sábado, 30 de outubro de 2010

Ver e ser visto


Ano C - XXXI Domingo Comum

Uma senhora, com uma forte depressão, quis falar comigo depois da missa.
- Senhor Padre, eu acho que não tenho fé. Não consigo rezar. Conheço poucas coisas acerca de Deus…
Olhei para o relógio. Não tinha muito tempo para ouvi-la, mas ela continuou:
- Deus é um ilustre desconhecido para mim. Que devo fazer?
- Se acha que não gosta de Deus, Deus nunca deixou de gostar de si. Ele conhece-a bem e tem muita coisa para lhe falar.
Milagre santo: a mulher não disse mais nada e foi-se embora repetindo toda satisfeita: Deus conhece-me. Ele gosta de mim…

Recordo este episódio verídico ao reler a experiência de Zaqueu.
Também Zaqueu queria conhecer a Deus, mas tinha dificuldades. Lucas sinaliza duas: a multidão e a sua baixa estatura. A primeira simboliza os problemas exteriores, condicionamentos sociais, culturais etc. que não dependem de nós, mas fruto das circunstâncias, da família, da comunidade, da Igreja. A baixa estatura significa os problemas pessoais, as nossas mágoas, traumas, experiências negativas do passado, ressentimentos, falhas.
Ao saber que Jesus conhecia o seu nome e queria hospedar-se em sua casa, sentiu-se valorizado. Foi a cura do seu coração que fez ultrapassar as suas dificuldades.
Só os puros de coração verão a Deus.

Protesto ao Pai Nosso

O Pai Nosso de cada dia (108)

Velho nosso,
Para mim dá tudo na mesma
se tu estás lá em cima no céu.

Tu só poderias ficar aborrecido
porque os cristãos usam
o nome por camuflagem.

Seria melhor que tu desistisses
de fazer vir outra vez o teu reino.
Ele não vai ter chance;
eles não te deixarão intervir.

A tua vontade…
No céu, vá lá!
Dá na mesma para mim.
Não posso imaginar
que, aqui entre nós, algo vá mudar,
pois aqui cada qual faz
o que lhe dá na veneta.

Pão…
Isso é importante.
Já chegamos lá.
A outros ronca ainda o estômago.
Se puderes ajudar,
vá lá!

Culpa?
Tudo bem.
Aí há pílulas amargas
que a gente põe aos pedaços na sopa
e depois tem de comer às colheradas.
E quem vai comer os pedaços dos outros?

Tu aí,
a maldade dos outros,
essa conheço bem.
Isso, posso dizer para ti:
Aí preciso de redenção.
Mas,
como queres fazer isso
lá do alto…

Assim é a coisa.
Os outros…
Eles depois dizem
Ámen.

(Cf. PETER GLEISS, citado por A. Lapple, Poder de novo rezar, Ed. Paulinas, São Paulo , 1983, páginas 54-55)

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Pois eu rezo o Pai Nosso

O Pai Nosso de cada dia (107)

Se os amigos me deixarem
Em caminhos de miséria e orfandade,
Nada temo porque o Pai está comigo,
Pois eu rezo:
Pai Nosso que estais nos céus
Santificado seja o vosso nome.

Se me envolve a noite escura
E caminho sobre abismos de amargura,
Nada temo porque a luz está comigo,
Pois eu rezo:
Venha a nós o vosso reino.
Seja feita a vossa vontade
Assim na terra como no céu.

Se me perco no deserto
E de sede me consumo e desfaleço,
Nada temo porque a fonte está comigo,
Pois eu rezo:
O pão nosso de cada dia nos dai hoje.

Se os descrentes me insultarem
E se os ímpios mortalmente me odiarem,
Nada temo porque a vida está comigo,
Pois eu rezo:
Perdoai as nossas ofensas
Assim como nós perdoamos
A quem nos tem ofendido.

Se me colhe a tempestade
E Jesus vai a dormir na minha barca,
Nada temo porque a paz está comigo,
Pois eu rezo:
Não nos deixeis cair em tentação
Mas livrai-nos do mal.

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Os primeiros e os últimos

4ª Feira - XXX Semana Comum

Os últimos serão os primeiros... os primeiros serão os últimos!

Quer dizer que nem sempre acertamos na direcção da fila!
Quer dizer que Deus vê de outro ponto de vista: de cima!


terça-feira, 26 de outubro de 2010

Poesia do Pai Nosso

O Pai Nosso de cada dia (106)

Pai Nosso, que nos fitais
Lá do céu com terno amor!
Tuas obras são benditas!
Todos Te louvam, Senhor.

Venha a nós o doce encanto
Do teu reino venturoso,
Onde o nosso amargo pranto
Se transforma em paz e gozo.

Como os anjos te obedecem,
Obedeçam-te os mortais:
Verão como resplandecem
De luz, eternos fanais.

Dá-nos o vivificante
Pão nosso de cada dia.
Para seguirmos avante
Na segura e santa via.

Perdoa os nossos pecados;
Nós também, por teu amor,
Não olharemos irados
Para o nosso devedor.

Não deixeis nossa fraqueza
Nos combates sucumbir,
Pois a nossa fortaleza
Só de ti nos há-de vir.

Livra-nos de todo o mal
Durante a vida e também
Depois da hora final,
De hora na morte. Ámen.


(Cf. JOÃO AVELINO citado por Mons. Libânio Borges, Breves Notas ao Pai Nosso, Porto, 1957, páginas 98-99).

Mostarda

3ª Feira - XXX Semana Comum

A parábola do grão de mostarda é um convite ao crescimento da comunhão universal a partir do nosso interior.

Lembro-me de outra parábola mais recente:

"Em certa escola primária italiana, o professor explicava os reinos da natureza: reino animal, reino vegetal e reino mineral. Tocava a pedra da ombreira da janea e perguntava:
- A que reino pertence?
E todos respondiam:
- Ao mineral!
Apontava a tábua da secretária e todos diziam em coro:
- Ao reino vegetal!
Finalmente apontou um aluno que estava sentado na primeira fila e todos responderam:
- Ao reino animal!
O miúdo começou a chorar e disse:
- Não quero, não quero ser do reino animal.
Todos se riram. O professor quis então convencê-lo de que não havia problemas em pertencer ao reino animal, pois era diferente dos gatos, por exemplo, pois era animal racional. Mesmo assim garoto continua a recusar ser do reino animal.
- Então a que reinos queres tu pertencer? - interrogou o professor.
- Ao Reino de Deus! - Respondeu prontamente a criança."

Jesus na Parábola também aponta para todos estes reinos:
-A semente e a árvore da mostarda = Reino Vegetal.
- A terra onde é semeada = Reino Mineral.
- Os pássaros que se vêm abrigar na folhagem = Reino Animal.
- O Homem que semeia = Reino de Deus.
O crescimento só ocorre quando há a integração de todos estes reinos, sem esquecer ou desprezar nenhum.
O Reino dos Deus é a comunhão universal e a integração de todos os valores.

domingo, 24 de outubro de 2010

Podemos chamar-te Pai

O Pai Nosso de cada dia (105)

Senhor, Deus,
Podemos chamar-te Pai,
Porque somos teus filhos.
Sabemos viver como irmãos,
Amando-nos uns aos outros?

O teu nome santo
Veneramo-lo nós no nome dos nossos irmãos?
Olhamos para o pequeno, para o escondido,
O doente, o enfermo, velho,
Aqueles que trazem na sua fronte
O teu nome que nós dizemos santificar?

A tua vontade e o teu reino,
Imaginamo-lo à nossa medida,
Que é desumana?
Permitimos nós, hoje,
Que os homens te conhecessem com amor,
Como doce e humilde de coração,
Como Deus connosco?

Partilhamos nós o pão de cada dia?
Partimo-lo com quem o devia receber
Apenas das nossas mãos?
E guardamos os restos,
Para que o pobre encontre de comer,
na hora em que não se espera?

E as ofensas que nos fizeram,
Nós perdoamo-las,
Ou guardamo-las em reserva
Para o julgamento particular do nosso tribunal?
Se olhas para o rigor da nossa atitude,
Como nos irás perdoar hoje?
Mesmo que sejamos maus filhos
E irmãos duros,
A tua justiça é sempre maior que a nossa.

Para que nos livres do mal
E nos congregues junto de ti,
Despojamo-nos da nossa vontade
E colocamo-nos nas tuas mãos.

(Cf. TIAGO JULIEN citado por Pedrosa Ferreira , Rezar é Viver, Ed. Salesianas, Porto 1986, Páginas 38-39).

O fariseu e o publicano


Ano C - XXX Domingo Comum

"Foram dois homens ao templo a orar, diz Cristo, um fariseu e outro publicano.
O que se chegou muito perto do altar e de Deus ficou a sua oração muito longe, porque foi reprovada, e o que se pôs muito longe: Stans a longe - chegou a sua oração muito perto de Deus, porque foi aceita. Ele longe por respeito, e a sua oração perto por agrado; ele longe por reverência, e ela perto por aceitação." (Pe. António Vieira, Sermão de Maria Rosa Mísitca, I)


1. Não basta rezar sempre, é preciso rezar bem.
O que é necessário para rezar bem:
- é preciso humildade… saber reconhecer-se pecador, simples, pobre. A oração do pobre ultrapassa as nuvens; o publicano rezava de longe… Foi a maior oração, a oração mais longa ou comprida, pois do fundo do templo até ao altar enquanto a do fariseu foi curta pois estava perto do altar. Rezar bem é rezar com humildade.
- é preciso esvaziar-se do orgulho. Não se pode encher um copo já cheio. É preciso esvaziá-lo primeiro. O fariseu já estava cheio de si mesmo, do seu orgulho de tudo o que fazia, de modo que já não havia lugar para Deus. Não basta pela oração entrar na intimidade com Deus. É preciso deixar espaço para que Deus entre no nosso coração.

2. Quem se exalta será humilhado e quem se humilha será humilhado.
A humildade é entre as virtudes o que a corrente é para as contas do rosário. Rebenta-se a corrente e todas as contas caem. Tire-se a humildade e todas as virtudes desaparecem. Posso ser generoso, mas se não for humilde a minha caridade será oca. Posso ser inteligente, mas se me tornar orgulhoso, serei o mais desprezível… a humildade todos valoriza e enobrece tudo.

sábado, 23 de outubro de 2010

Pensa no Pai Nosso

O Pai Nosso de cada dia (104)

Quando rezares, pensa em Deus
E pensa n homem, onde Ele mora,
E vê:

Se estás a criar já o novo céu,
Na terra, em cada instante;

Se vás conhecendo o seu nome
No irmão que sofre;

Se buscas a sua vontade
Nos gritos dos homens;

Se vás a amassando o pão
No gozo e na dor de cada dia;

Se vás conseguindo o perdão
Com um sorriso nos lábios;

Se vences a tentação
De permaneceres no pó da terra;

Se v+as destruindo o mal
Para atingir o bem de todos.

Só então poderás gritar – e só então –
De mil formas e maneiras:
Pai! E nada mais.

Sinceridade


Ano C - XXX Domingo Comum

Ao recomeçar as aulas de Educação Moral, fiquei surpreendido com o apreço que os meus alunos mostraram pela sinceridade – é um dos seus valores de eleição. Tive ocasião de, conjuntamente, recordar a etimologia deste termo:
Quando os romanos preparavam mármores imperfeitos, ponham cera nas frestas para disfarçar. Cera, em latim, diz-se como em português, de tal modo que se um bloco de mármore era perfeito, diziam que era sine cera, ou seja sem cera, pois não necessitada de nenhum disfarce ou artifício. Uma pessoa sincera é alguém que se mostra como é, sem nenhuma afectação.

É isto que me vem ao pensamento ao ler a parábola do fariseu e do publicano. E que ambos rezaram com toda a sinceridade.
O fariseu desfilou com todas as suas qualidades: sete! Perfeito até no número, sete é o número da perfeição. Ao fazer isto, estava a afirmar-se santo. E Jesus não disse que este mentia, logo devia mesmo fazer tudo aquilo.
O que o publicano falava também não era mentira, era de facto um pecador público.
Se ambos eram sinceros, qual então a diferença?
É que o fariseu não foi rezar, mas apenas elogiar-se, tentando receber aplausos de Deus. Isso não é oração. Na oração, o centro tem de ser Deus. Orar é olhar-se na direcção de Deus, é procurar enxergar-se segundo a óptica divina.
A sinceridade de um vangloriava-se, a do outro divinizava-se.

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Pater


O Pai Nosso de Cada dia (103)

Pai Nosso que estás nos céus.
Ó incomensurável benignidade de Deus! Aos que O tinham abandonado e jaziam em extremos males, é concedido o perdão dos males e a participação da graça, a ponto de ser invocado como Pai. Os céus poderiam ser o que portam a imagem do celestial, nos quais Deus habita e vive.

Santificado seja o teu nome.
Santo é por natureza o nome de Deus, quer o digamos ou não. Mas, uma vez que naqueles que pecam por vezes é profanado, segundo o que se diz: ‘Por vós meu nome é continuamente blasfemado entre as nações’, oramos que em nós o nome de Deus seja santificado. Não que, por não ser santo, chegue a sê-lo, mas porque em nós ele se torna santo, quando nos santificamos e praticamos obras dignas de santificação.

Venha o teu reino.
É próprio de uma alma pura dizer com confiança: ‘Venha o teu reino’, quem ouviu Paulo dizer: ‘Que o pecado não reine em vosso corpo mortal’. E se purificar em obra, pensamento e palavra, dirá a Deus: ‘venha o teu reino’.

Seja feita a tua vontade assim na terra como no céu.
Os divinos e bem-aventurados anjos de Deus fazem a vontade de Deus, como David dizia no salmo: ‘Bendizei ao Senhor todos os seus anjos, heróis poderosos, que executais a sua palavra’. Rezando, pois, com vigor, diz isto: como nos anjos se faz a tua vontade, Senhor, assim na terra se faça em mim.

O nosso pão substancial dá-nos hoje,
O pão comum não é substancial. Mas este pão é substancial, pois se ordena à substância da alma. Este pão não vai ao ventre nem é lançado em lugar escuso, mas se distribui sobre todo o organismo, em proveito da alma e do corpo. O hoje equivale a dizer de cada dia, como também dizia Paulo: ‘enquanto perdura o hoje’.

E perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós perdoamos aos nossos devedores.
Temos muitos pecados, Caímos pois em palavra e em pensamento e fazemos muitas coisas dignas de condenação. E, se dissermos que não temos pecado, mentimos. Fazemos com Deus um pacto pedindo-lhe que perdoe os nossos pecados como também nós perdoamos ao próximo as suas dívidas. Tendo presente o que recebemos em troca do que damos, não sejamos negligentes, nem deixemos de perdoar uns aos outros. As ofensas que se nos fazem são pequenas, simples, fáceis de reconciliar. As que nós fazemos a Deus são enormes e temos necessidade só da sua benignidade. Cuida então que, por faltas pequenas e simples contra ti, não te excluas do perdão, por parte de Deus, dos pecados gravíssimos.

E não nos induzas em tentação.
Por ventura com isto o Senhor nos ensina a pedir que de algum modo sejamos tentados? Como se encontra em outro lugar: ‘Tende por suma alegria, meus irmãos, se cairdes em diversas provações’? Mas jamais entrar em tentação é o mesmo que ser submerso por ela. A tentação, pois, assemelha-se a uma torrente difícil de atravessar. Os que então não são submersos nas tentações, atravessam, como bons nadadores, sem serem arrastados pela corrente. Os que não são assim, uma vez que entram, são submersos.

Mas livra-nos do mal.
Se a expressão ‘não nos induzas em tentação’ significasse não sermos de algum modo tentados, não se diria: ‘mas livra-nos do mal’. O mal é o demónio, nosso adversário, do qual pedimos ser libertos.

(Cf. SªAO CIRILO DE JERUSALÉM, Catequeses mistagógicas, Ed. Vozes, Petrópolis, 1977, páginas 38-40).

Os Sinais dos tempos e os Tempos dos sinais

6ª Feira - XXIX Semana Comum

Do Evangelho de hoje podemos aplicar 2 mensagens:


Saber ler os sinais dos tempos, todos os sinais.
Isto quer dizer que todos nós vivemos no tempo dos sinais.
Deus está continuamente a nos bombardear com tantos sinais.
Saibamos então ler os sinais dos tempos, pois vivemos continuamente no tempo dos sinais.


Faz as pazes com o teu adversário quando fores a caminho do tribunal...
Não esperes que alguém te obrigue a fazer as pazes, obriga-te a ti mesmo a isso.
Não esperes que alguém te mande calar, pois vai te magoar mais. Começa tu primeiro a mandar em ti mesmo e os outros não precisarão de te mandar calar...


quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Paráfrase de Charles de Foucauld


O Pai Nosso de cada dia (102)

O Pai Nosso é a oração de abandono nas mãos de Deus. Podemos estar certos de que Ele quer o nosso bem. Por isso, nos entregamos sem reservas. Rezemos o Pai Nosso, recitando simultaneamente a oração de Charles de Foucauld. A voz de Cristo e a voz dos santos não mais serão duas, mas uma só voz.

Meu Pai,
entrego-me todo a ti
faz de mim o que te agradar
faças o que quiseres de mim,
eu te agradeço
estou pronto para tudo;
Pai Nosso, que estais nos Céus.
Santificado seja o vosso nome.
Venha a nós o vosso reino.

Aceito tudo
o importante é que a tua vontade
se faça em mim
e em todas as criaturas.
Seja feita a vossa vontade,
assim na terra como no céu.

Não seja outra coisa, meu Deus.
Entrego o meu espírito nas tuas mãos.
O pão nosso de cada dia nos dai hoje.

Dou-to, meu Deus,
com todo o amor do meu coração,
porque te amo.
Perdoai as nossas ofensas
assim como nós perdoamos
a quem nos tem ofendido.

E sinto que e urgência do amor dar-me
e colocar-me nas tuas mãos sem medida
com uma infinita confiança,
porque és meu Pai.
E não nos deixeis cair em tentação
mas livrai-nos do mal.

Carlos de Áustria

Memória do Beato Carlos de Áustria

Hino

Louvemos o Beato Carlos d’Aústria
Que vive com Cristo na Glória Eterna do Céu!

Servindo o Rei dos reis,
Com justiça e caridade.
Recebeu a coroa incorruptível
Na alegria do seu Senhor.

Lutando pela paz
Entre os homens e os povos
Conquistou o prémio prometido
Aos que aceitam a sua cruz.

Rezando sem cessar
A Jesus sacramentado
Mereceu sentar-se com os Santos
No Banquete da Eternidade.

Letra do Pe. João Paulo Domingues e Música do Pe. Ignácio F. Rodrigues

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Pai que não és desta terra

O Pai Nosso de Cada dia (101)

Pai Nosso que estás nos Céus;
Pai que não és desta terra,
Mas que estás na terra,
Porque és nosso.

Que teu nome seja santificado;
Que sejas conhecido e amado;
Que reconheçamos o teu verdadeiro rosto,
Um rosto diferente,
Marcado com sinais de ternura
E de esperança de todos os teus filhos.

Que venha o teu reino;
Que venha o teu espírito
E se apodere dos nossos corações
E comece a reinar neles com vigor;
E saia de nós até ao mundo e suas estruturas.
Assim virá o teu reino.

Faça-se a tua vontade.
Que tudo o que fizermos
Concorde com o que desde sempre
Tens pensado e querido para todos.
Que não queiramos fazer uma terra
Distinta do teu céu.
Pai, que não façamos na terra
Nada distinto do que se faz no céu.
Dá-nos, juntamente com o pão de cada dia,
O espírito de justiça
Para repartirmos o que é nosso
E pormos a nossa segurança apenas em ti.
E perdoa-nos para que, purificados,
Nós possamos também perdoar.

Não nos abandones na tentação;
Não nos deixes expostos ao prazer,
Mas livra-nos da nossa cegueira,
Da nossa instalação.
Livra-nos do mal
E concede-nos poder dizer-te, cada dia,
Com todo o coração: PAI NOSSO.

Preparar-se

4ª Feira - XXIX Semana Comum

ESTAI VÓS PREPARADOS!

- Quem não se prepara não irá por onde quer nem quererá por onde vai.
- Quem não se prepara não sabe o que diz nem dirá o que sabe.
- Quem não se prepara não fará aquilo que gosta nem gostará daquilo que faz.

É preciso preparar-se.
Preparar-se é consultar a Deus.
“Que todos digam de ti:
nada faz sem consultar a Deus!”
(Pe. Dehon, Pequeno Directório para os reitores, 1919)

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Pai que é Nosso


Pai Nosso de cada dia (100)

Dois indivíduos são irmãos entre si porque são filhos do mesmo pai.
Dois cristãos, pelo contrário, são filhos do mesmo pai porque antes são irmãos de Cristo e em Cristo. Só através dele temos acesso ao Pai: Deus é pai, não por ser nosso criador. Se Deus é meu pai, é porque é nosso pai. Ninguém pode ter Deus por pai se não tem o seu próximo por irmão. A Igreja primitiva proibia, assim, os catecúmenos de rezar o Pai Nosso antes de receber o baptismo. O NOSSO não é adição ou resultado da soma do MEU àquele outro. É um todo. O NOSSO é a palavra indispensável que torna a oração universal no espaço e no tempo. Palavra que bem podia ser a primeira, pois sabemos que o caminho que leva ao pai passa pelos irmãos. O Pai Nosso como oração da fraternidade reza-se com os lábios e as mãos de todos. Rezemos então esta oração universal de mãos dadas:


......................Pai NOSSO que estais nos céus.
Santificado seja o VOSSO nome.
..............Venha a NÓS
........................O VOSSO reino.
..........Seja feita a VOSSA vontade assim na terra como no céu.
..................O pão NOSSO de cada dia
...........................NOS dai hoje.
...............Perdoai-NOS
.......................As NOSSAS ofensas
.........Assim como NÓS perdoamos
................A quem NOS tem ofendido.
...................E não NOS deixeis cair em tentação,
..... . .. ..Mas livrai-NOS do mal.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Pai Nosso Verdade e Vida

O Pai Nosso de cada dia (99)

Eu sou a VERDADE:
Pai Nosso que estais nos céus,
Santificado seja o vosso nome.

Eu sou o CAMINHO:
Venha a nós o vosso reino.
Seja feita a vossa vontade
Assim na terra como no céu.

Eu sou a VIDA:
O pão nosso de cada dia nos dai hoje.

Quem CRÊ EM MIM
NÃO MORRERÁ JAMAIS:
Perdoai as nossas ofensas,
Assim como nós perdoamos
A quem nos tem ofendido
E não nos deixeis cair em tentação,
Mas livrai-nos do mal.

sábado, 16 de outubro de 2010

Pai Nosso Verbal

O Pai Nosso de cada dia (98)

Deus é verbo e não substantivo. Deus é Javé, aquele que é. Ele é denominado, não por um nome, mas por aquilo que faz. No Pai Nosso, o orante não atribui a Deus grandes nomes, mas predispõe-se a aceitar as acções que ele opera. Ele é RES NON VERBA, actos e não palavras. Em todas as invocações, o realce vai para as formas verbais, estando quase sempre em primeiro lugar. Além disso, todas elas estão na forma positiva. Apenas uma vez o verbo apresenta-se no conjuntivo proibitivo, ao passo que nas outras está no imperativo. Rezemos então o Pai Nosso, conscientes destas realidades que exprimem algo que está para além destas palavras.


Pai Nosso,
que ESTAIS nos Céus,
SANTIFICADO SEJA
O vosso nome.
VENHA a nós
O vosso reino.
SEJA FEITA
A vossa vontade,
Assim na terra
Como no céu.
O pão nosso de cada dia
Nos DAI hoje.
PERDOAI
As nossas ofensas
Assim como nós PERDOAMOS
A quem nos TEM OFENDIDO
E NÂO NOS DEIXEIS CAIR,
Mas LIVRAI-NOS
De todo o mal.
Ámen. Assim SEJA.


Auxílio de Deus


Ano C - XXIX Domingo Comum

A Parábola do juiz iníquo e da viúva persistente é um convite a rezar sempre, sem desanimar. À primeira vista parece que Deus é esse juiz e que nós somos, pela nossa perseverança, como a viúva. Mas a identificação deve ser diferente. É Deus que bate à porta do nosso coração, que insiste, convida, nos interpela com a sua palavra. Até que um dia nós despertamos e atendemos a sua voz.

A propósito desta identificação, recordo uma história de Antony de Mello:
Um homem, viu na floresta, uma raposa com as patas aleijadas e admirou-se como, mesmo assim, sobrevivia. Nesse momento apareceu um tigre que trazia entre os dentes caça nova. Comeu a fera quanto quis, deixando o resto junto da raposa. No dia seguinte a mesma coisa: o homem observou como Deus alimentava a raposa servindo-se do tigre. E pensou consigo mesmo:
- Eu também me vou deitar, nalgum cantinho, com muita confiança no Senhor e ele vai mandar-me quanto me é necessário.
Assim fez, por alguns dias, mas nada aconteceu. E o pobre estava já às portas da morte, quando ouviu uma voz que dizia:
- Estás enganado, ó homem! Abre os teus olhos! Segue o exemplo do tigre e deixa de imitar a raposa aleijada!

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Pai Nosso Teresiano

Pai Nosso de cada dia (97)

Enquanto repetimos o Pai Nosso, Deus nos livre de não nos lembrarmos frequentemente do Mestre que nos ensinou esta oração com tanto amor e desejo de nos fazer bem. Reparai nas palavras que dizem aqueles lábios divinos, ensinando-nos o Pai Nosso e, logo à primeira, entendereis o amor que vos tem.

Pai Nosso que estais nos Céus.
Ó Senhor meu, como pareceis Pai de tal Filho
E ele como parece Filho de tal Pai!
Bendito sejais para sempre, eternamente!
Ó Filho de Deus e Senhor meu!
Quantos bens nos dais logo à primeira palavra.
Com tão grandes extremos vos humilhais,
A ponto de vos unirdes a nós para pedir connosco,
Fazendo-vos irmão das criaturas tão vis e miseráveis.
Querendo que vosso Pai nos tenha por filhos,
Em nome de vosso Pai dais tudo o que se pode dar.

Santificado seja o vosso nome.
Venha a nós o vosso reino.
Considerai que reino é esse que lhe pedimos. Devido ao nosso limitado alcance, a sua majestade viu que nunca chegaríamos a santificar, nem louvar, nem engrandecer, nem glorificar de modo conveniente o nome santo do seu eterno Pai. A fim de nos preparar, deu-nos o seu reino, aqui na terra.

Seja feita a vossa vontade
Assim na terra como no céu.
Ó bom Jesus, como é deveras pouco
O que nos ofereceis em nosso nome,
Em comparação do muito que pedis para nós.
Pouco da nossa parte, uma insignificância,
Em confronto com o muito que devemos a tão grande soberano.
Entretanto é certo que nunca deixais de dar-nos alguma coisa.
Também vós vos damos tudo o que podemos dar,
Quando a nossa dádiva corresponde às nossas palavras:
Seja feita a vossa vontade.
Cumpra-se em mim, Senhor,
A vossa vontade de todos os modos e maneiras
Que vós, Senhor meu, quiserdes.
Se me quiserdes enviar sofrimentos,
Dá-me forças para suportá-los e venham!
Se perseguições e enfermidades,
Desonras e mínguas, aqui estou!
Não quero que haja falha da minha parte,
Depois que vosso filho em meu nome
Deu esta minha vontade,
Oferecendo a vontade de todos os homens.

O pão nosso de cada dia nos dai hoje.
Que pai haveria que tendo-nos dado o seu filho, e vendo o estado em que o pusemos, consentiria em deixá-lo entre nós a padecer, de novo, cada dia? Que grande amor o do filho e que grande amor o do pai! Nesta petição as palavras Cada Dia dão a entender uma dádiva que há-de durar para sempre. O Senhor tornou a repetir Nos Dai Hoje, pois o possuímos na terra e também o possuiremos no céu, se nos aproveitarmos da sua companhia nesta vida. Ele não permanece connosco senão com o fim de animar-nos, sustentar-nos e ajudar-nos a fazer a vontade de seu pai.

Perdoai as nossas ofensas
Assim como nós perdoamos
A quem nos tem ofendido.
Quem pede uma dádiva tão grande como o pão do céu, quem submeteu a sua vontade ao poder divino, já perdoou tudo. Quem sinceramente tiver dito Faça-se a Vossa Vontade, há-de ter perdoado e, ao menos, estar resolvido a fazê-lo.

Não nos deixeis cair em tentação.
Mediante estas duas coisas – Amor e Temor – podemos ir sossegados por este caminho. Jamais descuidados, porque o temor há-de de tomar a dianteira. Segurança total nunca teremos enquanto estivermos nesta vida. Seria grande perigo.

Mas livrai-nos do mal.
Ó Senhor e meu Deus,
Livrai-me sem demora de todo o mal
E dignai-vos levar-me à mansão de todos os bens.
Ámen.

(Baseado em Santa Teresa de Jesus, Caminho de Perfeição, Ed. Paulinas, Rio de Janeiro, 1979).

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Obras da Carne e Obras do Espírito

4ª Feira da XXVIII Semana Tempo Comum

Na primeira Leitura São Paulo apresenta duas listas: as obras da Carne e as obras do Espírito:

a) Obras da Carne - Luxúria, imoralidade, libertinagem, idolatria, feitiçaria, inimizades, ciúmes, discórdias, ira, rivalidades, dissenções, faccionismos, invejas, embriaguez, orgias. Ao todo 15.

b) Obras do Espírito - Caridade, alegria, paz, paciência, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, temperança. Ao todo 9.

Eu fico a pensar - Até São Paulo dá mais atenção à lista do mal do que à lista do bem, mas reparo que a maior parte das obras da carne está no plural. Isto quer dizer que podemos encher o nosso coração com todas essas obras que nunca ficaremos saciados e haverá lugar ainda para mais sem ficarmos satisfeitos. Enquanto as obras do Espírito, basta apenas uma para encher por completo e fazer transbordar o nosso coração. Por isso mesmo que a lista das obras da carne pode ser grande mas nunca será suficiente enquanto a do Espírito basta uma para nos satisfazer.

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Senhora da Aparecida


12 de Outubro

Memória de Nossa Senhora da Aparecida, Padroeira do Brasil

O Pe. Dehon visitou o Santuário de Nossa Senhora Aparecida em 1906 e escreveu memórias dessa sua viagem ao Brasil publicando-as em livro: Leon Dehon, Mille lieues dans l’Amerique du Sud: Brésil, Uruguay, Argentine, (1909)

"Era o ano 1743. O governador de São Paulo, o conde de Assumar, passava por aquelas paragens com a sua comitiva. Pediu peixes do Paraíba. Diversos pescadores de profissão deitaram as suas redes em lugares diferentes e não apanharam nada. Com surpresa, no porto de Itaguaçu, um destes pescadores, chamado João Alves, recolheu na sua rede uma estátua de dois pesos. Era a Virgem Maria.
Conservou-a alguns meses, depois entregou-a a outro pescador, chamado Pedroso, que construiu uma altar e que todos os sábados, com os seus vizinhos, honrava a estátua com a recitação do Rosário e o canto de hinos. Uma vez, enquanto rezavam, duas velas acenderam-se sozinhas por si mesmas ao lado da Senhora. Foi o primeiro prodígio.
O fenómeno repetiu-se várias vezes e chegou aos ouvidos do bispo de Guaratinguetá. Com a ajuda dos fiéis ele fez erguer uma pequena capela, que alguns anos mais tarde foi ampliada. Os prodígios seguiram-se, atestados por testemunhos escritos.
Os milagres obtidos pelos fiéis são tão numerosos, que milhares de livros não chegariam para descrevê-los e a vista dos peregrinos seria demasiado curta para poder lê-los..."

Ao reler estas referências posso apenas fazer eco de duas mensagens:

1ª A Virgem Maria foi, literalmente, pescada para que nós não tenhamos medo de nos deixar apanhar pelas redes da salvação. Jesus continua a enviar-nos pescadores de homens. Deixemo-nos então pescar como a imagem da Senhora da Conceição se deixou pescar nas redes...

2ª A Virgem Maria aparece de vez em quando para nos recordar que também nós devemos aparecer na igreja, na comunidade... Ele é aparecida para que nós estejamos também presentes, para que nós apareçamos...

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Pai Nosso rezado por Deus

O Pai Nosso de cada dia (96)

Eu sou teu pai
E o pai dos teus irmãos
E estou na terra, no céu
E bem dentro do teu coração.

A minha vontade
É que sejas santo como eu sou santo
E que tomes consciência da minha presença,
No reino da fraternidade,
Aqui na terra como no céu.

Dou-te o pão do teu sustento
E o perdão que te faz perdoar também.

Respeito a tua liberdade
Nos momentos de tentação
E estou pronto a defender-te do mal,
Nos caminhos da perfeição.

domingo, 10 de outubro de 2010

Pai Nosso que Nossa Senhora rezou


O Pai Nosso de cada ida (95)

Pai Nosso que estais nos Céus.
A minha alma glorifica o Senhor e o meu espírito se alegra em Deus meu salvador.

Santificado seja o vosso nome.
O Todo-poderoso fez em mim maravilhas; santo é o seu nome.

Venha a nós o vosso reino.
Derrubou os poderosos do seu trono e exaltou os humildes.

Seja feita a vossa vontade assim na terra como no céu.
A sua misericórdia se estende de geração em geração sobre aqueles que o temem.

O pão nosso de cada dia nos dai hoje.
Aos famintos encheu de bens e aos ricos despediu de mãos vazias.

Perdoai as nossas ofensas assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido.
Acolheu a Israel, seu servo, lembrado da sua misericórdia, como tinha prometido a nossos pais, a Abraão e a sua descendência para sempre.

Não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal.
Manifestou o poder do seu braço e dispersou os soberbos de coração.

sábado, 9 de outubro de 2010

Pai Nosso que estás connosco

O Pai Nosso de cada dia (94)

Pai Nosso que estás connosco,
Seja louvado o teu nome
Que nos dá a liberdade.
Venha a nós o teu reino de justiça e de paz.

Faça-se em nós a tua vontade,
Pois somos os artífices da libertação.
Dá-nos sempre o pão da tua comunhão com todos,
Na caridade e no diálogo fraterno.

Livra-nos da escravidão do pecado,
Para que sejamos homens novos.
Que saibamos perdoar aos outros,
Como tu nos perdoas.

Não nos permitas cair em tentação
De nos sentirmos superiores
E dominadores dos demais.
Livra-nos da escravidão injusta
E especialmente do nosso egoísmo.

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Pai Nosso que és de todos

O Pai Nosso de cada dia (93)

Pai Nosso
Que és de todos,
Também dos ladrões, drogados, prostitutas,
Vizinhos que não pensam como nós,
Dos camaradas vermelhos,
Dos extremistas de direita,
És pai de todos.

Que estás nos céus e na terra,
Nos subúrbios, nas prisões, nos hospitais.

Santificado seja o teu nome:
Que vejamos que és santo,
Até nas trevas, nas quimeras,
Nos problemas que nos fazem sofrer,
Nas dores que nos levam ao desespero.

Venha a nós o teu reino,
O teu reino hoje, um reino de factos;
Que todos juntos, com foras conjugadas,
O possamos construir.

Faça-se a tua vontade:
Que vejamos claro que a vontade de Deus
Não é a dos homens.
A de Deus é que nos amemos
E estejamos ao serviço,
Ainda que os outros não nos agradem.

O pão nosso de cada dia dá-nos hoje,
Mas também aos ciganos
Aos desempregados, despedidos;
E também o pão da cultura
E a justiça de cada dia.

Perdoa-nos as nossas faltas,
Os nossos rancores, o nosso mau humor,
As intransigências e impaciências,
A nossa língua demasiado comprida,
Impertinências e incoerências.

Assim como nós perdoamos a quem nos ofendeu.
Eles são sempre piores que nós,
As suas críticas, moléstias,
Orgulho, falta de compreensão.

Não nos deixeis cair em tentação
Da vaidade, de aparentar mais do que os demais,
Do dinheiro, orgulho, poder, comodidades,
Julgar os outros;
De não dar o braço a torcer,
De não procurar entender os outros.

Mas livra-nos do mal
Da sociedade de consumo,
Vinho, jóias, carros, gastos supérfluos,
Para nos sentirmos mais livres
E sermos melhor tuas testemunhas.

Gostar Mais


Ano C - XXVIII Domingo Comum

Ao reflectir sobre o episódio evangélico da cura dos dez leprosos e do único que voltou para agradecer, alguém me perguntou:
- Jesus gosta mais de uns do que de outros?
- Eu acho que Jesus gosta de todos. Porque é que fazes essa pergunta?
- É que Jesus deve ter gostado mais daquele que, depois de curado, veio agradecer…
- De facto Jesus registou o agradecimento e elogiou essa atitude, mas não deixou de perguntar pelos outros nove curados. Isso quer dizer que não deixava de pensar nem de gostar deles.
Então recordei um diálogo ocorrido num bairro bastante pobre. Uma assistente social entrou numa pobre barraca, onde se demorou a conversar com uma mãe de família. À sua volta havia muito barulho, pois vários miúdos brincavam por ali. A mãe pediu desculpa:
- Sabe, é que tenho dez filhos…
Então a assistente lembrou-se de lhe fazer uma pergunta que muitas vezes lhe tinha ocorrido em casos semelhantes:
- Qual o filho que a senhora mais ama?
Num gesto de ternura, essa mãe chamou toda a pequenada para junto de si e respondeu com toda a convicção:
- Amo mais o que está doente, até que ele fique bom, e o que está ausente, até que ele volte… ou o que mais me magoou até que se arrependa…
Assim é Deus.
Obrigado pela lição!


quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Pai Nosso Presente e Futuro


O Pai Nosso de cada dia (92)

Sem ares de pregação, o Pai Nosso ensina-nos a convencer-nos suavemente de que temos necessidade para a nossa vida, presente e futura do auxílio de Deus; que ainda não chegámos; que estamos a caminho e que, em vez de pararmos em insuficientes intenções, devemos tentar fazer delas uma realidade cada vez mais perfeita.

Pai Nosso, que estás nos Céus.
Convidados por ti
para nos ocuparmos também da tua glória,
damos-te graças por este chamamento.
Desejamos cooperar nela
como verdadeiros filhos.
Mas tu conheces a nossa fraqueza física e moral.
Sustenta o nosso corpo
pelo dom do pão quotidiano.
Inspira-nos a caridade e o perdão,
a exemplo da tua infinita misericórdia.
E, sobretudo, torna-nos fortes contra a tentação.
Dá-nos coragem no meio das provações,
faz-nos vencedores do mal
que tenta tudo para nos seduzir
e para te separar de nós.
Rodeados assim na terra da tua bênção,
digna-te reunir a todos
os que depois de Cristo Jesus
não deixaram de te chamar com fé e ternura:
Pai Nosso,
que te repetirão, face a face,
pelos séculos dos séculos.
Ámen.


terça-feira, 5 de outubro de 2010

Há 100 anos


Há precisamente 100 anos
5 de Outubro de 1910

O Pe. Dehon e a República Portuguesa

O Pe. Dehon foi um homem sempre bem informado e interessado pela história dos homens e das nações que conhecia e amava.
No próprio dia da revolução em que a Monarquia deu lugar à República Portuguesa, o Pe. Dehon foi informado e registou no seu diário pessoal essa mesma informação. Tenho a impressão que nem todos os territórios portugueses ficaram a saber dessa revolução nesse mesmo dia, com a celeridade com que o Pe. Dehon ficou informado.
Mesmo longe, quase nas antípodas da França, alguns dias depois escreveu ao confrade Pe. Falleur e partilhou essa informação. Só um homem culto ou um cidadão do mundo podia ter esta sensibilidade.

“Fiquei a saber hoje na cidade de S. Francisco, da revolução em Portugal. É uma etapa do plano da Franco-maçonaria."
(NQ, Vol IV, 5 de Outubro de 1910, pag. 115, referindo-se à implantação da República nesse mesmo dia)

“Sobre o Oceano Pacífico, na véspera de chegar a Honolulu, Ilhas Hawai, nos antípodas de São Quintino. Querido amigo, é o meio da viagem…Um despacho informou-me no Atlântico do incêndio em Bruxelas, um outro informou-me no Pacífico da revolução em Portugal… Anime toda a gente. L. Dehon.”
(Correspondência do Pe. Dehon - Data: 10 de Outubro de 1910) Destinatário: Pe. Falleur, Inventário: 299.06 AD: B20/7.3)

As primeiras referências do Pe. Dehon a Portugal apareceram nas Crónicas de “ O Reino do Coração de Jesus” desde 1889. Antes de conhecer Portugal in loco (3 vezes – 1900, 1906, 1907), o Pe. Dehon já escrevera 12 crónicas e ainda uma referência num artigo (1895) e duas alusões nos seus livros (Os Nossos Congressos e Renovação Social Cristã).
Última referência do Pe. Dehon sobre Portugal:
“Tem cartas de inquéritos em português. Envie-me algumas.”
(Correspondência do Pe. Dehon - Data: 13de Agosto de 1923; Destinatário: Bosio. Manuscrito. Inventário: 1133.25 AD: B97

Pai Nosso Poético

O Pai Nosso de cada dia (91)

Pai nosso que estás nos Céu!
Santificado e bendito
Seja o teu nome infinito,
Venha a nós o reino teu!

Hoje e em toda a eternidade,
Cumpra-se a tua vontade,
Na terra como no céu!
Dá-nos, ó Pai, e abençoa
O pão de que precisamos
Em cada dia que vem.
Nossas dívidas perdoa,
Assim como nós perdoamos
A quem nos deve também.
E, Senhor, que a tua mão,
Protectora e paternal,
Nos afaste a tentação,
Nos livre de todo o mal.

(Cf. A. DE CAMPOS MONTEIRO citado por Mons. Libânio Borges, Breves notas ao Pai Nosso, Porto, 1957, página 100).

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Piadosas (7)

San Francesco d'Assisi

Depois da oração das vésperas alguém veio ter comigo com uma estampa ou 'santinha' na mão e perguntou-me:
- Senhor padre, donde é este santo?
- Então não sabes? É da Itália e até a legenda está em italiano - San Francesco d'Assisi.
- E é padroeiro de quem?
- Uns dizem que é patrono dos animais domésticos, outros que é o padroeiro dos ecologistas...
- E não é padroeiro dos drogados?
- Nunca ouvi tal. Porque é que perguntas isso?
- É que a legenda diz Francesco d'HAXIXE.
- Que ele te perdoe. É de Assis e não de haxixe!

Pai Nosso Partilhado

O Pai Nosso de cada dia (90)

Pai Nosso que estais nos Céus:
Deus Pai, protegei, auxiliai, dai segurança, amai, perdoai.
Ele é invisível, está presente, vela por nós, sente-se sem se ver.
Ele está presente no nosso coração, nas nossas alegrias e nas nossas dores.
Ele está presente no meio do mundo, enche a Terra inteira.

Santificado seja o vosso nome:
Que todos vos adorem, ó Deus, e cós louvem como convém.
Que o vosso nome ande nos nossos lábios a todo o momento.
Que não se pronuncie o vosso nome levianamente, pois ele é santo.
Que o vosso nome seja louvado por todos, sobretudo pelos simples.

Venha a nós o vosso reino:
Que o vosso reino cresça todos os dias no mundo.
O vosso reino é reino de justiça e amor, de verdade e vida.
O vosso reino é de paz e concórdia, de igualdade e liberdade.
Fazei de nós anunciadores do vosso reino.

Seja feita a vossa vontade
Assim na Terra como no Céu:
A vontade de Deus é a nossa felicidade, a nossa alegria plena.
A vontade de Deus é que sejamos salvos de toda a escravidão.
Convertei, ó Deus, os nossos corações à vossa vontade.

O pão nosso de cada dia nos dai hoje:
O pão fresco de cada manhã e o pão da mesa do pobre.
Que nós saibamos repartir o pão do mundo com justiça.
Ajudai-nos a dar o pão do carinho,
Da amizade e da companhia amiga,
Áqueles que vivem com fome de amor.
E têm direito à festa da vida.

Perdoai as nossas ofensas
Assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido:
Felizes os que perdoam a todos, até aos inimigos.
Felizes os que preferem a paz que constrói em vez da guerra que divide.
Felizes os que têm palavras e gestos de perdão e de misericórdia.

Não nos deixeis cair em tentação,
Mas livrai-nos do mal.
Somos fracos, incapazes, vulneráveis.
O caminho das bem-aventuranças é muitas vezes difícil.
Livrai-nos de todo o mal, o de dentro e o de fora de nós.
Convosco seremos fortes.

(Cf. PEDROSA FERREIRA, Jovens 2001, Ed. Salesianas, Porto, 1985, Páginas 53-54).

Francisco de Assis

4 de Outubro
Memória de São Francisco de Assis

Duas mensagens:

"Francisco foi a imagem viva de Jesus pobre e simples"
De facto Francisco não só interiormente procurou assemelhar-se com Jesus, mas também a nível exterior foi muito parecido com Ele:
- pobre como Ele (que não tinha nem uma pedra que chamasse sua onde reclinar a cabeça)
- simples e fraterno, a todos tratava por irmão
- generoso, pois quanto recebia partilhava
- até trazia no seu corpo os mesmos estigmas, as mesmas chagas de Jesus.
Melhor imitação ninguém pode alcançar.
Já que não somos capazes de imitar a Cristo no nosso exterior como São Francisco, pelo menos tentemos copiá-lo nalguma coisa interior - o mesmo espírito de oração, de fraternidade, de devoção...


São Francisco foi um verdadeiro reformador ou restaurador da Igreja:
"É impossível restaurar as instituições com a santidade, e não restaurar a santidade com as instituições".
Ele fundou a Ordem dos Frades Menores não para restaurar a santidade, mas restaurou as instituições com a santidade.

PAZ E BEM!

sábado, 2 de outubro de 2010

Pai Nosso Pai


O Pai Nosso de cada dia (89)

Dizer ‘Pai’ não significa fazer um esforço de imaginação ou ter uma certa ideia de Deus: significa mais simplesmente entrar no modo de rezar de Jesus. Todas as Suas orações, transmitidas no Evangelho, principiam assim: ‘Pai’:
‘Bendigo-te, ó Pai, Senhor do Céu e da Terra’ (Mat 11, 25);
Pai, tudo te é possível, afasta de Mim este cálice’ (Mc 14, 36);
As duas orações sobre a cruz, traduzidas por S. Lucas:
Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem’, Pai, nas Tuas mãos entrego o meu espírito’ (Lc 23, 34.46).
No Evangelho de S. João, Capítulo XI: ‘Pai, graças te dou, por me haveres ouvido’; e no Capítulo XII: ‘Pai, salva-me desta hora’, ‘Pai, glorifica o teu nome.
Ainda em S. João, capítulo XVII, na Oração Sacerdotal: ‘Pai, manifestei o teu nome… glorifica o teu nome… Pai Santo, guarda em teu nome aqueles que me deste’.
Se todas as orações de Jesus, que nos são transmitidas, começam com a invocação: ‘Pai’, quer dizer que este é o primeiro grau, a atmosfera da oração, é o horizonte em que a oração se realiza. E este horizonte, que é o seu, Jesus coloca-o no nosso coração, convidando-nos a entrar no Seu modo de rezar. Idealmente, todos os pedidos do Pai Nosso deveriam ser precedidos pela invocação:


Pai Nosso que estais nos Céus.
Pai, santificado seja o vosso nome,
Pai, Venha a nós o vosso reino.
Pai, seja feita a vossa vontade assim na terra como no céu.
Pai, o nosso pão de cada dia, nos dia hoje.
Pai, perdoai-nos as nossas ofensas assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido.
Pai, não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal.

(Cf. CARLOS M. MARTINI, Itinerário de oração, Ed. Paulistas, Lisboa, 1984, páginas 88-89).

Agir com amor


Ano C - XXVII Domingo Comum

Um dia Abraão convidou um vizinho para jantar. Enfeitou a tenda e preparou saborosos manjares. Logo no início da refeição, após o primeiro copo de vinho, o vizinho começou a falar contra tudo e contra todos. Bem Deus foi poupado às suas críticas. Blasfemou, mostrou desprezo pelos crentes, expôs todo o seu mau génio. Abraão perdei o apetite e, levantando-se, expulsou-o da sua tenda:
- Não admito que tratem assim o meu Deus nem os seus amigos.
À noite, ainda perturbado pelo que ouvira, foi contemplar as estrelas do Céu e pedir perdão pelas palavras insensatas do seu hóspede, Sentiu-se orgulhoso por ter cumprido o seu dever, fechando a porta a quem não merecia a menor hospitalidade Tinha cumprido a sua obrigação, mas… Deus parecia não estar satisfeito:
- Não estejas triste por causa desse ímpio, Senhor. Repara como fui destemido para com ele…
- Abraão, - disse Deus – estou triste por ti. Até agora sustentei esse homem, tenho-o mantido vivo, suportei-o durante toda a sua vida e tu não conseguiste suportá-lo nem cinco minutos!?
Só então Abraão compreendeu que Deus nada faz por obrigação; tudo faz por amor.
E o Profeta acrescentou:
- Sou um servo inútil: fiz apenas o que devia fazer.
E passou a fazer tudo por amor.