terça-feira, 29 de julho de 2014

Falar, escutar, servir


Memória de Marta, Maria e Lázaro
Estes três santos irmãos de Betânia eram amigos íntimos e hospitaleiros do Senhor Jesus.
Mas cada um tinha o seu jeito próprio de O amar:
Lázaro falava.
Maria escutava.
Marta servia.
Três pessoas diferentes, três expressões diferentes, mas um único amor.
E Jesus correspondia a esta tríplice forma de amar porque os amava de igual modo.

Ainda hoje, nós podemos amar a Deus falando com Ele, escutando-O ou servindo-O.
Não interessa tanto o que se faz, mas sim o amor com que o fazemos.



segunda-feira, 28 de julho de 2014

Sementes de humildade

2ª feira - XVII Semana Comum

Tanto a primeira como a segunda leitura falam em parábolas:
da faixa à cintura de Jeremias ou do grão de mostarda e do fermente na massa.
Tanto a primeira como a segunda leitura falam da falta de humildade (orgulho e soberba) e da afirmação da humildade como semente ou fermento.

Sementes de humildade:
1ª - A humildade é algo diminuto, quase uma insignificância... como uma semente de mostarda, a menor das sementes ou como uma pequena medida de fermento.
2ª - A humildade está disfarçada e é discreta. Tal como um grão de mostarda pode ser confundido com um grão de areia fina ou uma medida de fermento confundir-se com a massa ou o fermento em pó com a farinha. A humildade passa despercebida.
3ª - A humildade parece esconder-se. Tal como a semente é escondida na terra ou o fermento sepultado na massa. 
4ª - A humildade faz crescer os outros. Tal como a semente que faz germinar uma planta, tal como o fermento faz levedar a massa, assim a humildade valoriza tudo e todos.
5ª - A humildade deixa-se morrer, dá a vida ao serviço dos outros. O grão desaparece ao fazer crescer uma planta. O fermento morrer depois de cumprir o seu dever. 

domingo, 27 de julho de 2014

Coração de oiro

Ano A - XVII Domingo Comum

Em geral a Palavra de Deus dá-nos resposta às perguntas que nós fazemos.
Hoje invertem-se os papéis: É a palavra a formular a pergunta e nós é que devemos encontrar resposta.
É o caso de Salomão. Deus diz-lhe que faça um pedido, pois está disposto a responder...
E Salomão pede-lhe um coração inteligente...
E nós? Que podemos pedir a Deus? Tal como Salomão não peçamos nem saúde, nem lnga vida, nem riquezas, nem vitórias, nem felicidade, mas apenas um coração...
Que coração?

Um dia encontrei um aluno do primeiro ano que desenhava corações em todos os lugares e com tudo o que encontrava. Nos cadernos, livros, quadro, paredes, chão, carteiras.... era só corações...
Chamei-o à parte disse-lhe que em vez de desenhar (pois já tinha mostrado a todos de que era um bom desenhador) que escrevesse a palavra coração... e assim toda a gente ficaria a saber que também já sabia escrever. Ele aceitou e começou a escrever... a palavra coração, mas eu abanei a cabeça e apontei para um erro: CORASÃO. Disse-lhe que não era assim... que pensasse bem. Então ele perguntou se era com dois esses... Eu fiquei sem saber que responder e disse-lhe:
- De facto a palavra coração escreve-se não com um, nem com dois, mas com três esses. Escreve-se com um S de Sábio, com um S de Santo e com um S de Simples. Continua a desenhar em vez de escrever, mas nunca te esqueças dos três esses.

Foi o que agradou a Deus no pedido de Salomão.
Saibamos também pedir um coração com três esses: um coração Sábio (inteligente e compreensivo), um coração Santo (íntegro) e um coração Simples (humilde).

Este deve ser o nosso melhor pedido, o nosso tesouro ou a nossa pérola mais preciosa que devemos procurar.
E não há lugar para Deus? Ele é que deve ser o nosso tesouro.
Sim, se nós tivermos um coração sábio, santo e simples iremos descobrir no íntimo desse coração a presença de Deus, pois um coração de oiro é um coração com Deus.

Um dia alguém queria comprar um coração de oiro e entrou numa ourivesaria. Fez o seu pedido, mas não havia lá nenhum coração de oiro para colocar num colar. Foi procurar noutra loja e também não encontrou... Mas onde poderia encontrar um coração de oiro?
Até que alguém lhe respondeu:
- Não encontrará em nenhuma ourivesaria... Hoje em dia, esse tipo de coração só se encontra num antiquário.

Nós podemos andar à procura de uma pérola mais preciosa que é um coração de oiro.
Sabemos onde encontrá-lo: no nosso peito.
Peçamos a Deus que nos dê um coração assim e tudo o resto nos será dado por acréscimo.

quinta-feira, 24 de julho de 2014

Felizes os que veem


5ª Feira - XVI Semana Comum

Duas mensagens:

da 1ª Leitura
Este povo cometeu dois pecados - Abandonou-me como fonte de água viva e cavou poços que não têm água.
É um pecado contra Deus abandoná-lo.
É um pecado contra si mesmo trabalhar inutilmente.
Olhemos para nós e vejamos em que fonte buscamos a água da felicidade e da santidade. Vejamos se estamos a trabalhar inutilmente, se abandonamos aquele que só ele nos pode dar o que precisamos.

da 2º leitura:
Felizes os vossos olhos porque veem... pois muitos quiseram ver e não viram...
Não viram porquê?
Porque para ver uma pessoa perfeita é preciso olhar de maneira perfeita e para ver de maneira perfeita é necessário olhar para uma pessoa perfeita.
Jesus é essa pessoa perfeita para quem nós devemos olhar e ensinou-nos a maneira perfeita de o fazer.
Aprendamos a olhar do seu jeito e contemplaremos o seu rosto e seremos perfeitos como ele é perfeito.

Lições dos Pássaros (IV)

IV
Agora que vos pintei num quadro completo os graciosos educadores formados pelo Autor da natureza, fizestes entre eles a escolha dos vossos modelos?
            Ah! a vossa escolha com certeza não é exclusiva. Quereis formar um ideal de todas estas virtudes variadas que passaram perante os vossos olhos. A dignidade e a bondade, a atividade e a amabilidade, a piedade, a delicadeza e a dedicação, todas estas qualidades variadas quereis reuni-las na educação como a abelha junta o perfume das flores.
            Não disse o poeta a propósito da educação de uma criança: “Eu formava esta jovem alma como a abelha fabrica o seu mel.”?
            Quereis rejeitar todos os procedimentos da má educação. Ah! Negligenciar a educação dos vossos filhos será preparar a sua infelicidade e a vossa, será prestar a vós mesmos e à pátria o pior serviço.
            Conheceis a história de Dionísio o rei tirano da Sicília? Certo dia, fez prisioneiro o filho de Dion, seu inimigo. Pensais que o entregou à morte? Nada disso. Mais cruel do que isso confiou-o a educadores encarregados de o corromper, deixando-o viver segundo as suas paixões e os seus caprichos, e quando este jovem se tornou escravo dos seus sentidos e das suas cobiças devolveu-o ao seu pai. O pai, desolado, tentou confiá-lo a mestres cheios de sabedoria, mas foi impossível reformá-lo, de modo que acabou por se tornar o desgosto da sua família e da sua pátria.
            Assim fazem sem hesitar aqueles que, iludidos por vãs teorias querem dar à França uma juventude sem Deus.
            Quereis colocar ao serviço dos vossos filhos toda a vossa atividade e a vossa prevenção, e lucrareis quando isso for possível como o chapim. A prevenção é a força das famílias tal como das nações. Mas a prevenção completa, não esquece as provisões espirituais.
            Dispor de poupança, é bom, mas juntamente com a virtude e a fé. Como para as nações, são necessários arsenais com certeza e armazéns de víveres, mas é indispensável sobretudo a força moral que dá a coragem e a intrepidez na luta. O armazém onde se guarda esta força é a igreja, é a escola cristã, é o círculo católico, são as associações cristãs. De nada serviria a uma nação possuir homens e armas, se estes homens já não derem ouvidos ao ministro de Deus quando diz que um cristão não teme a morte, que o amor à pátria é sagrado como o da família, e que os soldados cristãos que morrem como bravos vão para o céu.
            Quereis também ser delicados como estes pequenos seres que vos descrevemos, tereis cuidado com as leituras e as companhias dos vossos filhos, elevareis as suas almas tanto quanto puderdes em direção ao ideal. Sabereis lembrar-lhes frequentemente que a honra e a virtude estão acima das riquezas materiais, como aquela nobre viúva da Vandeia da qual se contou há pouco tempo que querendo premiar o seu sobrinho, jovem estudante muito merecedor, lhe apresentou numa das mãos um escudo e na outra uma cruz de São Luís que o seu avô usara na batalha de Quiberon, cuja fita estava ainda manchada pelo seu sangue. Dizia-lhe: escolhe entre possuir este escudo, ou abraçar esta cruz. E o rapaz superando a avidez da sua idade e enxugando uma lágrima ao ver aquela cruz gloriosa escolhia aquela relíquia da honra. O poeta exprimia o mesmo pensamento, quando dizia a um jovem para o levar à virtude: oh a cruz do teu pai está aí a olhar para ti, a cruz do velho soldado morto na velha guarda!
            A Igreja vos incentiva a serdes educadores nobres, dedicados e delicados. É o seu ensinamento quotidiano. Eis um caso que não vos deixará indiferentes. Conta-se que Monsenhor Datilly, outrora bispo de Orange, passeando um dia na cidade episcopal, ouviu no fundo de uma loja gritos de criança, e que entrou para pegar neste pequeno ser, cuja mãe se encontrava ausente. Quando a mãe regressou, ela ficou surpreendida. Diz-lhe ele afavelmente: Senhora, tenha muito cuidado com esta criança; quando chegar à idade da razão, inspire-lhe o amor e o temor de Deus, uma vez que só isso pode fazer a sua felicidade e a dela.
            O nosso venerado prelado, reverendo Mathieu, dá-vos a mesma lição e pede-vos que a aprendais, protegendo em São Quintino todas as obras de educação cristã e da juventude. Eu lhe agradeço em vosso nome.
            Prestai então todos os vossos cuidados à educação dos vossos queridos filhos, mas não vos esqueçais de os edificar ao mesmo tempo que os instruís. O exemplo vale mais ainda do que o conselho. Lembrai-vos do provérbio francês, que diz a respeito da educação: “A lição é que começa, mas o exemplo é que acaba.”

quarta-feira, 23 de julho de 2014

Segredos de Deus

Hoje celebramos uma das padroeiras da Europa: Santa Brígida.

1ª Mensagem
Na oração do dia agradecemos a Deus ter revelado a Santa Brígida os segredos de céu.
Quem é amigo partilha sempre os seus segredos.
Tal acontece também com Deus e os seus amigos.
Quais foram os segredos do céu revelados a Santa Brígida?
Para além de tantas manifestações, o número de chagas sofridas por Jesus na sua paixão e outros desígnios, podemos acompanhar este segredo:
Palavras de Jesus a Santa Brígida:
O castelo de que te falei é a Santa Igreja, construída com o meu sangue, cimentada com a minha caridade; nela coloquei os meus eleitos e amigos. O seu fundamento é a fé...
Não escondas nenhum pecado, não deixes nenhum por penitenciar, nem consideres nenhum ligeiro. 
Não há homem algum que seja tão pecador que o seu pecado não seja perdoado, se o pedir com o propósito de se emendar com contrição sincera...

2ª Mensagem
Sem mim nada podeis fazer, disse Jesus no Evangelho de hoje. 
A vida de Santa Brígida foi o reflexo desta verdade.
Moisés disse a Deus:
- Quem sou eu ara ter semelhante missão? Eu não sei falar....
E Deus respondeu:
- Eu estarei contigo...
O que realmente conta não é quem somos, mas com quem estamos ou com quem vamos...
Santa Brígida fez o que fez não por ser quem era, mas por estar com quem estava... com Deus.

Lições dos Pássaros (III)

III
            Outros pássaros completarão seguidamente a lição, mas antes de ir mais longe, afastemos primeiro as sombras ou o fundo negro do quadro; as partes a realçar sobressairão melhor.
            A Providência gosta destes contrastes, ela coloca ao lado do modelo o contraste que o põe em realce.
            O fundo negro são alguns grupos de pássaros tão defeituosos como também educadores e viciosos em alguns aspetos.
            Citarei quatro espécies: as aves de rapina, as aves nocturnas, a preguiçosa avestruz e o vaidoso pavão.
            As aves de rapina, como o abutre e o falcão têm um aspeto duro e cruel; entregam-se à caça, mas somente alguns momentos a meio do dia.
            Pois bem, são desprezíveis tanto pela educação que dão às suas crias como pelos seus hábitos. Têm quase sempre o costume desnaturado de atirar os seus filhos para fora do ninho mais cedo que todos os outros pássaros, e quando eles ainda precisam de cuidados e de ajuda para a sua subsistência. A natureza dos filhos ressente-se da educação e dos exemplos que recebem. Quando são um pouco mais crescidos, não param de se guerrear e de disputar uns aos outros o alimento e o lugar no ninho, de maneira que muitas vezes o pai e a mãe intervêm e os matam, batendo-lhes para acabar a luta. Não há aqui nada porventura que se assemelhe às vossas famílias? Mas não encontraremos por aí famílias cuja vida lembra este triste quadro?
            As aves noturnas, como o mocho, a coruja, a coruja das torres caracterizam-se pelo seu gosto pela rapina. Vão roubar os ovos e as provisões dos outros pássaros. Pássaros sacrílegos, entram nas igrejas rurais, para beber o azeite da lâmpada do Santíssimo.
            Pois bem, estas aves amigas da rapina e do roubo são detestáveis educadoras. Põem os seus ovos à vista nos buracos das muralhas ou sobre as traves. Não colocam nem erva nem folhas para os receber, não se dão à maçada de fazer um ninho. Reconheceis nas nossas famílias de vagabundos cujos filhos, privados de qualquer educação, seguem os tristes exemplos dos seus pais?
            A avestruz é uma ave preguiçosa e estúpida. É referida na Sagrada Escritura pela dureza para com os seus filhos. De facto não lhes presta qualquer cuidado depois do seu nascimento. As suas crias ficam abandonadas, privadas de qualquer educação e de quaisquer benefícios da sociedade; deste modo ficam estúpidas como o seu pai e sua mãe.
            Não se encontrarão também entre os homens, famílias em que a preguiça e a apatia provocam a estupidez e a grosseria?
            O pavão é o símbolo da vaidade e do orgulho. A sua vida é mostrar-se. Julga-se o rei da capoeira e não poupa bicadas. Pois bem, ele abandona muito cedo os seus filhos para se ocupar em mostrar-se e eles imitando o que viram tornam-se cedo vaidosos e guerreiam. Não haverá muitos pavões nas nossas cidades?
            Mas chegamos ao grupo gracioso dos modelos. Aqui tudo é amável e é só escolher.
            Distingo cinco espécies: aqueles que são nobres e valorosos, os que são ternos e bons, os que são ativos e previdentes, os que são amáveis e amigos do homem, depois os artistas, os delicados, os místicos e sentimentais.
            A águia é a rainha dos ares, é o símbolo do poder. É nobre, grande, corajosa, infatigável. Pois bem, sabe ser boa para com os seus aguiotos. Cuida deles, alimenta-os com dedicação. Estes são ternos e sossegados. A águia condu-los à caça e ensina-lhes a caçar e não os obriga a afastar-se senão quando são bastante fortes para dispensar qualquer ajuda.
Parece-vos que este aspeto seja de menosprezar?
            Vêm agora os corifeus da ternura e da bondade, a pomba e a perdiz. A dedicação da pomba à sua ninhada é tão grande, tão constante, que a vemos sofrer os maiores incómodos e as dores mais cruéis antes que a abandonar; há uma ou outra, cujas patas gelam e caem, porque o seu ninho estava demasiado perto da janela do seu aviário e que, apesar deste sofrimento, acompanha a sua ninhada até que os seus filhos saiam da casca.
            O pai, enquanto a mãe está no choco, não se afasta dela, e quando ela pressionada pela fome ela deixa os seus ovos para ir ao comedouro, o pai a quem chamou por meio de um pequeno arrulho, toma o seu lugar e choca os ovos. Ele faz isso duas vezes por dia e durante duas ou três horas de cada vez.
            Entre as perdizes, o pai partilha com a mãe o cuidado de ensinar os filhos. Acompanham os dois, chamam-nos constantemente, encontram-lhes o alimento de que precisam e ensinam-lhes a procurar esgravatando a terra.
            Não é raro vê-los acocorados, aquecendo juntos os seus filhotes cujas cabeças saem de todos os lados com uns olhos muito vivos.
            Vimo-los acudir, batendo as asas sobre o cão que ameaça os seus filhos, que tanto amor paternal inspira a coragem aos animais mais medrosos. Por vezes este amor paternal inspira-lhes uma espécie de prudência e de meios apropriados para salvar a sua ninhada. O pai foge pesadamente e arrastando a asa como para atrair o inimigo, correndo bastante para não ser apanhado, mas não o suficiente para desencorajar o predador, dando tempo para que a mãe leve os filhos para mais longe sem que o caçador perceba o mínimo ruído.
            Que belos exemplos! Ah! se em todas as famílias o pai e a mãe tivessem o mesmo cuidado com a vida temporal dos seus filhos e com a sua vida moral e espiritual.
            Mas eis um outro modelo, maravilha de atividade e de previdência, é o chapim, hóspede gracioso das nossas florestas. O chapim está constantemente em ação, sempre em movimento. É ele, entre os pássaros aquele que cria a família mais numerosa. Trabalha sem descanso de manhã à noite.
            Todas as comidas lhe agradam, sementes, ervas, insectos. Constrói um ninho muito grande para a sua pequena estatura. Guarnece-o abundantemente com ervas miúdas, musgos, algodão, lã, penas, penugem, tudo o que encontra. Tem uma coragem intrépida, e uma atividade incansável. E, o que é raro entre os pássaros, não se preocupa somente com a necessidade presente, mas conhece a época e tem sempre na proximidade do seu ninho esconderijos cheios de provisões; é um pequeno capitalista. Utilizará a “caixa de previdência” quando esta for instituída entre os pássaros.
            Há um grupo particularmente amável, o dos amigos dos homens: Vede a andorinha. Ela não se diverte senão connosco. Faz o seu ninho nas nossas janelas, e nunca nos bosques. Procura de preferência a casa do pobre como para lhe pregar com insistência a confiança na Providência. Como é ativa e abnegada também ela para com os seus filhos! Constrói bem cedo o seu ninho com um duro cimento que traz por debaixo da asa. Não precisa mais do que oito dias e, coisa digna de registo e única, a andorinha é ajudada para isso por muitos companheiros. É a sociedade de socorro mútuo entre os pássaros.
            Uma outra amiga do homem, é a pastorinha, pássaro que acompanha as nossas ovelhas e os nossos cordeiros, a alegria, a distração dos humildes pastores e, por vezes, a mais-valia do rebanho, porque avisa com os seus gritos a proximidade do lobo e da ave de rapina. Faz o seu ninho nas fendas e dá aos seus filhos o exemplo desta dedicação ao homem.
            Que delicioso símbolo dos piedosos visitadores que levam consolação aos pequenos e aos pobres.
            Seguem-se agora os artistas, os cantores piedosos ou profanos. Apresento-vos a toutinegra sempre alegre, viva, atenta e ligeira. É a mais amável hóspede dos nossos bosques. Como dá aos seus filhotes o exemplo de dedicação ao homem! Não parece possuir um coração humano? Nas nossas gaiolas a sua voz afetuosa, os seus pequenos pios e o seu bater de asas exprimem a diligência e o reconhecimento. Os seus filhos são excelentes alunos. Se estão em condições de ouvir o rouxinol aperfeiçoam o seu canto e competem com o seu mestre.
            O melro também é um dos nossos alegres amigos. Ele canta para nos distrair. Tem o sentimento paternal muito desenvolvido e se alguém tenta atacar-lhe a ninhada, vai direito aos olhos do agressor para o cegar às bicadas.
            O amável pintassilgo é um pai de família exemplar. É de uma assiduidade irrepreensível no cumprimento dos seus deveres de chefe de família. Ajuda a mãe a construir o ninho. Bom trabalhador, leva regularmente o alimento ao lar quer durante o choco, quer durante a educação dos filhos.
            A pega, também ela alegre tagarela, não é uma madrasta. Constrói um ninho sólido com madeira e argamassa, esconde-o num emaranhado que é uma verdadeira construção de ramagens e reveste-o com uma camada macia e quente. Está sempre de olho aberto à volta da sua ninhada e defende-a se for preciso, contra a gralha, o falcão e até a águia. Educa os seus filhotes com solicitude e presta-lhes por muito tempo os seus cuidados. Que belos exemplos de trabalho e de dedicação nos quis dar o Criador.
            Vêm agora os pássaros mais delicados. O pássaro-mosca é a joia da criação. É gracioso, rápido, elegante. A esmeralda, o rubi e o topázio brilham nas suas asas. Vive sobre as flores, alimenta-se do seu néctar e só habita nos climas em que as flores não cessam de se renovar; o seu corpo é pequenino como o de uma abelha. Pendura o seu pequeno ninho numa folha de laranjeira. Este ninho é rijamente tecido com fio de algodão e de penugem macia; é delicado e polido como a pele de uma luva. A progenitora para alimentar os seus filhos, dá-lhes a sugar a sua língua toda adoçada com o suco tirado das flores. Nunca se os pôde criar em cativeiro, uma vez que não se encontra nada tão delicioso para os alimentar. O colibri não é menos gracioso. Um missionário da América chegou a criar alguns alimentando-os com uma papa feita de biscoitos e de vinho de Espanha. Eles ouviam a sua voz e vinham imediatamente pousar sobre o seu dedo para receber a sua saborosa refeição.
            A ave-do-paraíso apresenta-se vestida de seda, de veludo e de luminosidades. Alimenta os seus filhos com plantas aromáticas e orvalhos. Procuremos delicadamente nós também os alimentos espirituais das nossas crianças, velando para que tudo o que oiçam ou leiam seja puro, elevado e apto para fazer delas homens de fé e homens de bem.
            Eis finalmente aqueles que se podem chamar místicos e sentimentais. A cotovia é um pássaro eminentemente francês. Os antigos Romanos tinham-na por originária da Gália. Ela é fina, viva, espiritual, divertida. É alegre e naturalmente religiosa; o seu canto foi sempre visto como uma oração. É generosa e dedicada. Se se colocar uma jovem cotovia junto de uma ninhada cativa, ela aproxima-se com afeto desses órfãos, põe-se a cuidar deles, aquece-os com as suas asas, alimenta-os e esquece-se de si mesma por amor deles.
            O pisco tem de verdade o instinto de dedicação. Ele afeiçoa-se ao homem a ponto de parecer possuir uma alma sensível. Para nos agradar aprende a cantar, a falar, a dar às suas frases uma entoação penetrante. Vemo-los reconhecer passado um ano a pessoa que os criou. Alguns, obrigados a deixar o seu criador, deixaram-se morrer de pena.
            Numa ninhada de órfãos, viu-se os mais velhos, que já sabiam comer sozinhos, alimentar o mais novo que ainda não sabia.
            O pelicano é, sabeis com certeza, o símbolo do sacrifício. Priva-se dos seus alimentos e retira-os do saco de reserva que possui debaixo do bico, para alimentar os seus filhotes, o que leva a dizer que os alimenta com o seu sangue. A sua dedicação chega até ao sacrifício e ao heroísmo.

terça-feira, 22 de julho de 2014

O Amor é o 1º a falar


Memória de Santa Maria Madalena

Na oração inicial da Missa rezamos o que relata o Evangelho de hoje:

Deus quis que Maria Madalena fosse a primeira a receber a missão de anunciar a alegria pascal.

Isto porquê?
Por ser mulher?
Por ser chorona?
Por ter a língua afiada?
Por ser notívaga?
Nada disto!
Ela foi a primeira a se aproximar, a primeira a ver, a primeira a falar, a primeira a fazer caminhar, a primeira a fazer falar... porque foi a primeira a amar.
O amor e a misericórdia têm sempre o primeiro lugar.
O amor é sempre o primeiro a ver, a aproximar-se a falar, a compreender e a receber uma missão.
Maria Madalena que tanto amou o Senhor... não foi ela a primeira a chegar, foi sim o amor...
Ainda hoje o amor é sempre o primeiro a chegar, o primeiro a ver, o primeiro a compreender e o primeiro a falar.

Um grande escritor, filósofo e pedagogo muito recentemente falecido, Rubem Alves dizia mais ou menos isto: Um coração não precisa de agenda, nem de calendário, nem de apontamentos para se lembrar, para ver, fazer ou assumir as suas responsabilidades.
De facto, eu costumo dizer que prefiro ter um lápis pequeno do que uma memória grande... mas tenho então de me corrigir: O que eu preciso é ter um grande coração para não precisar de agenda, nem de calendários nem horários, nem lembretes...
Basta ter coração para ver, falar e cumprir!

Lição dos Pássaros (I-II)


Está a decorrer de 21 a 24 de julho em Valência (Espanha) o III Encontro Internacional de Educadores Dehonianos.
SINT UNUM é o tema central, inspirado na Proposta Educativa Dehoniana.
Como subsídio para inspirar a nossa ação educativa na prática e ensino do Pe. Dehon, partilho a tradução de uma conferência que ele deu em 1888 numa reunião da Sociedade São Vicente Xavier, conforme guardamos no Arquivo Dehoniano, caixa 7/3.D. Inventário 43.04.
A divisão e numeração em 4 partes é da nossa responsabilidade. Aqui vão as 2 primeiras:

ACERCA DA EDUCAÇÃO
I
            Como são boas e amáveis as nossas reuniões cristãs, não é verdade?
            É precisamente aqui que reina a verdadeira fraternidade. Temos sobre tantas questões os mesmos pontos de vista e os mesmos sentimentos. Por isso, quando me foi pedido que vos falasse, uma quantidade de temas apresentaram-se ao mesmo tempo ao meu espírito.
            Eu podia falar-vos da Igreja, do papado, conduzir-vos em espírito a Roma, mostrar-vos lá uma das belas cenas do reino de Cristo: todos os soberanos do mundo inclinados respeitosa e piedosamente na pessoa dos seus representantes diante da majestade do vigário de Jesus Cristo; as ofertas de todas as nações, ouro, objetos de arte, trabalhos singelos, apresentados como o mais majestoso tributo que a terra jamais ofereceu ao céu e, entre esses troféus, os presentes de São Quintino ocupando um lugar de honra graças, à iniciativa do Reverendo Mathieu; e ainda, as multidões entusiastas de 30 e 40.000 peregrinos reunidos na esplêndida basílica de São Pedro e aclamando o sumo, tanto mais pontífice que não era visto desde há 18 anos a presidir às festas de Roma cristã.
            Diante deste quadro teríeis exclamado todos “ah! quem nos dera estarmos lá para unir os nossos vivas aos daqueles nossos amigos!
            Poderia falar-vos da França, repetir-vos como ela ainda é bela, apesar dos seus sofrimentos, como é boa, amável; seria ela rejeitada, se não permanecesse a primeira pela vivacidade do seu espírito, pela generosidade do seu coração e até pela predileção da Igreja, da Virgem Imaculada, predileção manifestada cada dia pelos favores alcançados em Lourdes e em Montmartre.
            Poderia falar-vos de um tema ainda mais sensível, do trabalhador cristão, dos dias de alegria e de honra que os trabalhadores cristãos podem esperar num futuro próximo. A aurora desses belos dias surge-nos na grande obra dos Círculos, obra eminentemente francesa que encontrou a solução do problema social, na Corporação cristã e que manifestou uma vez mais ultimamente aos olhos do mundo uma vez mais o ardor cavaleiresco dos franceses, levando todos os peregrinos aos pés de Leão XIII.
            Mas há um tema ainda mais terno, objeto mais tocante, senão mesmo maior do nosso afeto do que a Igreja, a França e nós próprios. Qual será ele? Quem são esses tão queridos? Os vossos filhos; os vossos filhos que vós e eu próprio desejamos tanto mais dotados de qualidades e de virtudes que sejam ao mesmo tempo que objeto da nossa ternura, a esperança da França e da Igreja.

II
            Falarei então dos vossos filhos e da educação a dar-lhes e creio fazê-lo como verdadeiro cristão e como verdadeiro francês, se pedir ao Autor da natureza que lições de educação que nos dá por meio dos seres cujo instinto dirige, e se pedir de empréstimo o método do bom e interessante La Fontaine, glória do Parnaso francês e honra do nosso departamento.
            O Criador que nos deu por meio dos animais lições de virtudes, mostrando-nos o símbolo da coragem no leão, da temperança na corça do deserto, da previdência na formiga, do trabalho e da disciplina na abelha, da ordem social na cidade do castor, ensinou-nos sobretudo a arte da educação através do exemplo dos pássaros.
            Que amáveis e graciosos mestres! São os hóspedes do nosso céu. São as flores e a harmonia do ar e o símbolo dos anjos.
            Que dons invejáveis recebeu a maioria deles! Possuem um olhar que domina uma província inteira, uma voz que envergonha os nossos concertos, uma agilidade que desafia até os nossos carros de fogo.
            Enfim! Não poderão eles até envergonhar-nos da nossa indiferença para com o Criador, quando festejam com tanta devoção com seus cantos o surgir da aurora e o cair da noite?
            Eles são artistas, arquitetos, músicos, grandes viajantes; tanto nobres e distintos, como suaves e amáveis, delicados, prevenidos, ativos, generosos, dedicados; eles são muitas vezes, como vereis, admiráveis educadores.
            Mas em primeiro lugar quero provar a minha tese com um testemunho divino. Recordais os termos em que Jesus reprovava a ingrata Jerusalém por não ter aproveitado os seus ensinamentos? “Eu quis, dizia ele, reunir os teus filhos como a galinha reúne os seus pintainhos sob as asas”. Vede, o tipo acabado da dedicação na educação, para Jesus, é a humilde galinha das nossas quintas e dos nossos galinheiros.
            Já vistes com certeza em ação, que cuidados atentos para que nada falte aos seus pintainhos! Vai de um a outro, chama-os com os seus cacarejos dolentes; esgaravata a terra ou a erva para aí escolher o alimento que lhes convém, priva-se dele em benefício deles. Aquece-os e protege-os; é feliz por vê-los divertir-se à sua volta; e, se a ave de rapina os ameaça, torna-se corajosa, corre, voa diante dela, espanta-a com os seus gritos agudos e com o seu bater de asas.
            Entrega-se a estes ternos cuidados com tanto ardor e desvelo que a sua compleição parece alterar-se. As suas inflexões de voz expressivas e os seus movimentos ágeis e rápidos têm todos um tom de solicitude e de afeto maternais.

(continua)

domingo, 20 de julho de 2014

H B C

Ano A - XVI Domingo Comum

3 letras - H B C
3 Palavras - Humildade Bondade Confiança
3 Mensagens

1ª H de Humildade
Ao pregar sobre a parábola do trigo e do joio, tinha na mão um facho de espigas de trigo. Alguém da assembleia levantou a mão para me perguntar:
- E onde está o joio?
- Está aqui, aí e ali...respondei apontando para mim, ara ele e para os outros.
De facto é preciso humildade para reconhecer em nós o joio ou as ervas daninhas.
Quem não é capaz de reconhecer e identificar em si mesmo esse joio não será capaz de melhorar e corrigir a sua vida.
Peço essa humildade, pois eu sou também joio.

2ª B de Bondade
É preciso também identificar o trigo ou as coisas boas...
Um dia um padre chamou o sacristão e deu-lhe um raspanete à frente da assembleia pois tinha deixado uma vela apagada... que falta de responsabilidade e de profissionalismo... E o sacristão respondeu muito simplesmente:
- O sr. padre só vê a velha apagada... eu estou a ver 9 velas acesas...
Quanto mais vermos, identificarmos e guardarmos no nosso coração as coisas boas, mais vontade teremos de as praticarmos...
Porque é que só temos olhos, dedos e língua para identificar o que de menos bom existe?
É preciso valorizar o trigo bom,o bem que Deus semeou na nossa vida.

3ª C de confiança
Depois de olharmos para o joio e para o trigo bom, é preciso olhar para Deus com confiança. Se Ele foi capaz de transformar a água em vinho, não poderá transformar o joio em trigo bom? 
Não podemos pôr limites à Providência divina. 
Ponhamo-nos nas mãos de Deus e Ele converterá o mal que em nós existe em bem que espera de nós.

quinta-feira, 17 de julho de 2014

Na rota do martírio


Ao celebrar a memória dos mártires Inácio de Azevedo e companheiros, fico a pensar que a ilha da Madeira está na rota do martírio e da santidade de muita gente. Neste caso foram 40 os que deixando a Madeira foram logo perseguidos e martirizados por calvinistas no alto mar. Daqui partiram para o martírio… e esta ilha ficou para sempre na rota da coragem, do martírio e da santidade.
Olhando para a história, podemos concluir que esta é uma realidade constante ao longo dos 500 anos da diocese.
Primeiro foi Frei Pedro da Guarda, que vindo de longe, aqui se santificou…
Depois foi a Irmã Brites da Paixão, aqui nascida e aqui consagrada a uma vida de santidade.
Depois veio de longe, da Índia com escala em Inglaterra, Mary Jane Wilson… Aqui trilhou o caminho da caridade, da dedicação, da consagração e da santidade. Veio para ficar neste trampolim de santificação e daqui enviou tantas vitorianas pelo mundo inteiro.
Mais tarde foi a vez do Beato Carlos, Imperador da Áustria. Por contratempos e acasos da vida veio parar a este pequeno torrão no Atlântico e aqui, como meteorito fugaz, fez brilhar a sua vida de paz e de santidade num novo reino.
Seguiu-se a Madre Virgínia que aqui nasceu, se consagrou e se santificou. A sua mensagem espalhou-se pelo mundo fora onde se venera o Coração Imaculado da Virgem Santa Maria.
E não ficamos apenas por estes ilustres filhos da Igreja.
A lista pode continuar com a Irmã Maria do Monte das Hospitaleiras do Coração de Jesus, da Irmã Imelda da Congregação de Nossa Senhora das Vitórias… para não falar da Imperatriz Zita ou do Santo Padre João Paulo II que também passou por aqui num rasto de santidade.
Nós estamos de facto numa terra abençoada.
A diocese do Funchal está na rota da Santidade, na rota do martírio, na rota das Bem-aventuranças.
A madeira converteu-se em cruz e aqui a cruz converteu a Madeira. E assim se santificaram tantos que nasceram, viveram ou passaram por aqui.
Nós, aqui na Madeira, estamos na estrada do céu, na travessia do paraíso, no caminho do martírio, na rota da santidade.

Um jugo suave


5ª feira - XV Semana Comum

O Jugo de Cristo é suave e a sua carga é leve:

- Porque é um jugo de amor e só o amor torna suave uma cruz e leve um jugo.

- Porque contrariamente às outras coisas, o jugo de Cristo não nos puxa para baixo (força de gravidade/peso), mas atrai-nos para cima, para o alto, para Deus.

- Porque ajudarmo-nos a uma carga para servirmos a Deus não é uma fardo, mas uma honra.

quarta-feira, 16 de julho de 2014

Viver por obediência


O Pe. Prévot, mestre de noviços, estava bastante doente, entre a vida e a morte.
Informaram o Pe. Dehon que logo se dirigiu para o local.
A comunidade encontrava-se toda reunida no corredor, pois o doente estava em fase terminal.
O Pe Dehon entrou na enfermaria onde estava o Pe. Prévot e lá esteve poucos minutos.
A presença do Fundador parecia comunicar vigor ao doente que ficou feliz por vê-lo e, sem mais explicações, pediu-lhe licença para morrer.
- Morrer? Morrer não, mas viver!
- Parece-me que o Senhor Deus me quer Consigo. Se ainda estou vivo é porque estava a aguardar que chegasse aqui e me desse autorização para morrer em paz.
- Pede antes a nossa Senhora a obediência de viver mais dez anos...
- Se Vossa Reverência ordena tal, eu pedirei sim.
Os dois padres recolheram-se em oração por breves momentos e depois o doente concluiu:
- Nossa Senhora deu-me os 10 anos que lhe pedi, em obediência ao meu Superior Geral. Ficarei curado.
De facto o Pe. Prévot viveu os 10 anos por obediência.
E Nossa Senhora deu-lhe ainda mais para além destes, porque uma mãe é sempre generosa.


terça-feira, 15 de julho de 2014

Remédio original


Estava uma vez o Pe. Prévot a pregar um retiro em Dussen na Alemanha. 
No terceiro dia interrompeu o serviço e voltou a casa, pois estava muito doente. 
O superior chamou o médico. 
- Há quanto tempo começou a sentir-se assim cansado e sem forças? 
- Talvez há 8 ou 10 dias.
- Porque é que foi pregar o retiro nesse estado? 
- Pensava que o cansaço passasse depressa. 
- Mas não viu que não passava, mas antes piorava? E continuou a pregar… Porquê? 
- Porque eu sentia que a pregação me dava um certo alívio. No entusiasmo da pregação sentia-me reconfortado e anestesiado, esquecendo assim o cansaço. 
- Mah! É a primeira vez que oiço falar de um remédio desse género. Nunca encontrei em nenhum Manual de Medicina ou de Farmácia que a pregação curasse uma fraqueza física. 
A ordem foi de repouso absoluto… é que remédio de um santo não quer dizer que seja um remédio santo!

segunda-feira, 14 de julho de 2014

Mais do que uma estátua


Quando o Pe. Fuzet, um dos párocos de quem o Pe. Prévot foi coadjutor, reparou que este ficava muito tempo ajoelhado na igreja a rezar, lamentou-se com muita simplicidade:
- Eu não preciso de estátuas para a minha igreja…
O Pe. Prévot não era uma estátua silenciosa no seu nicho, mas uma estátua viva e orante. 
Ninguém imaginava que essa “estátua” estava a fazer pela sua comunidade cristã muito mais do que todos os outros colaboradores tidos como mais ativos e dinâmicos. 
O seu superior podia vê-lo como uma estátua, mas o Pe. Prévot era muito mais do que isso. Embora silencioso dava eloquentes lições de oração. Estando embora de joelhos, ia ao encontro de todos os necessitados. Falando dos homens a Deus, estava a falar de Deus aos homens.
Quem dera que todas as comunidades tivessem “estátuas” assim.





sexta-feira, 11 de julho de 2014

Amar os semelhantes


- Senhor padre, estou muito dececionada com a vida. A partir de agora vou amar só os animais. Isto não é pecado, pois não?
- Não, minha filha. É precisamente isso que ensina a Palavra de Deus.
- A sério?
- Sim, sim. A Bíblia diz que devemos amar de todo o coração os nossos semelhantes…


As 3 brechas


São Bento apontou três brechas por onde o inimigo pode entrar no nosso coração. O combate espiritual acontece aí nesses lugares de maior fragilidade humana e espiritual. É nestas brechas que precisamos prestar maior vigilância.

Primeira brecha:  A COBIÇA
É a idolatria das coisas, por exemplo, fazer do dinheiro um deus. É o apego às coisas da terra.
São Bento coloca como símbolo desta brecha o porco, pois seu focinho está sempre ligado ao chão. Curioso observar no Evangelho que o filho pródigo, após ter gastado todos os seus bens, foi trabalhar no meio dos porcos.   
Nesta brecha a luta acontece na reorientação dos desejos. É preciso conquistar uma atitude de oblação, de generosidade, desapego.   É neste sentido que os religiosos fazem o voto de pobreza.  

Segunda brecha:  A VAIDADE
É a idolatria do outro como objeto de prazer. É a necessidade de ser reconhecido e amado distorcida, pois esquece da relação de fraternidade para com o próximo e pensa apenas em si mesmo. É fazer tudo só pelo interesse de ocupar o primeiro lugar, ser bem visto pelos outros, elogiado, ter estatuto, ser admirado. 
Aqui São Bento usa o símbolo do pavão.   É preciso reorientar esta necessidade natural e boa de ser reconhecido e amado.
Se na primeira brecha, a atitude de desapego era uma garantia de vitória, nesta segunda brecha é necessário perseguir a atitude da solidariedade, do diálogo, da comunhão com Deus e com próximo.
Para isso é fundamental a mansidão e a simplicidade.   É neste sentido, de reorientar todos os afetos para o serviço da comunhão, que os religiosos fazem voto de castidade.

Terceira brecha:  O ORGULHO
É querer dominar tudo para si. Ser um verdadeiro deus. É a idolatria de “si mesmo”.
Aqui São Bento ilustra com o símbolo da águia. O orgulho é a origem de todos os pecados. É pelo orgulho que o homem se separa de Deus e procura a sua independência.   
É necessário perseguir a virtude da humildade. Na luta espiritual, às vezes Deus nos dá a graça da humilhação como uma espécie de exercício para crescermos na humildade e vencermos a brecha do orgulho. Neste sentido os religiosos fazem o voto de obediência.


CF. Blog do Padre Joãozinho, SCJ

quinta-feira, 10 de julho de 2014

Uma túnica só


5ª Feira - XIV Semana Comum

Jesus enviou os seus discípulos, recomendando-lhes que não levassem duas, mas apenas uma túnica.

Porquê?

1. Porque Jesus envia-os como pessoas generosas = quem tem duas túnicas reparta com quem não tem nenhuma!

2. Porque Jesus envia-os como gente serviçal = Não têm uma túnica para trabalhar e outra para festejar… pois estão sempre ao serviço!


3. Porque Jesus envia-os como pessoas identificadas com Ele = Vão revestidos de Cristo, como veste branca do batismo, e Cristo é um só, não está dividido!

quarta-feira, 9 de julho de 2014

Contrato


4ª Feira - XIV Semana Comum

Jesus contrata 12 discípulos como apóstolos.

terça-feira, 8 de julho de 2014

A missão é grande


3ª Feira - XIV Semana Comum

Podemos selecionar 2 mensagens de cada uma das leituras de hoje.
Fixemos a primeira frase da primeira leitura e a última frase da última leitura.

1ª - Israel escolheu reis sem o meu consentimento e chefes sem me consultarem...,
O Pe. Dehon aconselhava a um seu amigo: que todos digam de ti - nada faz sem consultar a Deus.
E podemos consultar a Deus através da oração, da meditação da sua Palavra, estando atento aos apelos do mundo, sensíveis aos nossos irmãos, contemplando a beleza da criação.
Tantas maneiras de consular a Deus...

2ª - A messe é grande, mas os trabalhadores são poucos...
Se Jesus estivesse preocupado com a quantidade, diria hoje assim: A messe é cada vez menos, e os trabalhadores mais fracos...
De facto já não há multidões dispostas a seguí-lo. E os trabalhadores bem poucos.
Mas aquilo que Jesus pretende dizer ontem, hoje e sempre é: A missão é grande... e os trabalhadores indignos.
De facto a missão que Jesus nos dá é grande, o desafio é enorme, o ideal a que nos convoca é magnífica... E aqueles que são convocados só têm uma atitude: São indignos.
Pedi, portanto, ao Senhor da Missão: Senhor, eu não sou digno... mas dizei uma palavra e farei a minha parte.

domingo, 6 de julho de 2014

Aprender

Ano A - XIV Domingo Comum

Três verbos, três convites, três compromissos:

- Que estais cansados
- Vinde
- Aprendei

Primeiro: Quando estiverdes cansados
Se estou cansado, saturado, abatido, desanimado, em baixo, deprimido, adoentado... deixo logo de rezar, de ir à missa de meditar e de me aproximar de Deus e da Comunidade. Afasto-me porque estou cansado e fico ainda mais casado por me ter afastado.
Fazendo isto, faço precisamente o contrário do que quer Jesus.
Vós que estais cansados, eu vos aliviarei.
Só se liberta quem se aproximar de Deus e da Comunidade.

Segundo: Vinde
Quando estou aflito ou enrascado digo logo: Vinde Senhor em meu auxílio.
Peço que Deus me venha socorrer.
É precisamente o contrário do que espera Jesus.
Se precisas de ajuda, vem...
Se não somos socorridos é porque não vamos até ao ponto de socorro e de auxílio.

Terceiro: Aprendei
Jesus não me chamou para ensinar, mas para aprender. Não quer que sejamos mestres, mas sempre aprendizes, discípulos permanente.
Mesmo um pai não ensino o seu filho, mas aprende a ser pai com o seu filho.
Mesmo um professor não vai à escola para ensinar, mas para aprender. Se lhe faltar esta disposição nunca chegará a ser um bom professor, não aprenderá nada e não ensinará ninguém.
Jesus que que aprendamos não a falar, andar, curar, pregar, rezar como ele. Quer apenas que aprendamos a ser mansos, humildes e a ter coração como ele.
Mansos para os outros se aproximarem de nós.
Humildes para que nós nos aproximemos dos outros.
A ser coração para que todos tenhamos os mesmo sentimentos, um só coração e uma só alma.

quinta-feira, 3 de julho de 2014

Apóstolo do Coração de Jesus


Festa do Apóstolo de São Tomé

Se eu perguntasse qual é o Apóstolo do Coração de Jesus, com certeza que as respostas coincidiriam quase todas em São João. De facto foi ele quem inclinou a cabeça sobre o peito de Jesus na última Ceia e mais tarde testemunhou no Calvário a um dos soldados a trespassar o Coração de Jesus...

Mas para mim, o mais genuíno Apóstolo do Coração de Jesus é São Tomé. De facto foi ele quem quis primeiro olhar, ver e sentir o Coração trespassado de Cristo Ressuscitado. Foi a Ele que Jesus mostrou o seu coração, apresentando-o para que o tocasse.
Para São Tomé não lhe bastava ouvir, nem bastava ver. Ele queria tocar, sentir e entrar no lado aberto e ir até ao mais íntimo do Coração de Jesus.

Celebrar São Tomé é celebrar as primícias do Coração de Jesus.

Peçamos ao Senhor, através de São Tomé, que nos deixe tocar no Seu Coração, mas peçamos sobretudo que seja Ele a tocar no nosso coração.

quarta-feira, 2 de julho de 2014

Aproximar-se... afastar-se


4ª Feira - XIII Semana Comum

Dois endemoninhados aproximaram-se de Jesus
Os gadarenos pediram a Jesus que se retirasse do seu território.

A aproximação dos maus.
O afastamento dos bons.
A aproximação dos maus que queriam ser bons (libertar-se).
O afastamento dos que se julgavam bons.
Pior do que ser mau é julgar-se bom.

Jesus continua a atrair tudo e todos: bons e menos bons.
Ninguém, depois de se encontrar com Jesus, fica na mesma, tem de ser diferente, tem de melhorar.
Se não melhorar, fica pior.
Pior do que ser mau, é não querer melhorar.

Ou deixamos que Jesus expulse demónios que estão dentro de nós,
ou então nós expulsaremos a Jesus de dentro de nós.

Esta é a verdadeira expulsão dos vendilhões do templo.
Este templo somos nós, templo de Deus.
Expulsar os vendilhões é expulsar os demónios ou expulsar de tudo o que está a mais.

Aproximar-se de Deus é afastar-se do mal.
Aproximar-se do mal é afastar-se de Deus