quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Rezar com sabedoria


Fé e Ciência



1º Exemplo
Toda a gente sabe que o físico e matemático francês Ampère (1775-1836) era profundamente religioso.
- Meu Deus – rezava ele – agradeço-Vos por me terdes criado, redimido e iluminado com vossa divina luz.
O facto seguinte mostra-no-lo alimentando o fervor da sua fé com a oração e as práticas piedosas.
Quando o jovem estudante Ozanam (1813-1853) chegou a Paris não propriamente um incrédulo, mas a sua alma estava mais ou menos tocada por aquilo que se pode chamar crise de fé. Um dia Ozanam entrou numa igreja e viu ajoelhado a um canto, perto do sacrário, um homem, um idoso, que rezava piedosamente o seu terço. Aproximou-se e reconheceu-o. Era Ampère, o seu ideal, a ciência e o génio vivo!
Esta visão tocou-o até ao mais fundo da alma. Ajoelhou-se suavemente atrás do mestre; a oração e as lágrimas brotaram do seu coração; era a completa vitória da fé e do amor de DEUS.
Ozanam gostava depois de repetir:
- O terço de Ampère fez por mim mais que todos os livros, discursos ou pregações.
Aquando da última doença de Ampère, a religiosa que velava à sua cabeceira propôs-se ler algumas passagens da Imitação de Cristo.
- Não se incomode – respondeu ele – eu sei de cor.

2º Exemplo
Há quem pretenda colocar a ciência como inimiga da fé.
Por sua vez, o grande cientista e Nobel da química, Luís Pasteur (1822-1896) era um cristão fervoroso e não se envergonhava de declarar que “um pouco de ciência afasta-nos de Deus, muita nos aproxima...”
Tal pode confirmar-se com um facto ocorrido em 1892:
Um senhor de 70 anos viajava de comboio, quando um jovem universitário se sentou a seu lado e começou a ler o seu livro de ciência. O idoso, por sua vez, lia um livro de capa preta. Quando o jovem se percebeu que se tratava da Bíblia, sem muita cerimónia, interrompeu a leitura do vizinho e perguntou:
- O senhor ainda acredita neste livro cheio de fábulas e crendices?
- Sim, mas não é um livro de crendices. É a Palavra de Deus. Estou errado?
- Mas é claro que está! Creio que o senhor deveria estudar a História Universal. Veria que a Revolução Francesa, ocorrida há mais de 100 anos, mostrou a miopia da religião. Somente as pessoas sem cultura ainda creem que Deus tenha criado o mundo em seis dias, por exemplo. A ciência moderna nega tudo isso. O senhor deveria conhecer um pouco mais sobre o que os nossos cientistas pensam e dizem sobre tudo isso.
- É mesmo? E o que pensam e dizem os nossos cientistas sobre a Bíblia?
- Bem, respondeu o universitário, como vou descer na próxima estação, falta-me tempo agora, mas deixe-me o seu cartão que eu lhe enviarei o material pelo correio com a máxima urgência.
O idoso, cuidadosamente, abriu o bolso interno do fato e deu o seu cartão ao estudante universitário.
Quando o jovem leu o que estava escrito, saiu cabisbaixo, cheio de vergonha pela sua ousadia. No cartão estava escrito:
Professor Doutor Luís Pasteur
Diretor-Geral do Instituto de Pesquisas Científicas
da Universidade Nacional da França.

3º Exemplo
O estadista britânico Winstow Churchill (1874-1965) dizia:
- De tempos em tempos, os homens da ciência tropeçam na verdade, mas a maioria deles levanta-se e segue em frente como se nada tivesse acontecido.
Parece que Deus persegue os cientistas enquanto eles não querem ver.
Por isso mesmo o matemático e Nobel da Física Alberto Einstein (1879-1955) deixou escrito:
- A ciência sem a religião é aleijada; a religião sem a ciência é cega.
De facto a ciência não dispensa a fé, nem a fé invalida a ciência.
Fé e ciência são ambas um dom de Deus.



quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Rezar com humildade



Ensinar e aprender


4ª Feira - XXX Semana Comum

“Naquele tempo, Jesus dirigia-Se para Jerusalém e ensinava nas cidades e aldeias por onde passava.”

Na homilia da missa, proclamei bem alto ao povo que me escutava:
- É preciso fazer como Jesus. É preciso ensinar, dar testemunho sempre e em toda a parte, onde vivemos, convivemos, trabalhamos ou nos divertimos.
No final alguém veio ter comigo:
- Senhor padre, eu acho que a minha vocação não é pregar.
Mostrei-me surpreendido por aquela declaração e pedi-lhe mais explicações.
- É que você disse na missa que devemos ser como Jesus que ensinava nas cidades e aldeias por onde passava. Eu acho que a minha vocação não é ensinar, mas aprender. Eu quero aprender nas cidades e aldeias por onde passo…
- Bravo! Vês como ambos temos razão. Tu estás agora a ensinar-me uma grande coisa. Estás a ensinar-me que todos devemos aprender… Que devemos imitar primeiro o povo que ouvia e que aprendia com Jesus e ao mesmo tempo imitar o próprio Jesus que pregava e ensinava.

Qual é então a nossa vocação?
Ensinar ou aprender?
Imitar Jesus que pregava ou o povo que o escutava?
Com certeza a nossa missão é dupla: é ensinar e é aprender.

Só aprendemos ensinando e só ensinamos aprendendo.

terça-feira, 29 de outubro de 2013

Rezar com amor



Fermento


3ª Feira - XXX Semana Comum

Lições do fermento

1º O fermento não se intimida com o tamanho da massa.
O fermento está em desvantagem em comparação com as medidas de farinha, mas nem por isso deixa de cumprir a sua missão.
O desafio parece ser muito grande, talvez haja apenas um crente numa casa, mas não há que ter medo. O cristão está colocado na sua família, comunidade, trabalho, sociedade, região ou nação para ser fermento de Deus. Os cristãos serão poucos, mas serão sempre fermento; poucos, mas bons.

2º O fermento parece ser insignificante.
Parece que não vai surtir efeito na massa. Quem olha para o fermento não imagina a sua capacidade de fazer levedar a massa. Parece incapaz de por si só fazer qualquer coisa.
Um cristão talvez esteja a rezar por alguém, animando, convidando ou orientando para a igreja ou para Deus e parece que tudo isso não vai surtir efeito, mas vai sim, porque a obra é de Deus, porque a palavra de Deus não volta sem cumprir a sua missão.  

3º O fermento trabalha calmamente.
Hoje em dia existe o fermento químico que age instantaneamente, mas antigamente para fazer pão, o fermento tinha que ficar na massa várias horas ou até de um dia para o outro. O fermento trabalha calmamente, sem confusão, sem gritaria, sem barulho.
Normalmente o testemunho cristão vale mais que a pregação. Coerentemente as nossas atitudes devem corresponder com a nossa pregação. É preciso calma, discrição e interioridade.

4º O segredo do fermento é o calor.
Para que o fermento possa fazer levedar é preciso abafar a amassadura, protegê-la, aconchegá-la. É preciso criar um ambiente de aconchego, de amadurecimento, de calor ou de amor para que o fermento contagie toda a massa.
Sem amor nem aconchego ninguém pode ser fermento no seu meio.

5º O fermento torna leve a massa.
O pão ázimo é duro, pesado e deprimido. O fermento dá à massa agilidade e leveza. E depois de misturado não se separa nunca mais. Não se sabe onde está o fermento, mas vemos a sua ação na amassadura.
Assim um bom cristão na comunidade. A sua presença torna leve e livres todos os que estão à sua volta. Levedar é tornar leve, é fazer livre ou fazer libertar alguma coisa.

6º O fermento tem de ser espalhado.
Não basta colocar o fermento dentro do alguidar. É preciso misturá-lo bem com a farinha, fazer com que se espalhe por toda a parte. Fermento acumulado não serve para nada.
Os cristãos, como fermento da comunidade, não podem ficar fechados em si mesmos, mas devem dispersar-se, chegar a toda a parte… para que nenhuma periferia fique desfalcada da sua presença.

7º O martírio do fermento na massa.
Ao ser amassado com a farinha e água, o fermento passa por verdadeiros tormentos. É sovado, batido, esmagado, triturado. Mas se não passar por isso, não cumpre a sua missão.
Não pensemos que por sermos fermento tudo vai ser um mar de rosas. Virão lutas, provações, tribulações para nos amassar e pressionar, mas isso vai fazer crescer e levedar toda a massa.




segunda-feira, 28 de outubro de 2013

domingo, 27 de outubro de 2013

Fariseus e Publicanos

 
Ano C - XXX Domingo Comum
 
A) A parábola do fariseu e do publicano em oração pode ser resumida nestes termos:
Um homem foi rezar e mais não fez que bater palmas para si mesmo, pois achava-se superior a todos os demais.
Outro homem também foi rezar, mas não batia palmas, batia antes no peito em atitude de reconhecimento das suas limitações.
E nós? que fazemos das nossas mãos? batemos palmas para nós mesmos ou batemos no peito, pois podemos ser melhores?
 
B) A mesma parábola, mas inspirada nos nossos dias:
Um pai tinha 3 filhos e todas as noites, quando eles já estavam na cama, todos no mesmo quarto, costumava ir até lá... Lia-lhes meia página da Bíblia e depois rezavam juntos as orações da noite.
Um dia, vencidos pelo sono, dois deles adormeceram a meio das orações. O terceiro filho interrompeu a reza e disse ao pai:
- Vês?! Eles estão a dormir, enquanto eu continuo a rezar contigo.
O pai continuou sem se perturbar e no fim disse-lhe:
- Meu filho, é melhor dormir do que encher-se de orgulho e de vaidade.
Todos nós temos tentação de nos fazermos superiores aos outros.
Podemos começar por vencer essa tentação a começar pela oração, isto é, diante de nós. Se rezamos para nos encher de orgulho e de sentimentos de superioridade em relação aos demais, então é melhor dormir...
 
C) Quem se exalta será humilhado e quem se humilha será exaltado:
Um Professor de retórica convidou os seus alunos padres a concelebrarem solenemente no final de um semestre. E pediu um voluntário para presidir e pregar nessa ocasião. Imediatamente alguém se ofereceu:
- Eu faço isso, ou não fosse eu o melhor aluno, com as melhores notas em todas as disciplinas.
No dia combinado estavam todos reunidos. O voluntário presidia à eucaristia e no momento da pregação subiu ao púlpito cheio de orgulho e convencido de que este seria para si um momento de glória. Começou a pregar, mas as palavras não lhe saíam como desejava. Começou a tremer, a gaguejar, teve uma branca, atrapalhou-se... e não teve outro remédio que retirar-se desculpando-se de que a sua voz não estava nas melhores condições. Tinha sido um autêntico fiasco.
No final foi ter com o professor:
- Diga-me qual foi o erro. O que é que eu fiz que não devia fazer? Não percebo o que me aconteceu. Diga-me em que errei?
O mestre com simplicidade apenas apontou:
- Olha, se tu tivesses subido ao púlpito da mesma forma com que desceste, com certeza terias descido do modo como subiste.
Se subimos com soberba, desceremos humilhados, mas se subirmos com humildade sermos recompensados.

sábado, 26 de outubro de 2013

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Rezar com as contas



Saber discernir


6ª Feira - XXIX Semana comum

Discernir o tempo

Ouvimos dizer que Deus dá nozes a quem não tem dentes, ou dá viola a quem não tem unhas…
Segundo o evangelho de hoje, nada disto é verdade.
Jesus diz que cada um tem a capacidade de discernir o aspeto da terra e do céu… e que deve também discernir outros sinais do tempo presente.
Isto quer dizer que há talentos ou capacidades, há oportunidades e ocasiões, há sinais e mensagens para desvendar…
Temos condições para mostrar os nossos talentos.
Temos talentos para render em todas as condições.
Agradeçamos a Deus nos ter dado capacidades e oportunidades.


quinta-feira, 24 de outubro de 2013

António Maria Claret


Oração apostólica de Santo António Maria Claret (+1870):

Meu Senhor e meu Deus,
Que eu vos conheça e vos faça conhecer;
Que eu vos ame e vos faça amar;
Que eu vos sirva e vos faça servir;
Que eu vos louve e vos faça louvar por todas as criaturas.

Fazei, Senhor,
Que todos os pecadores se convertam,
Que todos os justos perseverem na vossa graça
E que todos juntos alcancemos a eterna glória.
Ámen!


“A mim próprio o digo: um Filho do Imaculado Coração de Maria é um homem que arde em caridade e que abrasa por onde quer que passa; que deseja eficazmente e procura por todos os meios acender em todos os homens o fogo do amor divino. Nada o demove, alegra-se nas privações, empreende trabalhos, abraça dificuldades, compraz-se nas calúnias, regozija-se nos tormentos. Não pensa senão no modo de imitar e seguir Jesus Cristo, rezando, trabalhando, sofrendo e procurando sempre e unicamente a glória de Deus e a salvação das almas.”

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Exemplo e modelo de fé


Hoje assinalamos a memória litúrgica do Beato Carlos Imperador da Áustria e Rei da Hungria.
Neste ano da Fé podemos valorizar o seu contributo neste campo.

A fé de um homem e um homem de fé

“Nenhuma missão concorreu tão eficazmente para reavivar a fé na minha diocese como o exemplo dado pelo imperador Carlos na sua doença e na sua morte” – assim confidenciou D. António Manuel Pereira Ribeiro, bispo do Funchal de 1914 a 1957.
O Imperador Carlos de Áustria e Rei da Hungria passou os cinco últimos meses da sua vida na Madeira para aqui viver a sua fé e a partir de então tem toda a eternidade para fazer brilhar essa mesma fé…
Como é que alguém passa tão pouco tempo num lugar, doente e acamado, exilado ou preso, sem saber falar a língua local, no meio de tantas provações e inquietações… e consegue deixar tamanho testemunho da sua fé? Como é que alguém perseguido e maltratado consegue dar uma tão grande lição que fez reavivar a fé da igreja local?
Só encontro uma resposta possível: O seu exemplo falava mais do que a sua boca, a sua atitude de oração pregava mais do que qualquer palavra.
E o povo à sua volta foi sensível a esse exemplo de fé e a esse modelo de oração.
Bem depressa os madeirenses descobriram naquele exilado um homem de fé. E logo se deixaram contagiar pela fé daquele homem.
Foi o exemplo que os levou a esta dupla descoberta. É que o exemplo arrasta e a atitude mobiliza.
E uma vez mais se cumpre a observação popular: vale mais ver uma só vez do que ouvir cem vezes. É por isso que o povo madeirense viu este homem de fé e deixou que o seu exemplo reavivasse a sua própria fé.
E o que viu de especial neste homem de fé?
Viu a sua humildade e simpatia, viu-o a procurar o horário das missas na sé, viu-o a participar nas eucaristias, viu o seu recolhimento, viu a sua sincera piedade eucarística, viu-o na mesa da comunhão, viu a sua devoção mariana, viu a sua consagração ao Sagrado Coração de Jesus, viu-o a perdoar os seus inimigos, viu-o a oferecer-se como vítima para restaurar a paz e a concórdia entre os seus concidadãos, viu-o a acompanhar um funeral de um pobre local e a rezar compassivo, viu-o a procurar fazer em tudo a vontade de Deus, enfim… viu-o morrer chamando pelo nome de Jesus. E foi mais importante ver uma vez, do que ouvir falar cem vezes.
Hoje, como bem-aventurado ou beato, Carlos de Áustria pode ser invocado como um modelo a seguir em qualquer parte do mundo.

Que este homem de fé nos ajude a aderir à mesma fé deste homem!

terça-feira, 15 de outubro de 2013

A Caçadora de Ávila

Memória de Santa Teresa de Jesus (ou de Ávila), Virgem e Doutora da Igreja

O nome Teresa vem do grego ‘teriso’ que se traduz por ‘cultivar ou cultivadora’, ou então de ‘terao’ que significa ‘caçar ou caçadora’. Ambos os significados encaixam muito bem na pessoa e na Santa de Ávila – Ela é a cultivadora de virtudes e a caçadora de almas para levá-las ao Céu.

Teresa de Jesus sentia-se muito atraída pelas imagens de Cristo ensanguentado, em agonia. Certa ocasião, estando aos pés de um crucifixo que trazia as marcas das chagas e muito sangue, ela perguntou:
- Senhor, quem vos fez isso?
E pareceu-lhe ouvir uma voz que vinha do crucifixo:
- Foram as tuas conversas no parlatório que me puseram aqui, Teresa!
A partir daquele dia nunca mais perdeu tempo com conversas inúteis e com amizades que não levavam à santidade.
Outro dia, ao repetir o hino ‘Vinde Espírito Santo’ foi arrebatada em êxtase e ouviu no interior da sua alma estas palavras:
- Não quero que converses com os homens, mas com os anjos.
Como reformadora e fundadora, Teresa estabeleceu a mais estrita clausura e o silêncio quase perpétuo. Reinava a maior pobreza, as religiosas vestiam toscos hábitos, usavam sandálias em vez de sapatos e estavam obrigadas a perpétua abstinência de carne. No início admitia apenas treze religiosas em cada comunidade, mas mais tarde, nos conventos que não viviam só de esmolas mas que tinham outras rendas, aceitou que chegassem a vinte e uma. Apesar de pobres sabiam dar esmola: “Rezar pelos pecadores é uma esmola muito grande!” – dizia Teresa de Jesus.
Também não eram nenhuns anjos… e a mesma Teresa recordava: “Nas panelas também encontramos a Deus!”

Que Santa Teresa de Ávila nos ensine a fazer esmola também assim, e a encontrar a Deus também desse modo!




segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Sinais ou Milagres


2ª Freira - XXVIII Semana Comum

Sinais ou milagres são a mesma coisa.

Estar ao pé de Jesus e pedir um sinal é ter falta de senso.
É desprezar o santo e querer só o milagre.
É sofrer de estrabismo, pois os olhos estão desviados da verdadeira direção.
É estar na presença de alguém e querer ver apenas a fotografia dessa pessoa em vez de ver a sua presença.
É fixar o olhar ponteiro em vez de olhar em direção para onde aponta.
É contentar-se em agarrar o dedo que aponta, em vez de agarrar o tesouro para onde aponta o dedo.
É fixar o olhar na legenda de um quadro em vez de contemplar a própria pintura.
É sentar-se numa mesa bem servida e contentar-se com a leitura do menu.

Recordo que a primeira vez que fui a Fátima só consegui ver a Capelinha das aparições, a Basílica, o recinto, a azinheira, a imagem de nossa Senhora etc., isto é, só consegui ver os SINAIS.
Algum tempo depois, voltei a Fátima e então já consegui ver algo mais do que SINAIS… Já consegui concentrar-me em ORAÇÃO, apesar de ainda me sensibilizar com os SINAIS.
Agora quando vou a Fátima, já nem penso nesses SINAIS, já nem vou aos Valinhos, nem me preocupo com as manifestações exteriores… Apenas REZO, procuro contemplar a DEUS, rezar com a Mãe Igreja e com a Mãe do Céu.

Preciso de sinais, mas preciso de dispensá-los depressa para me apegar ao essencial.
Em Fátima as aparições e outras manifestações foram necessárias para atrair a nossa atenção, para convocar, para formar comunidade.
Agora já não podem ter a importância dos inícios. Não podemos ficar dependentes dos primeiros sinais.
É o que acontece com os sinais de trânsito que indicam uma localidade. No início, quando não conhecemos, precisamos muito de seguir esses sinais e damos-lhe importância, mas depois nem ligamos para eles pois já conhecemos o caminho e o local para onde apontavam…


Há quem diga que estes sinais do Evangelho seriam os milagres. Os próximos de Jesus queriam sinais, isto é , queriam MILAGRES… E Jesus respondeu que só lhes apontaria o sinal de Jonas, isto é, o Milagre do profeta Jonas: o milagre da conversão através da pregação do arrependimento.




domingo, 13 de outubro de 2013

Agradecer

 
Ano C - XXVIII Domingo Comum
 
10 Curados e só 1 agradecido.
 
Ainda hoje parece ser assim - Só 1 em 10 é que agradece.
Só 10% sabe agradecer.
Mas isto é sobretudo o que se passa dentro de nós e não apenas na nossa comunidade, na nossa família, igreja ou humanidade.
Cada um de nós só agradece UMA em cada DEZ graças recebidas.
Só agradecemos 10% de todos os dons.
Tudo o que temos, somos ou fazemos, é dom de Deus. Se agradecemos tão pouco, quer dizer que não valorizamos tudo o que recebemos, pois recebemos tanto e agradecemos tão pouco.
 
Deus continua a nos enviar as suas graças, mesmo quando nos esquecemos de as agradecer.
Precisamos tanto de agradecer, isto é, de valorizar tudo  que Deus nos dá.

quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Pedi...


5ª Feira - XXVII Semana Comum

Pedi e dar-se-vos-á!

Três Coisas que Deus não conhece
Ou três coisas que Deus não pode dar

A primeira coisa que Deus não conhece é o impossível.
Marcos 10.27: “...Jesus, porém, olhando para eles, disse: Para os homens é impossível, mas não para Deus, porque para Deus todas as coisas são possíveis".
Deus não promete nem dá nada que seja impossível.

A segunda coisa que Deus não conhece é o pedido de perdão sincero que não alcance misericórdia.
Isaías 43.25: “Eu, eu mesmo, sou o que apago as tuas transgressões por amor de mim, e dos teus pecados não me lembro”.
Deus não dá perdão sem misericórdia e sem arrependimento.

A terceira coisa que Deus não conhece é outro deus:
Deuteronómio 4.35: “O SENHOR é Deus; nenhum outro há senão ele”.
Deus não dá a ninguém a graça de fazer-se deus. Fora Dele todos somos criaturas.

Não importa quão grande é o teu problema ou a tua necessidade
Importa sim quão grande é o teu DEUS e a sua graça.



quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Sermão sobre Maria


Patrocínio de Nossa Senhora do Monte, Solenidade no Funchal

Sermão sobre Maria
 “Como eu gostaria de ser padre para pregar sobre a Santíssima Virgem!
Bastar-me-ia uma única vez para dizer tudo o que penso sobre este assunto.
Para que um sermão sobre a Santíssima Virgem me agrade e me faça bem, é preciso que eu veja a sua vida real e não a sua vida imaginada; e tenho a certeza de que a sua vida real devia ser muito simples. Mostram-no-la inacessível, quando era preciso mostrá-la imitável, dar ênfase às suas virtudes, dizer que ela vivia de fé como nós…
Sabemos bem que a Santíssima Virgem é a Rainha do Céu e da terra, mas ela é mais mãe que rainha…
O que a Santíssima Virgem tinha a mais que nós é que não podia pecar, estava isenta da mancha original; mas, por outro lado, teve menos sorte que nós, pois não tinha uma Santíssima Virgem a quem amar, e isso é um consolo tão grande para nós.”

(Cf. Santa Teresinha do Menino Jesus (1873-1897), carmelita, doutora da Igreja , Últimas conversas, 21/08/1897)

terça-feira, 8 de outubro de 2013

Parar para escutar


3ª Feira - XXVII Semana Comum

Virtudes e defeitos de duas irmãs

Parece que Marta só tinha defeitos, mas apontemos algumas virtudes:
Marta abria a sua casa a Jesus, mas não lhe abria o coração.
Era hospitaleira, mas faltava-lhe equilíbrio e atenção para com as suas visitas.
Era uma mulher de ação, mas faltava-lhe planificação.
Era trabalhadora, mas trabalhava na hora errada e no último momento.
Era sincera, mas queria mandar sem obedecer nem ouvir.
Era generosa, mas queria dar sem medida esquecendo-se do que recebia.
Marta estava bem perto de Jesus, mas faltava-lhe espiritualidade ou reconhecimento.
Marta queria fazer tudo, mas esquecia-se de ser... tudo para Jesus.

Por sua vez parece que Maria só tinha virtudes, mas a sua irmã apontava-lhe alguns defeitos:
Maria parecia parada, mas aproximou-se de Jesus.
Parecia que não via ninguém, mas sabia ouvir.
Parecia egoísta, mas rendia-se aos pés de Jesus e aí permanecia.
Faltava-lhe solidariedade, mas sabia abrir o seu coração a Jesus.
Parecia indiferente, mas era decidida e sabia optar.
Parecia passiva, mas queria ser alguém.

E Jesus?
Ele é sempre o mesmo.
Tanto para Marta como para Maria, Jesus é sempre o mesmo, é sempre a única escolha.
Ele é a melhor parte que purifica os defeitos e sublima as virtudes.

Para isso basta apenas PARAR para ESCUTAR.


quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Chamou-os e enviou-os

5ª Feira - XXVI Semana Comum

A Messe é grande, mas os trabalhadores são poucos:
Há fome, há peixes, há redes… mas faltam pescadores!
Há mais fome do que pescadores.
Quem quer fazer parte dos 72 convocados?

Enviou-os dois a dois:
Jesus envia-nos 2 a 2 para que ninguém pense que está sozinho nessa missão.
Manda-nos 2 a 2 para sabermos que há sempre alguém que nos ouve, pelo menos o que foi enviado connosco.

Dúvida:
Falta-me compreender como vão 2 a 2?
Lado a lado? Um à frente e outro atrás?

Madre Wilson:
"Minhas filhas, pregai com o bom exemplo na rua, guardando silêncio o mais possível. Não deveis fazer gestos com as mãos ao falar. Ide duas a duas, sendo as mais novas as primeiros e as últimas as mais antigas."

Conclusão:
Atrás a mais velha, como anjo protetor.
À frente a mais nova para desbravar caminho.
Não lado a lado, mas uma atrás da outra para guardarem silêncio e pregaram sem palavras.

quarta-feira, 2 de outubro de 2013

Meu Zeloso Guardador


Memória dos Santos Anjos da Guarda

Um dia Deus, ao olhar para a Terra, viu que as coisas não estavam lá muito boas. Decidiu então fazer uma assembleia, chamando ao Céu todos os Anjos da Guarda.
Cada Anjo fez o relatório do seu protegido.
O secretário da Assembleia chegou à conclusão:
- A Terra está 75% má e apenas 25% boa.
Deus pensou por um momento e disse:
- Voltem à Terra e façam tudo por tudo para melhorar a situação de cada pessoa para mudar estes números. Daqui a um mês faremos nova assembleia e novo relatório.
Passado um mês voaram de novo, da Terra rumo ao Céu, todos os Anjos da Guarda.
- O novo relatório está pior – lamentou-se o secretário – a Terra está 80% má e apenas 20% boa.
E Deus estremeceu de compaixão e fez a seguinte proposta:
- É preciso dar ânimo a esses 20%… para que não desistem e possam seguir adiante. Talvez assim possam influenciar os outros em vez de se deixarem influenciar. Vou preparar uma mensagem para lhes ser entregue pelos seus Anjos da Guarda.
E todos os Anjos voaram para a Terra, 80% de mãos a abanar, mas 20% com uma mensagem divina.
Alguém sabe o conteúdo dessa mensagem?
Não? Eu também não.
Que tristeza, não fazemos parte dos 20% dos bons.


Celebrar os nossos Santos Anjos da Guarda é uma boa oportunidade para nos tornarmos melhores. Eles ajudar-nos-ão a acolher as graças de Deus e a fazer a vontade divina. Que eles sejam autênticos mensageiros de Deus na nossa vida.

terça-feira, 1 de outubro de 2013

Teresa de Lisieux e Leão Dehon


O Pe. Dehon leu, meditou e escreveu sobre a espiritualidade e o caminho de santidade de Teresinha do Menino Jesus, canonizada por Pio IX a 17 de Maio de 1925. Daí a 3 meses morreria o Pe. Dehon, escrevendo as últimas referências à Santa Francesa em Abril desse ano. Mas podemos constatar que houve várias coincidências a nível de experiências, escritos, mensagens, palavras e espiritualidade. Para já, podemos indicar as cinco primeiras coincidências destas duas almas santas.

1 – O mesmo beijo
Santa Teresinha do Menino Jesus:
“Ah! como foi doce o primeiro beijo de Jesus à minha alma!… Foi um beijo de amor. Sentia-me amada e dizia por minha vez: Eu amo-vos! Dou-me a Vós para sempre! Não houve pedidos, nem lutas, nem sacrifícios. Desde há muito, Jesus e a pobre Teresinha tinham-se olhado e tinham-se compreendido… Nesse dia já não era um olhar, mas uma fusão. Já não eram dois: a Teresa desaparecera como a gota de água que se perde no oceano. Só ficava Jesus, como dono, como Rei.” (Manuscrito A, Janeiro de 1895, acerca da sua primeira comunhão no dia 8/5/1884, publicado na História de uma Alma, 30/09/1898)
Pe. Dehon:
“O dever chama-nos ainda, porque aí (na igreja paroquial da nossa terra natal) recebemos de Deus graças e benefícios: a fé, o nome de cristão e esse primeiro beijo de amor que Deus nos dá na Primeira Comunhão e que Ele renova depois com a ternura de mãe. (Pregação na sua primeira missa em La Capelle, a 19/7/1869, cf NHV, volume III, Outubro 1865 – Outubro 1869, Pág. 239)

2 – A mesma vocação
Santa Teresinha do Menino Jesus:
“Estes três privilégios são realmente a minha vocação: Carmelita, Esposa e Mãe. No entanto, sinto em mim outras vocações, sinto a vocação de Guerreiro, de Sacerdote, de Apóstolo, de Doutor, de Mártir; enfim, sinto a necessidade, o desejo de fazer por Ti, Jesus, todas as obras mais heroicas… Sinto na minha alma a coragem de um cruzado, de um zuavo pontifício, quereria morrer num campo de batalha pela defesa da Igreja… Sinto em mim a vocação de Sacerdote. Com que amor, ó Jesus, Te seguraria nas minhas mãos quando, à minha voz, descesses do Céu… Como eu amor Te daria às almas!... Mas, ai de mim! Desejando ser Sacerdote, admiro e invejo a humildade de S. Francisco de Assis, e sinto a vocação de o imitar a sublime dignidade do Sacerdócio. Ah! Apesar da minha pequenez, quereria esclarecer as almas como os Profetas, os Doutores. Tenho a vocação de ser Apóstolo… Quereria percorrer a terra, pregar o teu nome, implantar no solo infiel a tua cruz gloriosa, mas, ó meu Bem-amado!, uma missão só não me bastaria. Quereria, ao mesmo tempo, anunciar o Evangelho nas cinco partes do mundo, e até nas ilhas longínquas… Quereria ser Missionário, não apenas durante alguns anos, mas quereria tê-lo sido desde a criação do mundo, até à consumação dos séculos… Mas quereria, sobretudo, ó meu Bem-amado Salvador, quereria derramar o meu sangue por Ti, até à última gota… O Martírio! Eis o sonho da minha juventude. Este sonho cresceu comigo sob os claustros do Carmelo… Mas também nisso, sinto que o meu sonho é uma loucura, pois não saberia limitar-me a desejar um género de martírio… Para me satisfazer, ser-me-iam precisos todos… (Manuscrito B – 8 de setembro de 1896)
Pe. Dehon:
Desejei desde a minha juventude ser missionário e mártir: missionário, sou pelos meus mais de cem padres nos quatro cantos do mundo; mártir, eu fui pelas grandes cruzes de 1878-1884, até ao Consummatum est. Nosso Senhor tinha aceite o meu voto de vítima de 28 de Junho de 1878. (Carta à Madre Maria Inácia, 08/12/1924, Inv. 231.64, AD: B19/2.1) “O ideal da minha vida, o voto que eu formulava com lágrimas na minha juventude, era ser missionário e mártir. Parece-me que este voto se concretizou. Sou missionário por meio da centena de missionários ou mais que enviei a todas as partes do mundo. Sou mártir pela consequência que Nosso Senhor deu do meu voto de vítima, sobretudo de 1878 a 1882; por todas as espoliações e aniquilamentos até ao Consummatum est; por todos os jorros de sangue perdidos em diversas ocasiões.” (NQ, 2 de Janeiro de 1925)

3 – O mesmo amor
Santa Teresinha do Menino Jesus:
Diz o salmista: corri pelo caminho dos vossos mandamentos, desde que dilatastes o meu coração.” (Sl 118, 32). Só a caridade me pode dilatar o coração. (Manuscrito C, Junho de 1897)
Pe. Dehon:
Nada dilata o coração como o amor.… O amor de Deus torna grande o coração do homem. (A Vida de Amor para com o Coração de Jesus, 1901, in II Volume das Obras Espirituais de Leão Dehon, Edizione CEDAS  Pág 27; 121)

4 – O mesmo sonho
Santa Teresinha do Menino Jesus:
“Num transporte de alegria delirante, exclamei: Ó Jesus, meu Amor! Encontrei finalmente a minha vocação: a minha vocação é o Amor!... Sim, encontrei o meu lugar na greja, e esse lugar, ó meu Deus, fostes Vós que mo destes… No coração da Igreja, minha Mãe, eu serei o Amor… Assim serei tudo… assim o meu sonho será realizado!!!...” (Manuscrito B, setembro de 1896)
Pe. Dehon:
“Os primeiros dias foram absorvidos pelo retiro. Era pregado pelo assistente Geral dos Jesuítas. Ele deu-nos os exercícios de Santo Inácio. Saboreei profundamente esses exercícios. Diz Santo Inácio: O homem foi criado para louvar, honrar e servir a Deus e por esses meios salvar a sua alma.” Eu não sou capaz de ficar-me nisto e o meu coração diz-me logo que o homem foi criado sobretudo para amar a Deus. Não é este o fim principal que Deus tinha em vista?” (Final outubro 1865, retiro de início do 1º ano no Seminário Francês em Roma, NHV volume III, outubro 1865 – outubro 1869)

5 – O mesmo método
Santa Teresinha do Menino Jesus:
“Seis dias se passaram a visitar as principais maravilhas de Roma, e foi no sétimo que vi a maior de todas: Leão XIII… santíssimo Padre, - disse-lhe – em honra do vosso jubileu, permiti-me entrar para o Carmelo aos 15 anos!...” (Manuscrito A relatando a audiência papal a 20/11/1887)
Pe. Dehon:
“Dez dias em Roma deixaram-me profundas recordações e nela recebi grandes graças…Mas a melhor das alegrias foi ver Pio IX, a bondade unida à santidade… Falei-lhe da minha peregrinação, da minha indecisão sobre os lugares dos eus estudos. Aconselhou-me o Seminário francês de Roma. A sua decisão estava conforme às minhas atracções… A minha vocação estava decidida, era a coroação da minha viagem. (NHV, volume II, relatando a audiência papal 14-25 de Junho de 1865)

Elevador Celeste


Memória de Santa Teresinha do Menino Jesus

"Bem sabeis, minha Madre, que sempre desejei ser santa.
Mas, ai de mim! sempre verifiquei, ao comparar-me com os Santos, que há entre eles e eu a mesma diferença que existe entre uma montanha, cujo cume se perde nos céus, e o obscuro grão de areia pisado pelos pés dos caminhantes.
Em vez de desanimar, disse para comigo: Deus não pode inspirar desejos irrealizáveis.
Posso, portanto, apesar da minha pequenez, aspirar à santidade.
Fazer-me crescer a mim mesma é impossível; tenho de suportar-me tal como sou, com todas as minhas imperfeiçoes.
Mas quero procurar a maneira de ir para o céu por um caminhito muito direito, muito curto; um caminhito completamente novo.
Estamos num século de invenções. Agora já não se tem a maçada de subir os degraus de uma escada; em casa dos ricos o ascensor substitui-a vantajosamente.
Eu queria também encontrar um ascensor que me levasse até Jesus, porque sou demasiado pequena para subir a rude escada da perfeição.
Então, procurei nos Livros Sagrados a indicação do ascensor, objeto do seu desejo, e li estas palavras saídas da boca da Sabedoria eterna: Se alguém for pequenino, venha a mim.
Então aproximei-me, adivinhando que tinha encontrado o que procurava, e querendo saber, ó meu Deus! O que faríeis ao pequenino que respondesse ao vosso apelo.
Continuei as minhas buscas, e eis o que encontrei: - Como uma mãe acaricia o seu filho, assim Eu vos consolarei; levar-vos-ei ao colo e embalar-vos-ei nos meus joelhos!
Ah! Nunca palavras tão ternas e tão melodiosas me vieram alegrar a alma!
O ascensor que me há-de elevar até ao Céu, são os vossos braços, ó Jesus! Para isso não tenho necessidade de crescer; pelo contrário, é preciso que eu permaneça pequena, e que me torne cada vez mais pequena…"
 (Teresinha do Menino Jesus ou da Santa Face, Manuscrito C, 23 de Maio de 1897)