segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Santo André


30 de Novembro


Festa do Apóstolo Santo André


Foi o primeiro a ser chamado por Jesus e aquele que anunciou Jesus a Pedro, seu irmão.
Que sejamos também dos primeiros a ouvir e a anunciar Deus aos outros...

Segundo a tradição André, ao ser condenado à morte de cruz, em atitude de humildade, não quis morrer numa cruz igual à de Cristo seu Salvador nem igual à do grande Pedro. Por isso escolheu uma cruz em forma de X, hoje conhecida como cruz de santo André.
No meu entender, André escolheu essa forma de Cruz porque é a primeira letra da palavra Cristo em grego: X
Assim Ele morreu em X, isto é, por Cristo, com Cristo e em Cristo.
Saibamos também nós viver e morrer por Cristo, com cristo e em Cristo.

domingo, 29 de novembro de 2009

Novo Ano Litúrgico

Damos início a mais um ANO NOVO LITÚRGICO com a experiência do Advento.

Cada ano litúrgico é como um nova oportunidade de nós aprendermos e mostrarmos aquilo de que somos capazes.

Ano Ltúrgico = Uma Escola da Vida

- O Mestre é Jesus Cristo
- O nosso Encarregado de Educação é Deus Nosso Pai
- A Sala de Aulas é a Igreja/Casa de Deus
- Os livros são as Sagradas Escrituras
- Os exercícios ou testes são os Sacramentos
- A nossa alimentação é a Eucaristia
- A nossa Turma é a nossa Comunidade
- A nossa bata ou farda distintiva é o Amor
- O nosso TPC ou trabalho para casa é a nossa Santificação.

Que cada cristão possa ser um bom aprendiz nesta escola da Vida que é o novo ano litúrgico.

sábado, 28 de novembro de 2009

Olhai a figueira



6ª Feira - XXXIV Semana Comum


Olhai a figueira e as restante árvores... diz Jesus no trecho do Evangelho de hoje.

Uma árvore do Brasil, ipê amarelo, foi cortada e o seu tronco foi transformado num poste.

Depois foi colocado numa rua, onde aplicaram-lhe os fios da rede eléctrica.

Eis que a árvore se rebelou contra a maldade humana e resolveu não morrer.

A reacção foi pacífica, bela e cheia de amor.

Rebrotou e emcheu-se de flores...

Assim é a natureza... vencedora e pacífica!

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Erguer-se

Ano C - I Domingo Advento

Começamos um novo ano litúrgico, com o tempo do Advento.
É um convite à preparação para o Natal, dando tempo e atenção a Deus.
A palavra de ordem é: Erguei-vos e levantai a cabeça, porque Deus está próximo.
Esta é a atitude própria de uma sentinela.

Um bom pároco observou que todos os dias, das duas às três horas da tarde, no silêncio da sua Igreja, vinha um soldado para a frente do altar e lá ficava imóvel, calado e em sentido.
Um dia, perguntou-lhe:
- O que fazes todos os dias aqui, assim parado? Não tens nada mais para fazer?
- Uma hora de sentinela para o meu Deus! - respondeu com franqueza o soldado - Todos os grandes deste mundo têm guardas... e o Rei dos Reis não terá nenhum? Eu quero fazer de sentinela e sinto-me orgulhoso a ponto de não me cansar.

Erguei-vos que vem o Senhor!
Quando um convidado aparece ao fundo de uma sala, toda a gente se levanta para o cumprimentar e em sinal de respeito, por ele e por si.
A posição vertical é típica do homem, exprime a sua dignidade, marcando a diferença entre todos os outros seres vivos.
Neste tempo, sabendo que Deus está próximo, levantemo-nos para o saudar, façamos uma guarda de honra. É preciso marcar a diferença.

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Morte de um Santo


A 26 de Novembro 1913 o Pe. Dehon escreve no seu Diário:
“O meu santo assistente, o Pe. André Prevot morreu em Brugelette. Faremos o seu funeral a 29. Só há uma voz sobre ele: Era um santo. Praticava heroicamente em cada dia os conselhos de perfeição. Ele vivia da fé, do sacrifício, da imolação. Ele não dava numa concessão à natureza. Escreveremos a sua biografia. Ele terá mil traços edificantes. Ele foi-nos dado pela Providência para formar toda a gente. Ele foi o Mestre de Noviços durante vinte e três anos, e aqueles que o são hoje continuam as mesmas tradições…”

Para prestar ao “Santo Pe. André” a última saudação, o Pe. Dehon recordou que, para toda a Congregação, aquele era:
1) Um dia de grande dor – esperava-se tê-lo ainda por muitos anos. Porque era um padre muito precioso e insubstituível.
2) Um dia de grande exemplo – Era o “santo” da jovem congregação; porque tinha praticado a reparação da maneira mais austera. Nunca tinha agido “por motivos humanos”. Como elogio dizia-se dele: não era deste mundo.
3) Um dia de grande esperança – porque ajudará a congregação que tinha amado até ao sacrifício de todos os projectos próprios e os seus princípios pessoais para inculcar unicamente os do Fundador.
E o Fundador concluiu com tristeza:
Perdemos o reparador por excelência, o reparador dos reparadores, porque ressentia dolorosamente qualquer falta que notava nos confrades, espiando-a duramente.
Hoje só temos um meio para substituí-lo: ficarmos todos juntos, e, unidos no mesmo ímpeto reparador, espiar como ele espiou. (B. Caporale, SCJ, P. Andrea Prévot, Edizioni Messaggero, Padova, 1960, pag 308)


FRASES E FACTOS CURIOSOS DO Pe. ANDRÉ PRÉVOT

Cada minuto deve ser marcado por um sacrifício. ( Ibidem, pag 97)

A obra da reparação compreende duas partes:
- Eliminar o mal feito a Deus rendendo-lhe aquilo que lhe foi tirado ou recusado.
- E levantando as almas das suas quedas do pecado. (Ibidem, pag 131)

Com meias medidas não se elimina uma doença. (Ibidem, pag 149)

A santa missa do Pe. André durava cerca de quarenta minutos (contando com a distribuição da sagrada Comunhão).
Todo o conjunto dos seus gestos, o tom da voz, o seu recolhimento, era mais edificante que em qualquer outro sacerdote: nunca nenhuma precipitação; tudo com a máxima simplicidade.
O Pe. André não era capaz de dedicar-se mais numa cerimónia do que noutra. (Ibidem, pag 152)

Um padre é tantas vezes padre quantas línguas sabe. (Ibidem, pag 160)

Um santo nunca se queixa. (Ibidem, pag 165)

Um santo nunca se deixa orgulhar nem abater. (Ibidem, pag 165)

O alfabeto dos religiosos não começa por A B C D. Mas por O B D C (obedece). (Ibidem, pag 175)

O homem não foi feito para o incenso:
. Por pouco que aspire,
. provoca-lhe vertigens,
. vacila e cai miseravelmente. (Ibidem, pag 176)

Uma vítima não tem necessidade de distracções. (Ibidem, pag 200)

No inferno há de tudo; mas religiosos obedientes… nem um, nem um. (Ibidem, pag 230)

Os três “P” traiçoeiros:
um Pequeno cigarro,
um Pequeno copo,
um Pequeno jornal,
fazem perder a vocação. (Ibidem, pag 253)

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Milagres

Depois da missa de hoje alguém veio ter comigo e perguntou-me:
- O Senhor padre acredita em milagres?
Fiquei surpreendido pela pergunta inesperada e tão directa.
- Sim, acredito em milagres porque acredito em Deus - respondi de maneira espontânea.
- Então compreenderá o que me aconteceu... Há semanas não conseguia dar um passo sem a ajuda de uma bengala e agora posso andar, correr e saltar... É um autêntico milagre!
- Com certeza, é um verdadeiro milagre - concluí, mas no fundo pensei que mais do que milagre de Deus devia ser um milagre dessa pessoa... ou da sua força de vontade.
Fiquei, no entanto, a matutar no caso.
De facto, acredito em Milagres pois acredito em Deus. Milagres são acções de Deus e as obras de Deus são sempre milagres.
Eu sou um milagre porque sou obra de Deus.

domingo, 22 de novembro de 2009

Dez Sacerdotes

Uma história sempre actual

Dez sacerdotes reuniram-se em retiro num Seminário para renovar os seus compromissos sacerdotais, mas um afastou-se por calcular o custo desse sacrifício e ficaram apenas nove.

Nove sacerdotes analisaram em assembleia a situação do mundo, mas um manifestou-se desiludido e ficaram apenas oito.

Oito sacerdotes aprenderam novas técnicas de pregação, mas um preferiu ir cuidar da sua fazenda e ficaram apenas sete.

Sete sacerdotes partiram em missão pelo mundo além, mas um olhou para trás com saudades e ficaram apenas seis.

Seis sacerdotes andavam entusiasmados com o seu apostolado, mas um cansou-se de não ver o resultado desejado e ficaram apenas cinco.

Cinco sacerdotes idealistas misturaram-se com o povo, mas um não resistiu ao choque cultural e ficaram apenas quatro.

Quatro sacerdotes andavam super-ocupados com a sua igreja, mas um não resistiu ao cansaço e ficaram apenas três.

Três sacerdotes ajudavam-se mutuamente na sua acção pastoral, mas um foi de férias e não mais voltou e ficaram apenas dois.

Dois sacerdotes com muita experiência faziam maravilhas por onde passavam, mas o coração de um não resistiu e ficou apenas um.

Um sacerdote já idoso vai fazendo aquilo que pode, mas o trabalho é muito, quem irá ajudá-lo? Eu!

Eu estava disposto a fazer alguma coisa em favor dos outros, mas senti-me incapaz e não houve quem me apoiasse, ninguém!

Ninguém queria ser profeta de Deus, quando Ele disse: Eu mesmo tomarei conta das minhas ovelhas, e todos ficarão a saber que há DEUS.

Deus chamou então dez sacerdotes

e a história voltou ao início…

sábado, 21 de novembro de 2009

Bem-aventuranças dos sacerdotes

Neste Ano Sacerdotal, recordando um Sacerdote Dehoniano exemplar que morreu a 26 de Novembro de 1913, adaptamos uma página de um seu livro sobre os Sacerdotes. (Maria Santíssima ai Novizi del S. Cuore, Esortazioni del Venerato Pe. Andrea Prevot SCJ ai Novizi, Studentato delle Missioni, Via Derna nº 45, Bologna, 1941, página 58-59)

Bem-aventuranças dos Sacerdotes
segundo o Pe. André Prevot

1) Bem-aventurado o Sacerdote do Coração de Jesus, porque saboreia a alegria de sofrer por Deus e pelas almas.

2) Bem-aventurado o Sacerdote do Coração de Jesus, porque a tristeza é uma infelicidade da qual Deus preserva os verdadeiros sacerdotes.

3) Bem-aventurado o Sacerdote do Coração de Jesus, porque não pode morrer na sua missão senão para rumar ao Céu.

4) Bem-aventurado o Sacerdote do Coração de Jesus, porque, ao consagrar-se sem reservas à sua missão, há-de descontar todas as suas dívidas sem precisar do Purgatório.

5) Bem-aventurado o Sacerdote do Coração de Jesus, porque para ele é fácil ser mártir, pelo menos de caridade.

6) Bem-aventurado o Sacerdote do Coração de Jesus, porque lhe basta deixar agir a Providência, para ter a graça de ser imolado como vítima do Coração de Jesus.

7) Bem-aventurado o Sacerdote do Coração de Jesus, porque dando a própria vida para salvar os infiéis mostra o maior amor a Deus e às almas.

8) Bem-aventurado o Sacerdote do Coração de Jesus, porque, em pouco tempo e a baixo preço, pode alcançar, mediante o amor e o sacrifício, a finalidade da sua vocação”.

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Cristo é Rei

Ano B - XXXIV Domingo Comum
Solenidade de Cristo Rei

Havia um rei muito triste porque na sua nação só via miséria e injustiças. Gostaria de sair do seu palácio para falar ao povo mas, quando o seu carro aparecia, as pessoas prostravam-se sem se atrever a levantar a vista. Um dia, chamou o seu herdeiro:
- Meu filho, este povo está a destruir-se em lutas e egoísmos. Quero que te faças um deles e os chames à razão.
- Muito bem. Vestir-me-ei como eles, para que não me reconheçam e dir-lhes-ei que é preciso construir outro reino...
Na manhã seguinte, vestido como um homem do povo, saiu a percorrer os caminhos do reino. Passaram-se três anos e muitos o seguiam e escutavam. Sentiu fome, frio, foi perseguido, maltratado, preso e condenado.
As suas últimas palavras foram:
- Obrigado, Pai, por me teres feito um homem como os outros.

Cristo é Rei no trono da cruz. Não se dispensou de sacrifícios e trabalhos, não se furtou à humilhação e escárnio, não recusou fazer-se um de nós e, contudo, é Rei.
Ao contemplar este mistério, somos estimulados a completar esta obra. É por isso que rezamos: Venha a nós o vosso reino. Isto só se consegue com trabalho e dedicação pois o único sítio onde o sucesso vem antes do trabalho é no dicionário.

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Agradecer aos Sacerdotes

Acção de graças pelos sacerdotes

Assim ensinava o Pe. Dehon:
“O Padre é pai, é médico, é doutor, é juiz. Jesus era tudo isto.
O padre consola, cura, encoraja as almas; Nosso senhor fazia tudo isto.”

(CS, Pág. 561)

Inspirado neste ensinamento, neste Ano Sacerdotal, alguém rezava assim:

"Senhor, agradeço-Te por estes homens que aceitaram ser nossos sacerdotes, párocos ou missionários.
Obrigado, Senhor, pelos defeitos dos nossos sacerdotes. Os homens perfeitos suportam mal as fraquezas dos outros, os homens que gozam de boa saúde desprezam as naturezas fracas.
Não é fácil ser um bom sacerdote.
Os nossos sacerdotes têm que ser uns fenómenos:
Têm de ser mestres para as crianças, especialistas em questões familiares, sociólogos competentes para a juventude, intérpretes a todo o momento, poços de ciência e de experiência para todos.
Esquecia que os sacerdotes têm que responder na tua a todas as saudações, sem qualquer disti9nção, e que devem receber as pessoas sorrindo, mesmo quando o seu coração está em tempestade e o seu corpo morto de cansaço.
Esquecia também, que eles devem ser, em todos os domingos e dias festivos, oradores, cantores, instrutores e às vezes organistas. Que durante a semana têm que ser motoristas, músicos, dactilógrafos, jornalistas e tantas outras coisas…
Faz, Senhor, que nós olhemos estes ‘especialistas universais ‘ com aquela compreensão que lhe merece o seu programa de trabalho, incoerente e desumano.
Senhor, quero pedir a caridade para com os nossos sacerdotes, no pensamento e na palavra.
Se o padre se ocupa de um grupo feminino, faz que eu não diga que a paróquia já está a ser governada por mulheres.
Se o padre se dá bem com as crianças, que eu não diga logo que ele promove uma religião infantil.
Se o padre está gordo e avantajado, faz, Senhor, que eu não pense de imediato que é um boa-vida ou glutão que de nada se priva.
Se, pelo contrário, me aparece delgado e pálido, que eu não diga que anda roído pelos remorsos ou que não se entende com os seus superiores e colegas.
Concede-me a graça, Senhor, de perdoar-lhe os erros e os seus actos de impaciência.
Que eu compreenda finalmente que só tenho um pároco a suportar, enquanto que ele tem que suportar-nos a todos nós, seus paroquianos.
Amen!"

Muito obrigado aos padres, por que nós precisamos deles e eles precisam da nossa gratidão, como dizia o Pe. Leão Dehon:
“A gratidão das almas é também o salário do padre.”
(CS, Pág. 625)

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Zaqueu

3ª Feira - XXXIII Semana Comum

Zaqueu disse:
- Senhor… se causei qualquer prejuízo a alguém, restituirei quatro vezes mais.

Por quê 4 vezes mais?
Zaqueu quer dar 1 parte por satisfação do pecado
e as outras 3 para satisfação das consequências.

Zaqueu fez as contas num exame escrupuloso:
1º - Se eu não roubara a fulano, tivera ele a sua fazenda;
2º - Se a tivera, não perdera o que perdeu,
3º - Adquirira o que não adquiriu
4º - Não padecera o que padeceu.

Para que a compensação seja igual à culpa, dê-se a cada um
4 vezes mais tanto como lhe houver defraudado:
- Com a parte se pagará o que foi tomado
- Com a parte o que perdeu
- Com a parte o que não adquiriu
- Com a parte o que padeceu.

Hoje entrou a salvação nesta casa, pois enquanto não saiu da mesma casa a restituição, não podia entrar nela a salvação.
A salvação não pode entrar sem se perdoar o pecado, e o pecado não se pode perdoar sem se restituir o roubado.
(Cf. Pe. António Vieira, in Sermão da 1ª Dominga do Advento (1650); in Sermão do Bom Ladrão (1855)

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Santa Gertrudes

16 de Novembro
Memória de Santa Gertrudes
Santa do Coração de Jesus

A)
A experiência da união de Santa Gertrudes com Cristo foi tal que Jesus disse à mestra do noviciado, Santa Matilde:
- Quando quiseres encontrar-me, procura-me no coração de Gertrudes.

B)
Madre Mary Jane Wilson escreveu:
- Quando me quiserem encontrar, procurem-me no Coração de Jesus.

C)
Pe. Leão Dehon ensinou:
- Como o Coração de Jesus é o nosso próprio coração ao mesmo tempo que é o coração de todos os outros, devemos ser também um pouco o coração de todos os nossos irmãos (CA, Pág. 169).
Jesus vive em nós, sofre, reza, alegra-se em nós, o seu Coração é verdadeiramente o nosso coração (CA, Pág. 160).

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Aprender da Figueira

Ano B - XXXIII Domingo Comum

No Evangelho deste fim-de-semana, Jesus Cristo convida-nos a aprender da figueira.
Que lições podemos receber desta árvore tão simples?
Três lições:
uma lição de ,
outra de esperança
e outra de caridade.

Tal como aquela árvore tem as suas raízes bem firmes na terra, assim cada crente é chamado a firmar a sua fé, a ser concreto, a ter os pés bem assentes no chão, a ser humilde, a sujar-se com o pó da terra. Embora não se vejam, as raízes estão lá, escondidas no chão. Não basta acreditar no que se vê. Esta é a lição de fé.

Quanto à lição de esperança, quando os seus ramos ficam tenros é sinal que há mais vida. Surge então a esperança no verde persistente. O tempo do verão estará próximo, é preciso esperar. Ter esperança é acreditar em pequenas coisas, potenciais de vida nova, em sinais tão simples como rebentos para olhar mais além.

A lição de caridade vem dos seus frutos. Uma figueira não produz para si mesma. Está em função dos outros. E até parece que a generosidade a comove pois sempre que partilha um figo, não consegue esconder uma lágrima de satisfação.

No fim dos tempos seremos julgados quanto à fé, esperança e caridade. Até lá é preciso aprender da figueira.

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Seu nome é Leão Dehon

10 Novembro - São Leão Magno, Papa e Doutor da Igreja, +461
A propósito da memória litúrgica de São Leão Magno, partilhamos mais uma experiência dehoniana.
O Pe. Dehon fez jus do seu nome LEÃO.
Toda a vida do Pe. Leão Dehon, em todas as suas dimensões, foi marcada por tantos Leões:
- Leão XII – Papa de infância da mãe do Pe. Dehon de quem recebera um terço.
- Leão – Irmãozinho mais velho, falecido aos 4 anos, meses antes do Pe. Dehon ter nascido.
- Leão Magno – Grande Papa e Doutor da Igreja, num período conturbado da História.
- Leão Palustre – Amigo de sempre, colega de viagens e mestre em arqueologia
- Leão Harmel – Colega de estudos e de acção da doutrina social da Igreja.
- Leão Prévot – Seu confrade devoto, que considerava como “o nosso santo”.
- Leão XIII – De quem recebeu o mandato de pregar as suas Encíclicas Sociais.
Acerca do seu de baptismo o Pe. Dehon escreveu nas NHV I, pag 30:
"Deram-me os nomes de Leão Gustavo. Amei sempre os meus santos padroeiros e desde há trinta anos invoco-os todos os dias.
Adoptei por padroeiros S. Leão Magno, que eu suponho ser o mais poderoso Santo entre os Santos desse nome e S. Agostinho, pois o nome de Gustavo não é nome de Santo ou é simplesmente uma derivação de Agostinho. Como estou feliz por ter tão nobres e tão grandes padroeiros, dois dos maiores doutores da Igreja! Espero que mais tarde eles me acolham como um amigo, pois tantas vezes lhes testemunhei amizade e confiança. Parece-me ter recebido deles muitas graças. Li as suas vidas com a alegria e com profunda edificação…
De S. Leão gosto sobretudo da grande doutrina teológica, do seu estilo bonito, da sua doçura, da sua dignidade...
Fui muitas vezes a S. Pedro de Roma venerar o túmulo de S. Leão Magno. Ao mesmo tempo honrava os outros santos pontífices do mesmo nome que repousam lá junto dele. Celebrei lá várias vezes a Santa Missa. Uma das grandes graças da minha vida foi a santa missa celebrada lá, no altar de S. Leão, no dia 11 de Abril de 1869 na mesma hora em que o pontífice Pio IX, muito devoto de S. Leão, celebrava a alguns passos dali, no meio de uma multidão imensa e profundamente impressionada, a missa das suas Bodas de ouro….
A minha mãe gostava do nome (de) Leão. Ela deu-mo em recordação de um anjinho, meu irmão mais velho, morto aos 4 anos, alguns meses antes do meu nascimento. Este anjinho tinha sido muito amado. Parece que era encantador de precocidade, inteligência, e bondade. Minha mãe levou-me muitas vezes ao seu pequeno túmulo de mármore, no velho cemitério. Nunca vi minha mãe falar dele sem chorar. Eu considerei sempre este anjinho como um dos meus padroeiros, e quantas vezes o invoquei.
A minha mãe também gostava do nome Leão por causa do santo Papa Leão XII, o pontífice da sua infância. Ela guardou durante toda a sua vida um terço benzido por ele e que lhe fora oferecido no pensionato. (Leão XII foi papa de 1823 a 1829, portanto foi o papa de infância de mãe do P. Dehon. Unia a uma grande austeridade de costumes uma inesgotável caridade)"
Conclusão
Assim dizia Leão Dehon:
"Nosso Senhor disse que devemos chegar a ser ardentes como os leões para nos deixarmos imolar como cordeiros." (Carta ao Pe. Falleur, 09/09/1881, Inv. 465.08, AD: B22/11)

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Leão Dehon no Seminário

Na Semana dos seminários, partilhamos a experiência dehoniana de seminário.

1. Preparação para o Seminário
Depois de tantos anos de espera para que o pai o deixasse entrar no Seminário, Leão Dehon, recém-doutorado em Direito, acha que chegou a altura de realizar o seu sonho. O pai oferece-lhe uma viagem ao Médio Oriente para dissuadi-lo, mas a vocação persiste bem como a decisão. No final da viagem passa por Roma:
“14-25 de Junho de 1865. Esta primeira permanência em Roma não foi muito longa: só dez dias! Mas deixou-me profundas recordações e nela recebi grandes graças. Fiquei encantado com os grandes santuários: S. Pedro, S. Paulo, Santa Maria Maior, S. João de Latrão. Era a nova Jerusalém toda viva e resplandecente. É a ressurreição enquanto que a antiga Jerusalém ficou mergulhada nas trevas da Paixão e da morte do Salvador.
Durante esta breve estadia fui bem amparado pela Providência. Mons. Dupanloup enviara-me boas cartas de recomendação. Fui bem recebido em toda a parte. Era um favor especial ter audiência de sua Alteza. Falou-me da carreira eclesiástica e deixou transparecer o desgosto de haver poucas carreiras abertas para os “filhos de família” nos Estados pontifícios.
O Sr. D’Hulst era um estudante de teologia. Morava na praça Ara Coeli. Deu-me uma quantidade de informações úteis, e aconselhou-me fortemente a fazer os meus estudos no Colégio Romano.
Mas a melhor das alegrias foi ver Pio IX, a bondade unida à santidade. Vi-o em audiência particular, graças a uma carta do Bispo de Orleans110. Era uma tarde, pelas 6 horas. Conduziram-me por um longo corredor exterior, construído em saliência para ligar os seus apartamentos. Falei-lhe da minha peregrinação aos Lugares Santos, da minha vocação, da minha indecisão sobre o lugar dos meus estudos. Aconselhou-me o Seminário francês de Roma. A sua decisão estava conforme às minhas atracções.
Parece-me que esta primeira bênção de Pio IX me alcançou grandes graças.
Agora, eu sentia-me em paz. Fiz conhecimento com o Pe. Freyd do Seminário francês. Era um homem de Deus, um santo, como dissera Pio IX. Liguei-me a ele desde esse momento.
Assisti a umas aulas no Colégio Romano. Percebi que essa doutrina me encantava. Pareceu-me já ser da casa. No dia 21 assisti às festas de S. Luís de Gonzaga: missa, comunhão geral, panegírico. Gostava deste caro santo desde há muito tempo. Invocava-o desde o berço. Quantas graças lhe devo! Tinha feito em Roma tudo o que aí queria fazer. A minha vocação estava decidida, era a coroação da minha viagem…” (NHV II pag 164)

2. Entrada no Seminário
“Cheguei a Roma a 25 de Outubro de 1865, bem comovido pelo fim da minha viagem e pelo aspecto desta cidade que desperta em nós a história toda. Notei, ao chegar, os principais monumentos, reconheci-me neles e vi-me feliz por ter regressado.
Estava finalmente no meu verdadeiro elemento; eu era feliz. O seminário era uma velha residência, estreita, toda na vertical, sombria e triste no seu interior. Não importa, eu era feliz. Deram-me um quarto no quinto ou sexto andar, já nem sei bem, numa água-furtada por baixo do telhado, por cima da capela. O quartinho era pequeno e nu, a cama era dura; pouco importa, eu era feliz. Dois bons condiscípulos instalaram-me: Verloque, do Var, futuro cónego de Fréjus, e Prumetti, da Saboia, futuro ecónomo deste mesmo seminário. O bom Duplessis foi o meu primeiro chefe de passeio. Agora é Director do Seminário. Dos anos passados aí, só guardei doces recordações. Gostaria de revivê-los, esses anos. Tudo aí era bom: o encanto dos estudos sagrados, o piedoso recolhimento da cela e da capela, a santa direcção do Pe. Freuyd, a amizade sincera dos bons condiscípulos. Após seis anos aí passados, eu gostaria ainda de ter ficado. E quando lá voltei em 1877 com Mons. Thibaudier pedi-lhe muito seriamente para refazer dois ou três anos de Seminário. Quantas graças aí recebi! Nunca o saberei dizer. É um oceano insondável para mim.” (NHV III, pag 17)

3. A vida no Seminário (1865-1871)
No registo do seminário francês de Santa Clara, em Roma, pode-se ler-se a avaliação do estudante/seminarista:
“Leão Dehon, da diocese de Soissons.
Entrou a 25 de Outubro de 1865.
Saíu a 1 de Agosto de 1871.
Carácter: excelente.
Capacidade: grandíssima.
Piedade e regularidade: perfeitas.
Notas e informações diversas: o Rev. Dehon, doutor em Direito, advogado na Corte de Apelo de Paris, depois de uma viagem ao Oriente que os pais lhe proporcionaram para pôr à prova a sua vocação, à qual se opunham, começou em 1865 os estudos eclesiásticos.
Frequentou o curso de Filosofia no Colégio Romano, onde se doutorou.
Frequentou depois, durante quatro anos, os cursos de Teologia, a que juntou os de Direito Canónico.
Durante o Concílio Vaticano, foi um dos nossos quatro estenógrafos.
O resultado dos estudos foi muito brilhante, tendo recebido numerosos prémios…
Era um dos nossos melhores alunos sob todos os pontos de vista. Piedade, modéstia, gravidade, regularidade, dedicação para com os seus professores, aplicação enérgica, etc…tudo contribuía para torná-lo muito estimado…”

4. Recomendações do Pe. Dehon para os Seminários de ontem e de hoje
- “É o nosso fervor... que atrairá a bênção divina e as vocações, que hão-de vir pelo ascendente, não das nossas qualidades e talentos naturais, mas pela nossa virtude.” (CF, 8 de Janeiro de 1886).
- “Há um certo risco dar-lhes um mês (de férias aos seminaristas), mas é necessário também que as vocações sejam provadas, e ainda, os que não visitam os seus familiares, não conhecem nada do mundo e da vida concreta.” (Carta ao Pe. Kusters, 10/07/1901, Inv. 260.08, AD: B19/5)
- “Não tenhamos medo de admitir nos nossos sseminários crianças simples e pobres desde que tenham coração, isto é, boa vontade e amor.” (CA, Pág. 143)
- “O padre sobreviverá a si mesmo pelas vocações que tiver discernido, encorajado, favorecido.” (CS, Pág. 622)
- “Quando Nosso Senhor dá uma vocação, dá também os meios para realizá-la.” (Carta a M. É. Guébing, 30/07/1912, Inv. 1111.08, AD: B83/2)
- “Suscitar vocações não é tudo: é preciso conservá-las.” (Para a Revista ‘O recrutamento Sacerdotal’ nº 1, 14/01/1901, Inv. 939.20, AD: B71/2)
- “Um dos deveres do padre é cultivar as vocações, favorecê-las, prepará-las.” (CS, Pág. 567)
“Um padre que não se interesse pelas vocações não tem verdadeiro espírito apostólico.” (CS, Pág. 567)
- “Uma vocação é uma flor delicada que pode definhar.” (Carta a Louis Julliot, 29/12/1922, Inv. 861.11, AD: B62/4)
- “Uma vocação privilegiada exige uma grande fidelidade.” (DE, Pág. 195)
- “Uma vocação tão bela requer um grande fervor e uma generosidade sem limites.” (Testamento Espiritual, 1914)

Modelo Sacerdotal


Um Leão chamado Prévot

O mês de Novembro é o mês do Pe. André Prévot. Nasceu no princípio de Novembro e, 73 anos depois, também em Novembro mas no final, terminou a sua peregrinação na terra.
Neste Ano Sacerdotal, aproveitamos a efeméride para partilhar um exemplo de santidade sacerdotal. É o 'Santo Cura de Ars' dos Sacerdotes do Coração de Jesus.

A) ALGUMAS DATAS IMPORTANTES DA VIDA Pe. ANDRÉ PRÉVOT

09 de Novembro de 1840 - Nascimento de Leão Prévot, em Le Tiel (Ardèche), França, o sétimo dos dezasseis filhos de Simão Francisco Prévot e de Ana Florentina Decoux Villard.
10 de Novembro de 1840 - Baptismo
17 de Outubro de 1856 - Entrada no Seminário de Viviers
1859 - Deixa o seminário e entra no Noviciado dos Jesuítas
1861 - Abandona o Noviciado por motivos de saúde
01 de Abril de 1865 - Ordenação de Diácono
10 de Junho de 1865 - Ordenação Sacerdotal em Aix
1869 - Nomeado Capelão das Urselinas de Aix
1875 - Pároco de Port de Bouc
1876 - Estabelece-se em Avenières
1877 - Doutoramento em Teologia em Roma
10 de Outubro de 1882 - Nomeado Capelão de Villeneuve d’Avignon
Maio de 1884 - Pároco de Aigues Mortes
Outubro de 1884 - Capelão de Bouillarges
22 de Setembro de 1885 - Profissão Religiosa na Congregação dos Sacerdotes do Coração de Jesus, tomando o nome de André
Setembro de 1886 - Nomeado Mestre de Noviços dos SCJ
29 de Setembro de 1896 - Eleito Segundo Conselheiro Geral dos SCJ
09 de Janeiro de 1909 - Nomeado Superior Provincial
07 de Maio de 1913 - Nomeado Primeiro Conselheiro ou Assistente Geral
26 de Novembro de 1913 - Morre Brugelette

B) ALGUMAS CENAS DA VIDA DO Pe. ANDRÉ PRÉVOT

O despertar. O Pe. André estava a pé antes da hora, porque, se o sineiro se atrasava algum minuto, aproximava-se do corredor e pronunciava o mais alto que podia, isto é, com voz bastante fraca, o ‘Vivat Cor Jesu’ tradicional.
Se por acaso lhe parecia que o motivo do atraso era um esquecimento ralhava severamente com o sineiro e levava-o a comprometer-se a suprir pessoalmente o total dos minutos que tinha feito perder a cada membro da comunidade na sua oração.
Se sabia que algum dos seus noviços não se levantava ao primeiro sinal, aproximava-se da sua cela, mexia um pouco na cortina e, se não havia nenhum sinal na cama, aproximava-se do dorminhoco e chamava-o à ordem.
Quando descíamos à capela, estava ele sempre a terminar a Via-Sacra, ou bem ajoelhado diante da Nossa Senhora do Coração de Jesus.
Já tinha, desde estas horas da manhã, o terço na mão e quase nunca o largava durante o dia.
Era ele mesmo quem conduzia a oração, naqueles tempos, nos exercícios da comunidade. Às vezes isto proporcionava-nos a oportunidade de alguma risota, porque este bom Padre, com frequência, fazia da noite dia, pelas suas prolongadas vigílias, o que o obrigava a fazer do dia noite. Dávamo-nos depois conta de que, por exemplo, no meio das ladainhas do Nome de Jesus, ele hesitava, gaguejava e ia acabar no meio das ladainhas da Virgem Maria. E isto observava-se sobretudo à noite. A esta hora já não podia mais e, algumas vezes, as ladainhas com as quais se conclui a oração da noite iam, depois, do Kírie eleison ao Agnus Dei. Outras vezes, ao contrário, chegados ao Agnus Dei, imperturbavelmente voltava a começar de novo com o Kírie eleison. Ninguém interrompia: Ora pró nobis ou Misesere nobis, pouco importava. Respondíamos com entusiasmo…, para ver até onde ia parar o cansaço e o sono do Padre Mestre.
A meditação, naqueles tempos, durava três quartos de hora, depois das orações. Não nos podíamos sentar sem uma autorização especial por motivo de cansaço; ficávamos de pé ou de joelhos.
O Rev. Padre Mestre ia – no Inverno, porque a luz não lhe permitia ficar no seu lugar – colocar-se debaixo da lâmpada, junto a uma coluna, onde lia a meditação em voz alta, lentamente, com a monotonia de um aluno que está a aprender a ler, articulando bem todas as sí-la-bas com o objectivo de fazer-se ouvir por todos, porque havia no noviciado franceses, holandeses, alemães e a leitura fazia-se para todos em francês.
Falei do seu sorriso. Desaparecia depois de se levantar até depois da refeição. Por exemplo, tinha um ar muito grave, quando saía do seu lugar para ir à sacristia, na hora da missa.
Fazia de tudo, sem contar por outro lado todo o tempo que estávamos na capela. Tinha sempre o seu relógio sobre o banco, porque nós não tínhamos nem assentos, nem genuflexórios, nem cadeiras de coro. Ocupava o primeiro lugar do banco ao lado do noviço mais velho.
Celebrava a Santa Missa com uma dignidade, recolhimento e piedade extraordinários, e preocupava-se que se observassem rigorosamente todas as normas da liturgia. Ficava feliz quando se celebrava deste modo, e não se esquecia de mostrar a sua satisfação quando se tinha cantado bem, e se tinham cumprido com exactidão todas as coisas.
E tinha muito boa vista, e os seus olhos, muito negros, eram muito vivos. Não os levantava, nem frequentemente nem muito, mas num relance via o que estava em ordem ou não estava.
A acção de graças durava até ao pequeno-almoço. E, por outro lado, quando não estava no seu quarto, de certeza que podia ser encontrado na capela.
Em tudo o que dizia respeito ao serviço da comunidade e ao serviço de Deus, o seu princípio eram as palavras de São Paulo: “Omnia honeste” (honestamente, para a sua glória) “et secundum ordinem (ordem e regularidade).
No que se refere às faltas de disciplina eram raras…, de resto não conhecia a distinção do “pormenor” na obediência. Tudo era, a este respeito, grave, importante, sagrado, intocável. Se a ocasião o exigia as reprimendas eram severas…, metiam medo. Isto levava-o por vezes a infligir castigos penosos à comunidade ou às pessoas, que por sua vez se arrependiam humildemente se era de justiça.
Um domingo pela manhã deu-se conta de que alguém tinha ido buscar a caixa de charutos, e que um descuido inconsciente tinha deixado as suas marcas sujas na carpete do corredor e nalguns degraus das escadas. À mesa pediu que o culpado se acusasse mas ninguém se mexeu. Então pregou-nos um sermão sobre a hipocrisia e a mesquinhez e disse que teria de castigar a todos por causa de um só.
Ninguém avançava. Esperou alguns minutos e, depois, disse-nos que guardássemos silêncio até que aparecesse o culpado.
Silêncio! Um Domingo! O único dia em que se podia falar um pouco mais…
fazer, era viver a santa indiferença! Quase no fim do retiro, tendo ido procurá-lo e tendo-lhe exposto o meu problema e a minha resolução, deu-me força e ânimo com um tal tom de bondade que parecia completamente outra pessoa. O Pe. André tinha um bom, um muito bom coração, mas não o mostrava a não ser na intimidade, na direcção particular.
Por princípio, nos exercícios da comunidade, nas conferências, estava a regra, a regra austera. Isto, apesar do sorriso, quase habitual, que atraiçoava os seus colóquios íntimos, com o seu bom anjo sem dúvida, ou com a Boa Mãe.
Quando saía da sua intimidade e, quando verdadeiramente estava connosco, com frequência desaparecia o seu sorriso.
Fui, portanto, ter com ele, no fim dos Exercícios Espirituais e disse-me que a santa indiferença era, na verdade, o mais belo, o mais fácil e o mais agradável! E indicou-me então que, sempre que se apresentasse a ocasião, devia manter a minha resolução alegremente!
Separamo-nos, e passados oito dias depois, recebi a minha destinação: devia ir como professor para a Escola Apostólica de Leyenbroek, para onde o Pe. André acabava de regressar.
Um ano inteiro com este bom Padre! Devia tê-lo estudado mais de perto, tomado notas. Por isso a 25 anos de distância, não posso dar outra coisa senão impressões gerais.
O acolhimento foi verdadeiramente paternal. Todos os que conheceram o Revdo. Padre, que o escutaram pelo menos uma vez, poderiam facilmente acrescentar o tom e os gestos a cada uma das palavras que seguem:
Alguém aproximava-se da sua porta em bicos de pés, batia com cuidado, e punha-se à escuta aproximando o mais perto possível o ouvido da porta. E de dentro, então, ouvia-se uma voz débil que dizia: Deo Gratias! Entrava-se, dizendo: Vivat Cor Jesu! Ao que o Pe. André respondia com efusão: Per Cor Mariae! Levantava-se da sua mesa, depois apertava-nos as mãos, às vezes dava-nos um abraço em que se percebiam os seus ossos, dizia-nos com um tom paternal, um pouco como arrastando a voz e como cantando: Querido filho! Como estás? Nosso Senhor é quem te traz! Vens trabalhar na sua obra! Aqui estás em casa da Boa Mãe! Querido filho queiramo-nos bem! Estamos felizes por estares entre nós! E em seguida, solícito, acrescentava: Precisas de alguma coisa? Estás cansado? E quando a conversação chegava ao seu fim: Vamos, querido filho! Queiramo-nos bem, sirvamos Nosso Senhor com toda a fidelidade!
Este tom, estas maneiras, estas atenções, quase estas carícias, davam uma calma que contrastava de modo particular com a atmosfera de penitência que se respirava na sua cela.
Uma mesa de trabalho, duas cadeiras, uma cama de ferro, uma mesa-de-cabeceira, um espelho redondo de dez cêntimos, suspenso de uma das duas janelas por uma pinça, e cujo fundo era com favor de uma vulgar folha de lata. E digo com favor porque o espelho não estava intacto, estava feito em pedaços. Esta pode ser uma das razões pelas quais o Pe. André andava sempre tão mal barbeado. Os juízes examinaram se não havia um certo excesso de mortificação nesta mania ou nesta vontade de seguir este costume – não bem visto na comunidade – de ter estas fraquezas.
Na parede, um crucifixo, uma imagem do Coração de Jesus, outra do Coração Imaculado de Maria…, nunca vi outra coisa. Perdão, um candeeiro de petróleo, algo parecido às lâmpadas Pigeon a gasolina, isto é, sem vidro, com uma pequena torcida fumegante que, forçosamente tinha que cansar a vista. Este pequeno candeeiro seguia-o por todo o lado: no coro da capela, no seu assento, na sacristia e aonde queira que tivesse de estar por algum tempo e, também onde tinha de acender as grandes lâmpadas de petróleo da comunidade.
Salvo raras excepções, eu quase nunca ia ao seu quarto, a não ser para a direcção espiritual. Ele deixava falar, fazendo de vez em quando um ligeiro sinal de assentimento, dizendo: “Está bem.” Depois, quando por sua vez tomava a palavra, era para animar e para exortar a ir em frente.
Não sei se tratava a todos como a mim, mas quis-me parecer que gostava das atitudes militares, algo como de destemido, valente, cavaleiro. Sim, tinha uma alma de cavaleiro e às vezes também o tom. Teria montado com gosto sobre o cavalo de S. Jorge para me fazer montar e ver como era necessário para lançar-se ao assalto da perfeição.
Agrada-me descrever assim o Bom Padre, porque creio que é um aspecto que não lhe é conhecido. Ao mesmo tempo que dirigia o Noviciado, era também superior da casa, e por isso da Escola Apostólica. Ele intervinha às vezes: Quando os rapazes necessitavam de um pouco de medo! Apesar disso, não queria ser esquivo, ao contrário gostava que nos ríssemos e fizéssemos rir os rapazes.
Recordo-me que um dia de festa… (não há que esquecer que então eram tempos primitivos ou pré-históricos), os professores jovens quiseram ser os actores de uma comédia. O Pe. André assistia à comédia. Para acentuar os contrastes, eu que representava bastante bem se não em altura, ao menos como gordo, uma vara para o lúpus, tinham-me colocado uma barriga avantajada, postiça naturalmente. A personagem que eu representava arrancou lágrimas ao Pe. André, que não me reconheceu. Depois da sessão abordou-me: Querido irmão, quem era aquele gordo que me fez rir tanto? Não fui capaz de o reconhecer! E quando eu lhe disse divertido que não distinguia melhor aos seus queridos filhos, replicou com alegria e quase com loquacidade, com um tom um pouco meridional: De verdade, não te conheci. Continua, querido filho, com a alegria e o divertimento da casa! Há que divertir as crianças! Há que fazer-lhes o bem, divertindo-as…
Quando no dia seguinte já a festa tinha passado, era necessário esquecer todo o sucedido e ele continuava a insistir na humildade, no recolhimento, na obediência.
Esta é a vida do Pe. André tal como eu a vi com os meus próprios olhos.
(de umas folhas escritas à mão, com uma letra muito pequena, em francês, a que presumo que falte alguma, pelo Pe. Jacquemin, noviço, primeiro assistente, e depois sucessor desta grande figura quase desconhecida da nossa Congregação)

domingo, 8 de novembro de 2009

Óbolos da pobre viúva


Ano B - XXXII Domingo Comum

- Dia de pedir emprestado os ÓCULOS de Jesus para ver tudo como só Ele sabe ver. Jesus vê a insignificância do óbolo de uma pobre viúva e desvaloriza as grandes quantidades de um rico empolado e pomposo.
As lentes desses óculos têm a propriedade de REDUZIR o mal e AUMENTAR o bem. Tem também a forma de um coração, pois vê tudo com amor.
- Dia de aprender a ser generoso como a pobre viúva que deu tudo o que tinha. O rico só deu daquilo que lhe sobrava enquanto a pobre viúva deu tudo o que tinha. O que mede a nossa generosidade não o quanto damos, mas inversamente proporcional ao quanto retemos para nós.
- Dia de aprender a ser desprendido. É preciso aprender a abrir as mãos. Aprendi no canal da Odisseia que há uma curiosa técnica para apanhar macacos, pois eles são incapazes de abrir as mãos: Põe-se umas bananas dentro de uma gaiola. Há apenas uma abertura onde cabe a mão deitada. O macaco mete a mão aberta, agarra uma banana e tenta sacar a mão para fora, mas não consegue com a mão fechada. Teria de deixar cair a banana para tirar a mão. Fica preso, mas não abre a mão para não perder a banana que apanhou.
Assim às vezes nós não sabemos renunciar, não queremos abrir as nossas mãos e por isso ficamos prisioneiros da nossa ganância.

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Ovelha perdida

5ª Feira - XXXI Semana Comum

Uma ovelha encontrou um buraco na cerca e fugiu por ele, satisfeita por se ver, assim, em liberdade.
Caminhou muito tempo e perdeu o caminho de volta para casa. Só então percebeu que um lobo faminto a seguia de perto.
A ovelhinha começou a correr e o lobo correu também; até que, de repente, chegou o pastor e salvando-a da fera, levou-a para casa, com muito carinho.

Mas, apesar do conselho de amigos que viram tudo como foi, o pastor recusou fechar o buraco da cerca por onde a ovelhinha fugira.

Anthony de Mello in “O canto do pássaro”

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

São Carlos Borromeu

4 de Novembro
São Carlos Borromeu, Cardeal Arcebispo de Milão, + 1584

Foi o grande animador da conclusão e aplicação do concílio de Trento que promoveu a renovação interna da Igreja.
Destacou-se pela facilidade de administrar e tratar as pessoas:
Ele era caridoso com todos;
Indulgente com muitos;
Severo com alguns;
Inexorável consigo mesmo.

Nós somos parecidos com ele.
Também somos caridosos, indulgentes, severos e inexoráveis.
A única diferença está nos destinatários:
Somos caridosos com alguns;
Indulgentes connosco mesmos;
Severos com todos:
E inexoráveis com muitos.

Há que pôr outra ordem no nosso trato das pessoas!

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Dia de Finados

1 de Novembro - Dia dos Fiéis Defuntos

A celebração dos Fiéis Defuntos é benéfica para todos:
- Para Deus
- Para os nossos Defuntos
- E para todos nós.

A todos estes deixo um C:
- Para Deus um C de Confiança – Jesus diz “Vinde a mim…” Ele é a meta da nossa caminhada, o fim do nosso caminho. Nós temos um destino, não caminhamos à toa. Vamos então cheios de confiança. O dia de Finados é uma oportunidade de manifestarmos a nossa Confiança em Deus.
- Para os nossos Defuntos um C de Comunhão. Eles apenas se anteciparam, foram um pouco à nossa frente, mas não nos abandonaram. Nós continuamos unidos a eles através da oração e na esperança. Rezamos por eles, mas sobretudo rezamos com eles. O dia de Finados é uma boa oportunidade de manifestarmos a nossa comunhão, através da oração, com os nossos entes falecidos.
- Para cada um de nós um C de Caminhada. É preciso continuar a caminhar, a ir em frente a progredir no caminho da santidade para merecermos encontrar-nos com Deus que é a nossa meta e com os nossos irmão que já dobraram a curva da vida. A vida é como andar de bicicleta, pois para mantermos o equilíbrio temos que andar em frente. O dia de Finados é uma boa oportunidade para andarmos em frente, com todo o equilíbrio e com toda a dignidade. Caminhar condignidade para um dia entrarmos no céu com toda a dignidade.
Celebremos então num só Coração e numa só Alma: Unindo o nosso Coração ao Coração dos nossos falecidos e ao Coração de Deus que nos diz Vinde a mim...

domingo, 1 de novembro de 2009

Dia do Pão por Deus

Hoje é dia do PÃO DE DEUS
E o dia do PÃO POR DEUS:

- Pão de Deus que é a Eucaristia
- Pão por Deus que são os frutos da Natureza

- Pão de Deus, o Pão que recebemos
- Pão por Deus, o Pão que partilhamos

- Pão de Deus que nos é dado
- Pão por Deus que damos

- Pão de Deus que vem do Céu
- Pão por Deus que vem da Terra

- Dia do Pão de Deus porque é Domingo
- Dia do Pao por Deus porque é o dia de todos os Santos

- Que o Pão de Deus se transforme em Pão por Deus
- Que o Pão por Deus não esqueça o Pão de Deus.

- Que todos possam partilhar do mesmo Pão.