha foram por água abaixo, um irmão aqui teve imprudências que pôs toda a região a mexericar, recebo cartas pouco amáveis de Mons e de Quévy…  Aceitei de bom grado este sacrifício pelo progresso da Congregação.
(NQ 24)

1915 – 37º aniversário
28 de junho. Trigésimo sétimo aniversário dos meus primeiros votos juntamente com o de vítima que fazíamos então. São Paulo disse no final da sua vida: "Terminei a minha carreira, fui fiel, a recompensa espera-me" (cf.2 Tim 4,7-8). Eu termino a minha carreira, também, mas quantas infidelidades! Não me atrevo a olhar por muito tempo. Eu baixo a minha cabeça e os meus olhos ficam inchados. Tende misericórdia de mim, Senhor, segundo a grandeza das vossas misericórdias! Chamam-me fundador da Congregação e eu não o sou. É Nosso Senhor que é o único fundador. Eu, eu sou apenas seu impedido. Em 1878, Nosso Senhor fazia-se ouvir aqui a uma alma que tinha visões na oração muito admiráveis: "Sim, eu quero sacerdotes vítimas, diga-lho, farei tudo, ele só tem de me deixar fazer e ser muito dócil à minha voz e à minha graça." Nosso Senhor fez o seu trabalho, que ainda é muito imperfeito. Ele fez isso com um instrumento sem valor, como Sansão obteve vitórias com uma queixada de jumento. Assim a posteridade verá que esta não é uma obra humana, mas uma obra bem sobrenatural. Tende misericórdia de mim, Senhor!
(NQ 38)

1916 – 38º aniversário
Final de junho. Dias de Ação de Graças e tumultos da guerra. A festa do Coração de Jesus é o 38º aniversário dos meus votos. Desejo bem renovar-me e fortalecer-me nas disposições que o Senhor espera de mim.
(NQ 40)

1922 – 44º aniversário
Junho. Este mês tem para mim aniversários preciosos: 1de junho - confirmação; 4 - primeira comunhão; 6 - diaconado; 28 - votos religiosos. Tenho aproveitado pouco de tanta graça, espero que a infinita misericórdia do Coração de Jesus, me perdoe.
(NQ 44)

1925 – 47º aniversário
A 28 de junho de 1878, a minha primeira profissão e o meu voto de vítima, tão bem aceite por Nosso Senhor, que me valeu seis anos de martírio: perda da saúde, da riqueza, dos pais, da estima geral, o incêndio, os assaltos do demónio, até ao Consummatum est, que foi a condenação e supressão da Congregação pela Santa Sé, a 3 de dezembro de 1883. A ressurreição veio a 24 de março de 1884, mas a cruz sempre foi a minha herança.
(NQ 45) 





















Foto e legenda existentes na Capela da Cúria Geral SCJ em Roma.
cf. www.dehon.it


segunda-feira, 27 de junho de 2016

Uma festa dos diabos


Com o Império de São Pedro terminam as festas do Espírito Santo aqui em São Miguel.
- O senhor padre prepare-se para ver a maior de todas as festas! Todos os anos essa festa do Espírito Santo é dos diabos!

Sim, foi mesmo isto que ouvi. 
A nossa língua portuguesa é tão rica, traiçoeira e inocente ao mesmo tempo.



Perpétuo Socorro

Hoje celebra-se Maria, Mãe de Deus, como o título de NOSSA SENHORA DO PERPÉTUO SOCORRO.
É apresentada num ícone de estilo bizantino. Entre os cristãos ortodoxos é conhecida como a Mãe de Deus da Paixão, ou a Virgem da Paixão.
Este ícone é venerado desde 1865 em Roma na igreja de Santo Afonso dos Padres Redentoristas. Parece ter vindo da ilha de Creta.
O objetivo deste estilo de arte não é mostrar uma cena ou pessoas, mas transmitir uma mensagem espiritual.
























1. As letras em grego: Mãe de Deus.
2. O quadro foi coroado em 1867.
3. A estrela representa que Maria guia-nos até Jesus.
4. Abreviatura do Arcanjo São Miguel.
5. São Miguel apresenta a lança, a vara com a esponja e o cálice da Paixão.
6. A boca de Maria guarda silêncio.
7. O vermelho da túnica representa a realeza.
8. O Menino segura a mão de Maria que não segura as mãos do Menino, pois os seus dedos apontam para Jesus que é o Caminho, a Verdade e a Vida.
9. Abreviatura de Arcanjo São Gabriel.
10. Maria olha diretamente para quem contempla o quadro e não para Jesus nem para o céu nem para os anjos.
11. São Gabriel segura a cruz e os cravos da Paixão.
12. Abreviatura do nome de Jesus em grego.
13. Jesus veste roupas reais. O Halo está ornado com a cruz.
14. A mão esquerda de Maria segura Jesus: a mão do consolo que Maria estende a todos os que a ela recorrem nas lutas da vida.
15. A sandália desatada simboliza a humildade de Jesus e também a esperança de um pecador que agarrando-se a Jesus busca a sua misericórdia. O Menino ainda levanta o pé para não deixar cair a sandália e assim salvar o pecador.
16. O manto azul, com forro verde e túnica vermelha são as cores da realeza. Somente a Imperatriz poda combinar estas cores. O Azul é a cor das mães, na época.
Todo o fundo dourado mostra a importância de Maria, símbolo de glória celeste, onde nos espera, levados pelo seu perpétuo socorro.
(cf. espelhodejustiça.blogspot.pt)

Ter lugar no coração
























- Mestre, seguir-te-ei para onde quer que fores.
- As raposas têm as suas tocas e as aves os seus ninhos, mas o Filho do homem não tem onde reclinar a cabeça.
- Senhor, deixa-me ir primeiro sepultar meu pai.
- Segue-me e deixa que os mortos sepultem os seus mortos.
(2ª feira - XIII semana comum))

Jesus responde ao primeiro candidato que no seu coração parecia haver lugar para as raposas (astutas) e para as aves (soberbas) mas não havia lugar para Deus (onde reclinar a cabeça).
Ao segundo Jesus adverte que ele parecia estar já morto pois não ponha em primeiro lugar o desafio da vida.
Conclusão: quem é soberbo e astuto não dá lugar a Deus no seu coração.
Quem não segue o Deus da vida anda no caminho da morte e destruição.




domingo, 26 de junho de 2016

O cristão não tem marcha-atrás



Ano C – XIII domingo comum

Quem tiver lançado as mãos ao arado e olhar para trás não serve para o reino de Deus”.

1. Vocação
Elias chama Eliseu. Jesus contacta com 3 candidatos que o querem seguir.
Conclusão: Deus precisa de nós, porque o mundo precisa de Deus.

2. Não olhar para trás
- Porque é falta de educação (não podemos virar as costas a Deus)
- Porque faz mal ao pescoço (não fomos feitos para olhar para trás mas para a frente)
- Porque é perigoso (corremos o risco de tropeçar)
- Porque é um desperdício (quem olha para trás perde tempo e com saudade não pode avançar ou progredir)
- Porque Cristo não quer (porque ele vai à nossa frente e não devemos desviar dele os nossos olhos.
Conclusão: Os cristãos ou discípulos de Jesus Cristo não têm marcha-atrás, pois são chamados a avançar e progredir sempre, com os olhos fixos em Cristo que segue à sua frente.




quinta-feira, 23 de junho de 2016

Se me colhe a tempestade
















Se me colhe a tempestade
nada temo porque a Paz está comigo.

Eu pensava que o telhado de uma casa era a sua proteção eficaz contra as tempestades, mas Jesus diz que os alicerces, as fundações de uma casa é que determinam a sua resistência às tempestades.
O que protege não é a parte de cima, mas a parte de baixo,
Não é o que está à vista, mas sim o que está oculto.
Uma casa sem alicerces está exposta a todas as tempestades.
Uma família sem oração é como uma casa sem fundações, suscetível a muitos ataques.
Uma pessoa sem fé corre mais o risco de ruir, pois falta-lhe base firme ou fundamento confiante.


















5ª feira - XII semana comum
“Naquele tempo disse Jesus: Caiu a chuva, vieram as torrentes e sopraram os ventos contra aquela casa; mas ela não caiu, porque estava fundada sobre a rocha.”



quarta-feira, 22 de junho de 2016

Lectio brevis























4ª feira - XII semana comum

"Disse Jesus:
Acautelai-vos dos falsos profetas, que andam vestidos de ovelhas, mas por dentro são lobos ferozes. Pelos frutos os conhecereis."

terça-feira, 21 de junho de 2016

Pe. Dehon nos Açores









O Pe. Dehon nos Açores
ou os Açores no Pe. Dehon

1. Apresentação:
Nos escritos do Pe. Dehon aparecem referências aos Açores em três obras publicadas, fruto do seu gosto pelas viagens e da sua sede de conhecimento natural, humano e religioso.
- A primeira vez que aparece a palavra Açores é nas notas quotidianas referentes à visita a Espanha no verão de 1899. Ao visitar o Escorial admira os frescos sobre a expedição marítima aos Açores no tempo de Filipe II. Mais tarde recupera esse relato publicando-o no seu livro “Para além dos Pirinéus”.
- Na sua visita a Portugal (1900), ao falar da Sé de Lisboa diz que é sede da Igreja que se estende de Portugal até às Ilhas dos Açores, Cabo Verde e parte da Índia.
- Depois temos a referência numa crónica de 1903 da Revista “O Reino do Coração de Jesus”. Sem precisar o nome Açores, ao falar do congresso do Partido Nacional, informa que contou com representação de toda a nação, inclusive das Ilhas.
- Finalmente, as mais desenvolvidas informações sobre os Açores, as suas tradições, costumes, religiosidade e capacidade de adaptação e emigração, encontramos no relato da sua visita ao Brasil (1907).
No total registamos 8 vezes a palavra Açores e mais 3 vezes Das Ilhas com intenção de abranger esse Arquipélago.
Quanto ao conteúdo podemos ver que a primeira informação diz respeito à sua situação geográfica (expedição marítima)
Depois temos a sua organização como instituição eclesial.
A terceira notícia relata a sua participação político-social.
Por fim, a narrativa mais extensa, expõe a sua dimensão existencial: história, tradição, religiosidade, emigração e capacidade de adaptação.
De todas as ilhas açorianas sobressai a de São Miguel pela referência à Lenda da Lagoa das Sete Cidades.

2. O que o Pe. Dehon mostrou saber dos Açores:
- Que são ilhas atlânticas com importância estratégica, riqueza natural, integradas no todo nacional e na igreja institucional.
- Que foram ilhas conhecidas e visitadas pelos fenícios, árabes, normandos e pelos americanos. Não apenas os açorianos conhecem e visitam a América, mas antes os americanos já teriam conhecido e visitado os Açores.
- Que acolheram, antes dos descobridores portugueses, os 7 bispos expulsos da Espanha pelos árabes e que fundaram as 7 igrejas (alusão à lenda da Lagoa das Sete Cidades, da Ilha de São Miguel).
- Que são ilhas dedicadas ao Espírito Santo… que para coroar o seu patrono coroam crianças.
- Que os açorianos emigram muito. Na população do Brasil a sua presença é determinante, sobretudo nos Estados do Rio Grande e de Santa Catarina onde foram os primeiros colonos. Muitos brasileiros descendem de açorianos.
- Que os emigrantes dos Açores adaptam-se melhor ao Brasil (língua e costumes), mas sobretudo ao seu clima quente que suportam bem, devido à sua terra de origem.
- Que, como os outros portugueses, os açorianos são muito reconhecidos como bons trabalhadores, apesar de serem chamados de Pé-de-chumbo, isto é, pesados e rudes, em oposição aos brasileiros que se consideram pé-de-cabra.

3. O que não sabia o Pe. Dehon sobre os Açores:
- Que não são 7 ilhas, mas sim 9. O equívoco talvez tenha sido causado pela analogia dos 7 dons do Espírito Santo (Ilhas do Santo Espírito e dos seus dons) ou pela analogia à lenda das 7 cidades ou 7 igrejas.
Dizem as más-línguas aqui nos Açores que de facto esta Região é composta por Sete Ilhas, um parque de diversões e Pico…. Porque há uma ilha onde há sempre festa e outra chamada Pico, mas o Pe. Dehon não sabia desta anedota.

4. Citando os originais:

A)
“Visitando o escorial (Espanha) Agosto de 1899
A sala das batalhas é em grande parte dedicada à glória de Filipe II. Mostra-se aí somente duas batalhas contra os mouros; o resto representa as campanhas de Filipe II: a Batalha de São Quintino, a tomada do Condade de Montmorency, o cerca e a tomada da cidade de Gravelines, a revista da armada da invação de Portugal, a expedição matítima às Ilhas dos Açores.”
(Crónicas quotidianas, visitanto s Espanha, caderno 14, julho-agosto de 1899)
B)
 “A catedral (de Lisboa) é a sede de um patriarcado, pois o primado do arcebispo estende-se a todo o Portugal, às ilhas dos Açores, às ilhas de Cabo Verde e a uma parte das Índias”. (Para além dos Pirinéus, Por L. Dehon, Superior dos Sacerdotes do Coração de Jesus, H. & L. Casterman, Éditeur Pontificaux, Paris, Rue Bonaparte, 66, Tournai (Belgique) pagina 481)
C)
“Agosto 1903 - Portugal.
Um congresso católico, ocorrido recentemente no Porto, teve um completo sucesso.
O grande partido do Centro nacional, no qual assentam todas as esperanças da Igreja em Portugal, foi dignamente representado por mais de 3.000 delegados provenientes de todas as províncias do país e até das ilhas, podendo falar em nome das duas centenas de ‘centros’ locais disseminados um pouco por toda a parte”. (Chroniques in Il Règne du Cœur de Jésus dans les âmes et dans les sociétés. Oeuvres Sociales, V Volume, Seconde partie, Edizioni Dehoniane. Roma.,página 671).
D)
“Falemos das festas locais (de Itajaí). Aqui gosta-se de coroar os santos que se festejam. É fácil para os que têm uma imagem, mas era um problema para a Confraria do Espírito Santo. Como coroar o patrono? Um rapaz e uma rapariga escolhidos por entre os irmãos levam a coroa real. Naquele dia têm direito a lugares de honra na igreja, são incensados e a procissão acompanha-os a casa: são eles que simbolizam os Espírito Santo.
Este costume vem das ilhas dos Açores, sete ilhas dedicadas ao Espírito Santo e aos seus dons.
As tradições dos Açores contam, além disso, que sete bispos, expulsos de Espanha pelos Árabes, fundaram aqui sete igrejas.
Os Açores foram conhecidos e visitados pelos Fenícios, pelos Árabes e pelos Normandos. Porque não também pela América?
Na capela da Penha, uma dependência de Italaí, os negros querem que no Natal se coroe os seus imperadores e imperatrizes do Rosário. (Leon Dehon, Mille lieues dans l’Amerique du Sud: Brésil, Uruguay, Argentine, (1909) Página 227-228).
Os brasileiros, muitos dos quais estão mais ou menos associados na realidade ao sangue índio e ao sangue negro, descendem dos portugueses de Portugal e dos portugueses das ilhas. Os Açores, a Madeira, o arquipélago de Cabo Verde, pequenas Lusitânias perdidas no Atlântico, somam, todos juntos, apenas 500.000 almas, mas emigram muito; emigram de tal maneira para o Brasil que o seu contributo para a formação da nação brasileira é quase predominante.
Dos Açores partiram em especial os primeiros colonos daquelas regiões que se tornaram os estados de Rio Grande do Sul e de Santa Catarina.
Com os Portugueses continentais ou das ilhas, aqueles anos que já têm mais de três séculos que foram a aurora do Brasil, chegou também um certo número de Judeus e de ciganos ou boémios, que exerciam o ofício de ferradores de cavalos…
São sobretudo os portugueses, uma raça viril e dura, que sustentam o Brasil; estes encontram aqui a sua língua e os seus costumes. Suportam o clima melhor do que os outros filhos da Europa: uma parte deles de facto provém de terras quentes como as ilhas de Cabo Verde, da Madeira e dos Açores, mas o maior número chega do Porto e provém de Portugal setentrional. Os portugueses que se estabelecem no Brasil são em média de dez a doze mil por ano. Os brasileiros acham-nos pesados e rudes; chamam-lhes de pé-de-chumbo, e atribuem a si mesmos, por contraste o epíteto de pé-de-cabra”. (Leon Dehon, Mille lieues dans l’Amerique du Sud: Brésil, Uruguay, Argentine, (1909) Ibidem, Página 235-237).