terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Olhos da Fé

5º Dia da Oitava de Natal - 29 de Dezembro

Simeão tomou-o nos braços e bendisse a Deus, dizendo:
«Agora, Senhor, segundo a tua palavra,
deixarás ir em paz o teu servo,
porque meus olhos viram a Salvação.»

Como é que o velho Simeão viu?
Ele era de idade avançada, faltava-lhe já a vista.
Foi com os olhos da fé.

A lição tinha de vir de alguém assim, que mostrasse que vemos a Deus não com os olhos da cara mas com os da fé.
Para ver a Deus mais vale fechar os olhos do que pôr uns óculos.

domingo, 27 de dezembro de 2009

Natal (15)

O Filho Unigénito de Deus fez-se Filho do homem, para converter muitos filhos dos homens em filhos de Deus (Santo Agostinho, Sermão 194).
Deus quis nascer para nós hoje no tempo a fim de nos conduzir à eternidade do Pai.
Deus fez-se homem para que o homem se tornasse deus.
Para que o homem comesse o pão dos Anjos, hoje o Senhor dos Anjos Se fez homem
(Santo Agostinho, Sermão 13) .

Nasci nu, diz Deus, para que tu saibas despojar-te de ti mesmo.
Nasci pobre, para que tu possas considerar-me a tua única riqueza.
Nasci num estábulo, para que aprendas a santificar todos os lugares.
Nasci débil, para que tu nunca tenhas medo de mim.
Nasci por amor, para que nunca duvides do meu amor.
Nasci de noite, para que acredites que posso iluminar qualquer realidade.
Nasci pessoa, para que nunca te envergonhes de seres tu mesmo.
Nasci homem, para que tu possas ser Deus.
Nasci perseguido, para que tu saibas aceitar as dificuldades.
Nasci na simplicidade, para que tu deixes de ser complicado.
Nasci na tua vida, diz Deus, para te levar, a ti e a todos para a Casa do Pai.
(Lambert Noben)

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

BOAS FESTAS

Os meus votos para este tempo:

Feliz Nata !!!

Sim, não é um erro. É apenas um NATAL sem o L,
isto é, Natal sem fim...


Outra vez Deus se faz menino para que saibamos crescer com ELE.

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Natal (14)


Ele Deus Connosco
Nós Homens Com Ele

Explicava eu aos alunos que Jesus era o Emanuel, o Deus-Connosco.
- Que quer dizer Deus-Connosco?
A resposta ensinada era que Deus, ao nascer homem, quis fazer parte da humanidade, sendo homem connosco. Mas um aluno respondeu de maneira diferente:
- Quer dizer que nós somos Deus com Ele.
De facto, Jesus, ao fazer-se homem como nós, dá-nos oportunidade de sermos Deus como Ele. Quando dizemos a palavra Deus, pensamos em Alguém distante, abstracto, estranho. Ele é, afinal, um dos nossos, tão próximo que quis chamar-se Emanuel.
Mais propriamente Jesus devia ser Homem-Connosco, ou Filho de Homem, como tantas vezes sugere a Bíblia. E nós, com toda a propriedade, devíamos ser Deus com Ele.
(Outra Vez Deus de Palmo e Meio, 89)

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Natal (13)


Parabéns ao Menino Jesus

O professor de Educação Moral e Religiosa Católica do Primeiro Ano preparou a sala de aula para uma breve celebração natalícia.
Sobre a mesa colocou um vaso de flores, o Menino Jesus e uma vela.
Explicou que aquilo serviria para comemorar o Nascimento de Jesus.
Mal acendeu a vela, todos os alunos, prontamente, correram para a mesa, cantando “Parabéns a você”.
No final, sopraram todos ao mesmo tempo a vela.
O professor deixou estas coisas acontecerem naturalmente, surpreendido por aquela expressão espontânea de celebrar.
Contou-me, depois, que ficara sem vontade de envolver esses alunos noutro tipo de celebração, pois aquela tinha valido por todas, na sua beleza, espontaneidade e profundidade.
De facto, trataram Jesus como um colega amigo que fazia anos.
Todos apagaram a vela, pois acreditavam que Jesus estava neles.
Para mim, foi a mais bela e feliz celebração nesse Natal.
(Outra Vez Deus de Palmo e Meio, 56)

domingo, 20 de dezembro de 2009

Natal (12)

Licença para falar

Os alunos mais novos tinham preparado um presépio sob a forma de uma Lapinha tradicional madeirense. Coube-me fazer a explicação do seu significado. Comecei por chamar a atenção para a figura do Menino Jesus, no alto da escadinha, de pé com um braço levantado a apontar para o Céu. Queria explicar que esse gesto significava que Jesus vinha do Céu e para lá nos apontava o caminho. Então perguntei:
- Quem quer dizer por que é que Jesus está assim com o braço levantado?
Um miúdo do Primeiro Ano levantou o braço para responder:
- Ele está assim, porque está a pedir licença para falar.
Estremeci perante esta verdade. Jesus é o Verbo Eterno do Pai e, ao nascer, pediu a palavra. Tinha-me esquecido de que o Natal é a oportunidade de Deus apresentar a sua Palavra, na linguagem dos homens. Na sua inocência, aquele miúdo conseguiu chamar-se a atenção para essa verdade.
(Outra Vez Deus de Palmo e Meio, 5)

sábado, 19 de dezembro de 2009

Natal (11)


NATAL DA BICHARADA

I Cena (Ovelha e Burro)
Burro – Boa noite, Senhora Ovelha!
Ovelha – Uma noite feliz, é verdade. È uma noite de paz, com muita luz. Já há muito tempo não via uma noite assim…
Burro – É verdade, esta noite é diferente, já notei isso, mas não sei dizer, nem explicar porquê.
Ovelha – Olha, olha, olha aquela estrela tão brilhante que até parece que está a cair na Terra.
Burro – Não parece, está mesmo a cair.

II Cena (Os mesmos e a Estrela)
Estrela – Olá, senhora Ovelha. Olá, senhor Burro. Porque estão tão espantados? Parece que nunca me viram!
Burro – Não sei porquê, mas esta noite é cada vez mais esquisita.
Ovelha – E vocês sabem porque esta noite é assim tão diferente das outras?
Burro – Eu cá sou Burro, eu não sei nada. Não sei porque é.
Ovelha – Eu lembro-me de uma noite muito parecida com esta, quando eu era ainda muito pequenina. Tenho a impressão que estava na Serra de Belém.
Estrela – É isso mesmo, esta noite é a Noite de Natal. Faz hoje anos que Jesus nasceu aqui bem perto de nós.
Burro – É verdade, já me estou a lembrar também. Afinal eu não sou assim tão burro. Eu também fui visitar esse Menino. Era tão bonitinho e a mãe dele parecia mesmo uma santa.
Estrela – Venha cá, senhor Galo. Ainda é muito cedo para cantar,

III Cena (Os mesmos e o Galo)
Galo – Boas noites, Senhoras e Senhores. Eu sou o galo mais velho da capoeira.
Ovelha – Muito prazer em conhecê-lo, mas o prazer será todo seu, pois está a falar com uma Ovelhinha muito importante. Eu conheci pessoalmente o Menino Jesus que hoje faz anos.
Galo – Olha a vaidosa. Pensa que foi só ela que O conheceu. Então vocês não sabem quem foi que anunciou a todos os vizinhos o seu nascimento? Fui eu. À meia-noite, quando Ele nasceu, eu comecei a cantar com tanta força que toda a gente acordou e ficou a saber o que se tinha passado. Todos levaram presentes, mas o meu presente foi o melhor. O meu presente foi esse: despertei toda a gente. E tu, o que foi que lhe deste?
Ovelha – Eu ainda era pequenina, nada podia oferecer de meu. Fui deitar-me bem perto dele e assim aqueci-o com o meu bafo. Estava muito frio nessa noite.

IV Cena (Os mesmos e o Boi)
Boi – Boa noite, senhores animais. Desculpem meter-me na conversa, mas tenho estado ali a ouvir e não resisti. Vocês esqueceram-se que eu é que aqueci esse Menino. Vocês viram-me lá com certeza. Estiquei o meu pescoço para cima da manjedoura e o calor que saía da minha boca aquecia o Menino Jesus, tão pobrezinho.
Ovelha – Mas eu também O aqueci, embora eu tivesse uma boca mais pequena. Além disso eu também lhe dei outra prenda.
Boi – Tu estás a mentir, tu não tinhas mais nada para lhe dar.
Ovelha – Não tinha, mas arranjei. Nessa noite eu não bebi o leite do meu jantar e levei-o à Mãe do Menino. Ela ficou satisfeita e eu nem sequer senti fome.
Estrela – Muito bem, estou a ver que cada um de vós ofereceu alguma coisa na noite de Natal. A minha oferta foi simples. Nada tinha de meu para oferecer para além da minha luz. Por isso resolvi servir-me dela para alumiar a gruta de Belém. Indiquei também o caminho a muitos pastores que andavam à procura do caminho para lá chegarem.
Galo – Olha, ali vai um homem. Escondam-me porque se ele me vê, pode querer matar-me para o seu jantar de Consoada.
Burro – Não tenhas medo, ó galinho, hoje há festa, e ninguém faz mal seja a quem for. Esta é a noite da Paz.
Galo – Então vou chamá-lo. Cócorócóco…

V Cena (Os mesmos e o Homem)
Homem – Mas o que é isto aqui? Nunca vi tanta bicharada junta.
Boi – É porque hoje é dia de festa, dia de Natal. E nós estamos a recordar esse dia. Cada um de nós ofereceu uma prenda. Tu, que és o rei da criação, com certeza também lhe ofereceste muita coisa, não é verdade?
Homem – Bem, eu já nem sequer me lembro o que é que lhe ofereci. Nunca mais pensei nisso.
Burro – Com que então tu não te lembras o que é que lhe ofereceste? Pois lembro-me eu, eu que sou Burro, lembro-me bem o que é que tu, homem inteligente, lhe ofereceste: deste-lhe uma cruz!
Estrela – Uma cruz!? Para que lhe ofereceste uma cruz?
Burro – Essa cruz serviu para matarem Jesus. O homem perdeu a cabeça e pregou Jesus nessa cruz onde Ele morreu. Porém, alguns dias depois, ressuscitou.
Homem – É verdade… foi mesmo assim. Eu já me arrependi. Eu agora queria oferecer muitas coisas boas, mas já é tarde, agora já não posso fazer nada.
Galo – Já é tarde?! Nunca é tarde para fazer ma boa acção. Tu ainda podes oferecer tudo o que quiseres a Jesus. Basta ofereceres agora aos outros meninos que passam necessidade, aquilo que gostarias de oferecer a o próprio Jesus.
Estrela – Jesus até disse, uma vez, que tudo o que se fizesse a um pobrezinho era a mesma coisa que fazer ao próprio Jesus.
Homem – Espera aí. Já sei que vou fazer. Vou ajudar todas as crianças a passarem um feliz Natal. Vou preparar uma festa, ficarão na minha casa, para não passarem frio.
Boi – Eu também vou fazer uma coisa que até agora tive medo de fazer. Eu vou oferecer a minha carne para que todas as crianças não passem fome neste dia. Assim terão muitos bifes.
Galo – Já agora, eu também me vou oferecer à casa mais pobrezinha e assim poderão fazer uma canja tão quentinha para se aquecerem. Já não tenho medo de morrer; eles precisam de mim.
Estrela – Muito bem, eu vou brilhar com toda a força para que haja muita luz nas estradas, para ninguém se perder e assim, nenhuma casa ficará às escuras por ser pobre.
Ovelha – Eu vou oferecer o meu leite aos meninos que estão muito fracos e que não têm dinheiro para comprarem o que precisam.
Burro – Eu ofereço-me para transportar os meninos que não podem andar. Vou passear com eles e será uma grande festa.
Homem – Vamos, então todos. Vamos fazer felizes todos esses meninos.




quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Natal (10)

O Presépio como Espelho

Qual é a figura do presépio que mais gostaria de imitar neste NATAL?

Há quem se identifique com o burrinho.
Há quem se mostra a força da vaquinha.
Há quem imite a mansidão das ovelhinhas.
Há quem assuma a simplicidade dos pastores.
Há quem se reveja na humildade dos reis magos.
Há quem manifeste o nervosismo de Herodes com medo de perder a fama.
Há quem copie a figura de Maria, mulher confiante.
Há quem deseje ser como José, silencioso mas activo e cheio de fé.
Há quem queira ser um Anjo portador de boas notícias.
Há quem tenha inveja da estrela de Belém, que sem falar anuncia e guia.

Eu contentar-me-ia ser como o MENINO JESUS.
Afinal Ele nasceu como nós para que pudéssemos viver como Ele.

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Cegos, surdos e mudos

4ª Feira - III Semana Advento

"Ide contar o que vistes e ouvistes..."

Perante Jesus ninguém pode ficar CEGO, SURDO e MUDO.
É preciso ver, escutar e proclamar.

Não basta ver, é preciso escutar e falar.
Não basta escutar, é preciso ver e falar.
Não basta falar, é preciso ver e escutar...
Quem ninguém diga de nós:
têm olhos e não vêem, têm ouvidos e não ouvem, nem a sua garganta articula qualquer som.

Proclamemos em alta voz as maravilhas que vemos e ouvimos.

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Pedir ajuda

3ª Feira - III Semana Advento

Um pai tinha muitos filhos e disse a cada um:
- Filho, vai hoje trabalhar na vinha.
O primeiro disse ao pai:
- Eu vou já – mas afinal não foi nem se justificou.
O segundo resmungou:
- Quanto é que me pagas por isso?
Outro advertiu:
- Eu já tenho a minha própria vinha!
Um outro avisou:
- Eu só vou quando todos forem, pois não vou trabalhar em vez de ninguém.
Aquele outro desculpou-se:
- Não posso ir agora, só mais tarde, talvez amanhã…
- Nem pensar, pois estou muito cansado
- Eu não, porque até nem gosto de vinho.
- É melhor contratar trabalhadores…
- Estava mesmo a ver que ia sobrar para mim…
- Se fosse para uma festa anda punha alguma hipótese de ir.
- Só me dás trabalho e mais nada.
- Isso é que era bom! Já lá foi o tempo do quero, posso e mando.
- Deixem-me em paz. Não tenho nada a ver com isso.
- Não tenho jeito para essas coisas.
- O melhor é repartir por todos a vinha como herança e cada um que se desenrasque.
- O que é que os vizinhos dirão?! Afinal quem somos nós?
- Já é tempo de acabar com essa vinha e investir noutra cultura.
Por fim, o mais novo respondeu:
- Eu é que preciso da ajuda do pai.
E o pai todo satisfeito exclamou:
- Até que enfim… Já alcancei o que pretendia.
É que o pai tinha pedido ajuda aos filhos, para que os filhos nunca tivessem medo de pedir ajuda ao pai…

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

São João da Cruz

14 de Dezembro
São João da Cruz, presbítero e doutor da Igreja

Nasceu em Fontiveros, em 1542. Fez-se carmelita no ano de 1563. Ajudou Teresa de Ávila na sua obra desde a primeira fundação dos frades contemplativos, em Duruelo, em 28 de Novembro de 1568. Estando doente em Ubeda, “foi cantar matinas no céu”, na noite de 13 de dezembro de 1591.

PÉTALAS DE ROSAS

1. A alma enamorada é suave, humilde, paciente e mansa.
2. A sabedoria entra pelo amor, pelo silêncio e mortificação; grande sabedoria é saber calar e não olhar aos ditos nem feitos nem vidas alheias.
3. Para se enamorar duma alma não põe Deus os olhos na grandeza dela, mas na grandeza da sua humildade.
4. A alma que caminha no amor não se cansa.
5. Quem não procura a cruz de Cristo não procura a glória de Cristo.
6. A obra pura e inteiramente feita por Deus no seio puro faz reino inteiro para o seu Senhor.
7. Agrada mais a Deus uma obra, por pequena que seja, feita às escondidas e sem desejo que saiba, do que mil feitas com desejo de que os homens as saibam.
8. Um acto de virtude gera na alma suavidade, paz, consolação, luz, pureza e fortaleza.
9. Vão é perturbar-se com as adversidades. Havemos de nos alegrar em vez de nos perturbar, para não perder a paz e a tranquilidade.
10. A alma é o altar onde Deus é adorado em louvor e amor ao que, por amor, está unida a Ele.
11. Se uma alma busca a Deus, muito mais Deus busca a ela.
12. Amar é trabalhar em despojar-se por Deus, de tudo o que não é Deus.
13. Só aproveita muito na virtude aquele que se deixa conduzir por Deus.
14. Sem caridade, nenhuma virtude é graciosa diante de Deus.
15. O olhar de Deus veste de formosura e alegria o mundo e todos os céus. É tanta a formosura de Deus, que a sua vista não pode suportar nesta vida
16. Os braços de Deus significam a sua fortaleza; reclinada a nossa fraqueza na fortaleza de Deus tem já a fortaleza do mesmo Deus. Na fortaleza voa o amor.
17. Para as honras devemos ter repugnância, e para a humildade prontidão.
18. Tanto mais livre está a alma quanto mais unida a Deus.
19. Para não perdermos a paz, devemos nos alegrar e não nos perturbar nas adversidades.
20. Quem opera com tibieza, está próximo da queda.
21. Procurai lendo e encontrareis meditando; chamai orando e abri-se-vos-á contemplando.
22. Grande mal é olhar mais aos bens de Deus que ao próprio Deus; oração e desapego.
23. Ao entardecer desta vida examinar-te-ão no amor. Aprenda a amar como Deus quer ser amado e deixa a tua condição.
24. Onde não existe amor coloca amor e amor encontrarás.
25. Quanto mais uma alma ama, tanto mais perfeita é naquilo que ama.

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Alcunhas

6ª Feira - II Semana Advento

Jesus faz a lista das alcunhas, apelidos ou 'nomes' que lhe chamavam:
- Glutão, Ébrio, 'Bom Vivant', Amigo de Publicanos e Pecadores...

Jesus encarna toda a experiência humana, igual a nós menos no pecado. Até nos nomes, alcunhas ou apelidos Jesus identificou-se connosco.

Tal como Jesus foi igual a nós nas alcunhas,
saibamos ser igual a Ele nas virtudes.

Alegrai-vos

Ano C - III Domingo Advento

O tema desta etapa do Advento gira à volta da pergunta: ‘e nós, que devemos fazer?’
A resposta repete-se nas várias leituras: ‘Alegrai-vos’.

No dia 14 celebraremos a memória de São João da Cruz. Santa Teresa de Ávila, afirmou a seu respeito que não era possível discorrer com ele sobre Deus sem vê-lo em êxtase. As grandes almas deleitam-se ao ouvir tão somente o nome de Deus.

E eu fico a pensar em tantos sermões que fiz ou que ouvi, tantas leituras, outras tantas exortações, celebrações etc. Mas quantas vezes me deixei arrebatar pelas coisas de Deus? Não interessa quem anuncia, não importa o que diz, basta só pronunciar esse nome para incendiar uma alma santa.
Quanta gente se lamenta, como eu, que as palavras do padre nada lhe diz, que os discursos da Igreja já não comovem! De quem será a culpa? Ouvir pronunciar o nome do Senhor era suficiente para inebriar o coração de São João da Cruz, porque tinha um grande amor.
Por coincidência, li recentemente que os cientistas concluíram que rir é o melhor remédio para o coração, diminuindo os danos causados pelo stress.
Que devemos fazer para preparar o caminho do Senhor?
Alegremo-nos e o nosso coração estará em condições para O receber.

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Cruz leve

4ª Feira - II Semana Advento

Na 1ª Leitura Isaías diz:
"Os que esperam no Senhor... correm sem se fatigarem, caminham sem se cansarem..."

No Evangelho Jesus diz:
"Vinde a mim... e eu vos aliviarei...porque a minha carga é leve."

A sabedoria popular diz:
"Quem corre por gosto não cansa..."

O Pe. Dehon diz:
"A cruz é leve quando a levamos por amor... "(Carta ao um noviço 20/08/1909, Inv 228.03, AD B18/14.3)
"Bebamos o amor e as cruzes de madeira ou de ferro tornar-se-ão como se fossem de palha" (CA, pag 194).
"Os que levam a cruz por amor encontram-na suave" (VA, pag 156).

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

As mãos do Sacerdote


Este texto, aqui adaptado, é dos séculos passados. Era proclamado nas Missas Novas (festa da primeira missa de um novo Sacerdote) aquando do gesto do Beija-mãos.
Recordo-me de, na minha infância, cumprimentar o meu Pároco dando-lhe um beijo na mão...

AS MÃOS DO SACERDOTE

As mãos do Sacerdote, consagradas na Ordenação Sacerdotal,
são mãos humanas tornadas divinas.

Todas as mãos são santas quando praticam o bem,
mas as do Sacerdote são-no ainda por um outro título.
Ungidas pelo óleo sagrado,
tornaram-se santas e santificadoras.

Quem derrama sobre as nossas cabeças a água baptismal
que nos faz cristãos e filhos de Deus?
As mãos do Sacerdote!

Quem traça sobre a nossa fronte humilhada
a cruz bendita do perdão no Sacramento da Penitência?
As mãos do Sacerdote!

Quem sacia as nossas almas famintas
com o Pão dos Anjos, a sagrada Eucaristia?
As mãos do Sacerdote!

Quem unge o nosso corpo, na doença,
com óleo santo que purifica a alma e reanima o corpo?
As mãos do Sacerdote!

Quem traça sobre as mãos dadas dos noivos a cruz do Amor,
penhor da fidelidade e de bênção para o novo lar?
As mãos do Sacerdote!

Quem lança sobre a campa silenciosa e fria dos nossos mortos
a última bênção, a última prece?
As mãos do Sacerdote!

As mãos do Sacerdote são as mãos do próprio Jesus,
mãos benditas, mãos trespassadas, mãos taumaturgas,
mãos de um homem com o poder
e a santidade das mãos de Deus!

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Santo Ambrósio

7 de Dezembro

Memória de Santo Ambrósio, Bispo e Doutor da Igreja

O Pe. António Vieira, no Sermão X - Maria Rosa Mística, escreveu:

"Notou engenhosamente Santo Ambrósio que o arco celeste não foi feito para Deus atirar setas aos homens, porque no tal caso havia de ter as pontas voltadas para o céu; mas tem as pontas voltadas para a terra, porque foi feito para os homens atirarem setas a Deus.
As duas pontas do arco eram a divindade e a humanidade, e a união hipostática foi a corda que atou uma ponta com a outra. as setas, que são as orações vocais, como se hão de atirar?"

A abelha foi adoptada como o emblema de Santo Ambrósio. Reza a tradição que, ao tempo do seu nascimento, foi visitado por um exame de abelhas, preconizando a eloquência que demonstraria mais tarde. É ele o patrono dos apicultores e comerciantes de cera.
Antigamente as abelhas foram consideradas parteogénicas (do grego parthenos=virgem) assinalando virgindade e castidade. Nos túmulos assinalam imortalidade. Mais ainda, elas smbolizam a vigilância e o zelo das almas cristãs bem como a dedicação às tarefas quelhes estão confiadas. Uma abelha a voar representa a alma dando entrada no reino celestial.

domingo, 6 de dezembro de 2009

Credo dos Sacerdotes

CREMOS que Deus nos escolheu, antes da criação do mundo, para viver no amor e estar na sua presença (Ef 1,4).

CREMOS que Deus aos que de antemão conheceu, também os predestinou a ser como seu Filho (Rm 8,29).

CREMOS que Deus, que nos escolheu desde o seio materno e nos chamou por seu muito amor, se dignou revelar-nos o seu Filho para O anunciarmos (Gal 1,15-16).

CREMOS que Jesus Cristo nos considerou dignos de confiança ao chamar-nos para o seu serviço (1Tim 1,12).

CREMOS que somos servos de Cristo Jesus e apóstolos por chamamento de Deus, escolhidos para proclamar o Evangelho do Senhor (Rm 1,1).

CREMOS que Deus escolheu aquilo que o mundo tem por débil, para confundir os fortes, para que acreditemos, não já pela sabedoria de um homem, mas pelo poder de Deus (1Cor 1,27;2,5).

CREMOS que em cada um o Espírito Santo revela a sua presença, concedendo-lhe um dom para o bem de todos (1Cor 12,7).

CREMOS que devemos viver de acordo com a vocação que recebemos, sendo humildes, dóceis e pacientes, a fim de crescermos em tudo em direcção Àquele que é a Cabeça, Cristo (Ef 4,1-2.16).

CREMOS que Deus dispõe todas as coisas para o bem daqueles que O amam para os que Ele chamou segundo a sua vontade (Rm 8,28).

CREMOS que Deus, que começou em nós a boa obra, há-de levá-la à perfeição até ao dia de Cristo Jesus, porque Ele, que nos chamou, é fiel, e é Ele quem vai agir (Fil 1,6; 1Ts 5,24).

sábado, 5 de dezembro de 2009

Preparar-se

Ano C - II Domingo Advento

Um grupo de monges precisava de transferir uma Estátua de barro para um novo local. Quando o guindaste começou a suspender essa figura, o seu peso era tanto que começou a rachar. E como se não bastasse, começou a chover também. Resolveram suspender a operação e cobri-la para não se molhar. Mais tarde, um monge foi ver se a imagem continuava seca. Conforme a luz incidiu na ranhura, notou um pequeno brilho e achou estranho. Pareceu-lhe haver algo sob o barro. Com um cinzel retirou parte do barro e o brilho tornou-se mais forte. Continuou a retirar o barro e deparou com uma estátua de ouro maciço.
Os historiadores descobriram então que anos antes os monges cobriram a preciosa figura com uma camada de barro para evitar que o tesouro fosse roubado.

Somos todos como esta imagem de barro, recobertos por uma resistência criada pelo medo e egoísmo e, afinal, dentro de cada um há algo de ouro, um Cristo de ouro, ou uma essência pura.

Preparai o caminho do Senhor, gritava João Baptista. Deus fez-se homem para chegar até nós, o seu caminho foi o homem. É preciso retirar tudo o que está a mais para descobrir essa condição dentro de nós. Afinal, todos precisamos de limpar a nossa estátua para descobrir aí a imagem e semelhança de Deus.

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Francisco Xavier

3 de Dezembro - Memória de São Francisco Xavier
Padroeiro das Missões

Nasceu em Espanha em 1506. Foi estudar para Paris. Aí partilhou a mesma universidade, os mesmos estudos, as mesmas actividades e até o mesmo quarto de pensão com outros dois estudantes: Pedro Favre que como ele se tornará jesuíta e será beatificado e outro estudante já mais velho, Inácio de Loiola, também Santo, fundador juntamente com eles da Companhia de Jesus.
Foram três estudantes que tudo partilharam, até ao ponto de partilhar a mesma santidade.
É que a santidade é altamente contagiosa.
A santidade atrai... contagia... pega-se...

Foi depois para as Índias para as missões portuguesas, como missionário.
Morreu aos 46 anos às portas da China. Morreu de esgotamento.
(Se fosse eu a mandar na liturgia dos Santos, apresentava-o não apenas como pastor, mas como MÁRTIR. De facto gastou toda a sua vida à evangelização).
O esgotamento foi o seu martírio ou o seu martírio foi o esgotamento.
Depois de São Paulo não houve mais ninguém que tivesse baptizado mais convertidos: Em apenas dez anos nas missões converteu e baptizou mais de trinta mil...




quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Três dias atrás de Jesus

4ª Feira - I Semana Advento

No Evangelho de hoje Jesus compadeceu-se da multidão que o seguia há 3 dias sem se lembrar de comer... Ele lembrou-se da fome deles e multiplicou-lhes o pão...

Faz-me lembrar e adaptar uma parábola dos nossos tempos.
Um dia, um sacerdote entrou na sua pequena igreja atraído pela música que de lá se fazia ouvir... Era o organista que tocava para Deus, tão absorto na sua música feita oração, mas reparou que junto ao altar uma vela caida fazia arder o genufletório... que desgraça!
- Então não viste este começo de incêndio? - perguntou-lhe o pároco aflito.
- Eu não! - responde o organista - estava tão concentrado naquilo que fazia, só pensava em Deus, só ouvia a música que para Ele fazia que não reparei em mais nada.
- Pois fica a saber que na casa de Deus devemos estar com os ouvidos atentos para Deus, mas os nossos olhos devem ficar atentos à nossa volta e às necessidades que nos rodeiam...

Dias depois o mesmo pároco entrou na mesma igreja atraído por um choro de angústia... Viu então o tal organista ajoelhado, de olhos fixos no sacrário, concentrado em oração... e atrás dele uma pobre criança desprezada, deitada no banco, num choro de fome, de frio e de sofrimento.
- Então não ouviste esta pobre criança, tu que estavas a rezar bem perto dela?
- Eu estava tão absorto na minha oração, só olhava para Deus e tudo o mais me escapava... de modo que não podia ouvir o choro de ninguém...
- Amigo, na casa de Deus devemos estar com os olhos fitos em Deus, mas com os ouvidos abertos para ouvir os rogos dos nossos irmãos...

No Evangelho o povo só ouvia a Jesus, esquecendo-se de comer...
Jesus porém falava, mas também via a necessidade da multidão...

Na casa de Deus bem como na nossa casa tenhamos sempre os olhos fitos em Deus e os ouvidos atentos aos nossos irmãos ou tenhamos os ouvidos atentos em Deus e os nossos olhos abertos para as necessidades dos nossos irmãos.

Só assim seremos cristãos completos.

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Santo André


30 de Novembro


Festa do Apóstolo Santo André


Foi o primeiro a ser chamado por Jesus e aquele que anunciou Jesus a Pedro, seu irmão.
Que sejamos também dos primeiros a ouvir e a anunciar Deus aos outros...

Segundo a tradição André, ao ser condenado à morte de cruz, em atitude de humildade, não quis morrer numa cruz igual à de Cristo seu Salvador nem igual à do grande Pedro. Por isso escolheu uma cruz em forma de X, hoje conhecida como cruz de santo André.
No meu entender, André escolheu essa forma de Cruz porque é a primeira letra da palavra Cristo em grego: X
Assim Ele morreu em X, isto é, por Cristo, com Cristo e em Cristo.
Saibamos também nós viver e morrer por Cristo, com cristo e em Cristo.

domingo, 29 de novembro de 2009

Novo Ano Litúrgico

Damos início a mais um ANO NOVO LITÚRGICO com a experiência do Advento.

Cada ano litúrgico é como um nova oportunidade de nós aprendermos e mostrarmos aquilo de que somos capazes.

Ano Ltúrgico = Uma Escola da Vida

- O Mestre é Jesus Cristo
- O nosso Encarregado de Educação é Deus Nosso Pai
- A Sala de Aulas é a Igreja/Casa de Deus
- Os livros são as Sagradas Escrituras
- Os exercícios ou testes são os Sacramentos
- A nossa alimentação é a Eucaristia
- A nossa Turma é a nossa Comunidade
- A nossa bata ou farda distintiva é o Amor
- O nosso TPC ou trabalho para casa é a nossa Santificação.

Que cada cristão possa ser um bom aprendiz nesta escola da Vida que é o novo ano litúrgico.

sábado, 28 de novembro de 2009

Olhai a figueira



6ª Feira - XXXIV Semana Comum


Olhai a figueira e as restante árvores... diz Jesus no trecho do Evangelho de hoje.

Uma árvore do Brasil, ipê amarelo, foi cortada e o seu tronco foi transformado num poste.

Depois foi colocado numa rua, onde aplicaram-lhe os fios da rede eléctrica.

Eis que a árvore se rebelou contra a maldade humana e resolveu não morrer.

A reacção foi pacífica, bela e cheia de amor.

Rebrotou e emcheu-se de flores...

Assim é a natureza... vencedora e pacífica!

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Erguer-se

Ano C - I Domingo Advento

Começamos um novo ano litúrgico, com o tempo do Advento.
É um convite à preparação para o Natal, dando tempo e atenção a Deus.
A palavra de ordem é: Erguei-vos e levantai a cabeça, porque Deus está próximo.
Esta é a atitude própria de uma sentinela.

Um bom pároco observou que todos os dias, das duas às três horas da tarde, no silêncio da sua Igreja, vinha um soldado para a frente do altar e lá ficava imóvel, calado e em sentido.
Um dia, perguntou-lhe:
- O que fazes todos os dias aqui, assim parado? Não tens nada mais para fazer?
- Uma hora de sentinela para o meu Deus! - respondeu com franqueza o soldado - Todos os grandes deste mundo têm guardas... e o Rei dos Reis não terá nenhum? Eu quero fazer de sentinela e sinto-me orgulhoso a ponto de não me cansar.

Erguei-vos que vem o Senhor!
Quando um convidado aparece ao fundo de uma sala, toda a gente se levanta para o cumprimentar e em sinal de respeito, por ele e por si.
A posição vertical é típica do homem, exprime a sua dignidade, marcando a diferença entre todos os outros seres vivos.
Neste tempo, sabendo que Deus está próximo, levantemo-nos para o saudar, façamos uma guarda de honra. É preciso marcar a diferença.

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Morte de um Santo


A 26 de Novembro 1913 o Pe. Dehon escreve no seu Diário:
“O meu santo assistente, o Pe. André Prevot morreu em Brugelette. Faremos o seu funeral a 29. Só há uma voz sobre ele: Era um santo. Praticava heroicamente em cada dia os conselhos de perfeição. Ele vivia da fé, do sacrifício, da imolação. Ele não dava numa concessão à natureza. Escreveremos a sua biografia. Ele terá mil traços edificantes. Ele foi-nos dado pela Providência para formar toda a gente. Ele foi o Mestre de Noviços durante vinte e três anos, e aqueles que o são hoje continuam as mesmas tradições…”

Para prestar ao “Santo Pe. André” a última saudação, o Pe. Dehon recordou que, para toda a Congregação, aquele era:
1) Um dia de grande dor – esperava-se tê-lo ainda por muitos anos. Porque era um padre muito precioso e insubstituível.
2) Um dia de grande exemplo – Era o “santo” da jovem congregação; porque tinha praticado a reparação da maneira mais austera. Nunca tinha agido “por motivos humanos”. Como elogio dizia-se dele: não era deste mundo.
3) Um dia de grande esperança – porque ajudará a congregação que tinha amado até ao sacrifício de todos os projectos próprios e os seus princípios pessoais para inculcar unicamente os do Fundador.
E o Fundador concluiu com tristeza:
Perdemos o reparador por excelência, o reparador dos reparadores, porque ressentia dolorosamente qualquer falta que notava nos confrades, espiando-a duramente.
Hoje só temos um meio para substituí-lo: ficarmos todos juntos, e, unidos no mesmo ímpeto reparador, espiar como ele espiou. (B. Caporale, SCJ, P. Andrea Prévot, Edizioni Messaggero, Padova, 1960, pag 308)


FRASES E FACTOS CURIOSOS DO Pe. ANDRÉ PRÉVOT

Cada minuto deve ser marcado por um sacrifício. ( Ibidem, pag 97)

A obra da reparação compreende duas partes:
- Eliminar o mal feito a Deus rendendo-lhe aquilo que lhe foi tirado ou recusado.
- E levantando as almas das suas quedas do pecado. (Ibidem, pag 131)

Com meias medidas não se elimina uma doença. (Ibidem, pag 149)

A santa missa do Pe. André durava cerca de quarenta minutos (contando com a distribuição da sagrada Comunhão).
Todo o conjunto dos seus gestos, o tom da voz, o seu recolhimento, era mais edificante que em qualquer outro sacerdote: nunca nenhuma precipitação; tudo com a máxima simplicidade.
O Pe. André não era capaz de dedicar-se mais numa cerimónia do que noutra. (Ibidem, pag 152)

Um padre é tantas vezes padre quantas línguas sabe. (Ibidem, pag 160)

Um santo nunca se queixa. (Ibidem, pag 165)

Um santo nunca se deixa orgulhar nem abater. (Ibidem, pag 165)

O alfabeto dos religiosos não começa por A B C D. Mas por O B D C (obedece). (Ibidem, pag 175)

O homem não foi feito para o incenso:
. Por pouco que aspire,
. provoca-lhe vertigens,
. vacila e cai miseravelmente. (Ibidem, pag 176)

Uma vítima não tem necessidade de distracções. (Ibidem, pag 200)

No inferno há de tudo; mas religiosos obedientes… nem um, nem um. (Ibidem, pag 230)

Os três “P” traiçoeiros:
um Pequeno cigarro,
um Pequeno copo,
um Pequeno jornal,
fazem perder a vocação. (Ibidem, pag 253)

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Milagres

Depois da missa de hoje alguém veio ter comigo e perguntou-me:
- O Senhor padre acredita em milagres?
Fiquei surpreendido pela pergunta inesperada e tão directa.
- Sim, acredito em milagres porque acredito em Deus - respondi de maneira espontânea.
- Então compreenderá o que me aconteceu... Há semanas não conseguia dar um passo sem a ajuda de uma bengala e agora posso andar, correr e saltar... É um autêntico milagre!
- Com certeza, é um verdadeiro milagre - concluí, mas no fundo pensei que mais do que milagre de Deus devia ser um milagre dessa pessoa... ou da sua força de vontade.
Fiquei, no entanto, a matutar no caso.
De facto, acredito em Milagres pois acredito em Deus. Milagres são acções de Deus e as obras de Deus são sempre milagres.
Eu sou um milagre porque sou obra de Deus.

domingo, 22 de novembro de 2009

Dez Sacerdotes

Uma história sempre actual

Dez sacerdotes reuniram-se em retiro num Seminário para renovar os seus compromissos sacerdotais, mas um afastou-se por calcular o custo desse sacrifício e ficaram apenas nove.

Nove sacerdotes analisaram em assembleia a situação do mundo, mas um manifestou-se desiludido e ficaram apenas oito.

Oito sacerdotes aprenderam novas técnicas de pregação, mas um preferiu ir cuidar da sua fazenda e ficaram apenas sete.

Sete sacerdotes partiram em missão pelo mundo além, mas um olhou para trás com saudades e ficaram apenas seis.

Seis sacerdotes andavam entusiasmados com o seu apostolado, mas um cansou-se de não ver o resultado desejado e ficaram apenas cinco.

Cinco sacerdotes idealistas misturaram-se com o povo, mas um não resistiu ao choque cultural e ficaram apenas quatro.

Quatro sacerdotes andavam super-ocupados com a sua igreja, mas um não resistiu ao cansaço e ficaram apenas três.

Três sacerdotes ajudavam-se mutuamente na sua acção pastoral, mas um foi de férias e não mais voltou e ficaram apenas dois.

Dois sacerdotes com muita experiência faziam maravilhas por onde passavam, mas o coração de um não resistiu e ficou apenas um.

Um sacerdote já idoso vai fazendo aquilo que pode, mas o trabalho é muito, quem irá ajudá-lo? Eu!

Eu estava disposto a fazer alguma coisa em favor dos outros, mas senti-me incapaz e não houve quem me apoiasse, ninguém!

Ninguém queria ser profeta de Deus, quando Ele disse: Eu mesmo tomarei conta das minhas ovelhas, e todos ficarão a saber que há DEUS.

Deus chamou então dez sacerdotes

e a história voltou ao início…

sábado, 21 de novembro de 2009

Bem-aventuranças dos sacerdotes

Neste Ano Sacerdotal, recordando um Sacerdote Dehoniano exemplar que morreu a 26 de Novembro de 1913, adaptamos uma página de um seu livro sobre os Sacerdotes. (Maria Santíssima ai Novizi del S. Cuore, Esortazioni del Venerato Pe. Andrea Prevot SCJ ai Novizi, Studentato delle Missioni, Via Derna nº 45, Bologna, 1941, página 58-59)

Bem-aventuranças dos Sacerdotes
segundo o Pe. André Prevot

1) Bem-aventurado o Sacerdote do Coração de Jesus, porque saboreia a alegria de sofrer por Deus e pelas almas.

2) Bem-aventurado o Sacerdote do Coração de Jesus, porque a tristeza é uma infelicidade da qual Deus preserva os verdadeiros sacerdotes.

3) Bem-aventurado o Sacerdote do Coração de Jesus, porque não pode morrer na sua missão senão para rumar ao Céu.

4) Bem-aventurado o Sacerdote do Coração de Jesus, porque, ao consagrar-se sem reservas à sua missão, há-de descontar todas as suas dívidas sem precisar do Purgatório.

5) Bem-aventurado o Sacerdote do Coração de Jesus, porque para ele é fácil ser mártir, pelo menos de caridade.

6) Bem-aventurado o Sacerdote do Coração de Jesus, porque lhe basta deixar agir a Providência, para ter a graça de ser imolado como vítima do Coração de Jesus.

7) Bem-aventurado o Sacerdote do Coração de Jesus, porque dando a própria vida para salvar os infiéis mostra o maior amor a Deus e às almas.

8) Bem-aventurado o Sacerdote do Coração de Jesus, porque, em pouco tempo e a baixo preço, pode alcançar, mediante o amor e o sacrifício, a finalidade da sua vocação”.

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Cristo é Rei

Ano B - XXXIV Domingo Comum
Solenidade de Cristo Rei

Havia um rei muito triste porque na sua nação só via miséria e injustiças. Gostaria de sair do seu palácio para falar ao povo mas, quando o seu carro aparecia, as pessoas prostravam-se sem se atrever a levantar a vista. Um dia, chamou o seu herdeiro:
- Meu filho, este povo está a destruir-se em lutas e egoísmos. Quero que te faças um deles e os chames à razão.
- Muito bem. Vestir-me-ei como eles, para que não me reconheçam e dir-lhes-ei que é preciso construir outro reino...
Na manhã seguinte, vestido como um homem do povo, saiu a percorrer os caminhos do reino. Passaram-se três anos e muitos o seguiam e escutavam. Sentiu fome, frio, foi perseguido, maltratado, preso e condenado.
As suas últimas palavras foram:
- Obrigado, Pai, por me teres feito um homem como os outros.

Cristo é Rei no trono da cruz. Não se dispensou de sacrifícios e trabalhos, não se furtou à humilhação e escárnio, não recusou fazer-se um de nós e, contudo, é Rei.
Ao contemplar este mistério, somos estimulados a completar esta obra. É por isso que rezamos: Venha a nós o vosso reino. Isto só se consegue com trabalho e dedicação pois o único sítio onde o sucesso vem antes do trabalho é no dicionário.

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Agradecer aos Sacerdotes

Acção de graças pelos sacerdotes

Assim ensinava o Pe. Dehon:
“O Padre é pai, é médico, é doutor, é juiz. Jesus era tudo isto.
O padre consola, cura, encoraja as almas; Nosso senhor fazia tudo isto.”

(CS, Pág. 561)

Inspirado neste ensinamento, neste Ano Sacerdotal, alguém rezava assim:

"Senhor, agradeço-Te por estes homens que aceitaram ser nossos sacerdotes, párocos ou missionários.
Obrigado, Senhor, pelos defeitos dos nossos sacerdotes. Os homens perfeitos suportam mal as fraquezas dos outros, os homens que gozam de boa saúde desprezam as naturezas fracas.
Não é fácil ser um bom sacerdote.
Os nossos sacerdotes têm que ser uns fenómenos:
Têm de ser mestres para as crianças, especialistas em questões familiares, sociólogos competentes para a juventude, intérpretes a todo o momento, poços de ciência e de experiência para todos.
Esquecia que os sacerdotes têm que responder na tua a todas as saudações, sem qualquer disti9nção, e que devem receber as pessoas sorrindo, mesmo quando o seu coração está em tempestade e o seu corpo morto de cansaço.
Esquecia também, que eles devem ser, em todos os domingos e dias festivos, oradores, cantores, instrutores e às vezes organistas. Que durante a semana têm que ser motoristas, músicos, dactilógrafos, jornalistas e tantas outras coisas…
Faz, Senhor, que nós olhemos estes ‘especialistas universais ‘ com aquela compreensão que lhe merece o seu programa de trabalho, incoerente e desumano.
Senhor, quero pedir a caridade para com os nossos sacerdotes, no pensamento e na palavra.
Se o padre se ocupa de um grupo feminino, faz que eu não diga que a paróquia já está a ser governada por mulheres.
Se o padre se dá bem com as crianças, que eu não diga logo que ele promove uma religião infantil.
Se o padre está gordo e avantajado, faz, Senhor, que eu não pense de imediato que é um boa-vida ou glutão que de nada se priva.
Se, pelo contrário, me aparece delgado e pálido, que eu não diga que anda roído pelos remorsos ou que não se entende com os seus superiores e colegas.
Concede-me a graça, Senhor, de perdoar-lhe os erros e os seus actos de impaciência.
Que eu compreenda finalmente que só tenho um pároco a suportar, enquanto que ele tem que suportar-nos a todos nós, seus paroquianos.
Amen!"

Muito obrigado aos padres, por que nós precisamos deles e eles precisam da nossa gratidão, como dizia o Pe. Leão Dehon:
“A gratidão das almas é também o salário do padre.”
(CS, Pág. 625)

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Zaqueu

3ª Feira - XXXIII Semana Comum

Zaqueu disse:
- Senhor… se causei qualquer prejuízo a alguém, restituirei quatro vezes mais.

Por quê 4 vezes mais?
Zaqueu quer dar 1 parte por satisfação do pecado
e as outras 3 para satisfação das consequências.

Zaqueu fez as contas num exame escrupuloso:
1º - Se eu não roubara a fulano, tivera ele a sua fazenda;
2º - Se a tivera, não perdera o que perdeu,
3º - Adquirira o que não adquiriu
4º - Não padecera o que padeceu.

Para que a compensação seja igual à culpa, dê-se a cada um
4 vezes mais tanto como lhe houver defraudado:
- Com a parte se pagará o que foi tomado
- Com a parte o que perdeu
- Com a parte o que não adquiriu
- Com a parte o que padeceu.

Hoje entrou a salvação nesta casa, pois enquanto não saiu da mesma casa a restituição, não podia entrar nela a salvação.
A salvação não pode entrar sem se perdoar o pecado, e o pecado não se pode perdoar sem se restituir o roubado.
(Cf. Pe. António Vieira, in Sermão da 1ª Dominga do Advento (1650); in Sermão do Bom Ladrão (1855)

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Santa Gertrudes

16 de Novembro
Memória de Santa Gertrudes
Santa do Coração de Jesus

A)
A experiência da união de Santa Gertrudes com Cristo foi tal que Jesus disse à mestra do noviciado, Santa Matilde:
- Quando quiseres encontrar-me, procura-me no coração de Gertrudes.

B)
Madre Mary Jane Wilson escreveu:
- Quando me quiserem encontrar, procurem-me no Coração de Jesus.

C)
Pe. Leão Dehon ensinou:
- Como o Coração de Jesus é o nosso próprio coração ao mesmo tempo que é o coração de todos os outros, devemos ser também um pouco o coração de todos os nossos irmãos (CA, Pág. 169).
Jesus vive em nós, sofre, reza, alegra-se em nós, o seu Coração é verdadeiramente o nosso coração (CA, Pág. 160).

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Aprender da Figueira

Ano B - XXXIII Domingo Comum

No Evangelho deste fim-de-semana, Jesus Cristo convida-nos a aprender da figueira.
Que lições podemos receber desta árvore tão simples?
Três lições:
uma lição de ,
outra de esperança
e outra de caridade.

Tal como aquela árvore tem as suas raízes bem firmes na terra, assim cada crente é chamado a firmar a sua fé, a ser concreto, a ter os pés bem assentes no chão, a ser humilde, a sujar-se com o pó da terra. Embora não se vejam, as raízes estão lá, escondidas no chão. Não basta acreditar no que se vê. Esta é a lição de fé.

Quanto à lição de esperança, quando os seus ramos ficam tenros é sinal que há mais vida. Surge então a esperança no verde persistente. O tempo do verão estará próximo, é preciso esperar. Ter esperança é acreditar em pequenas coisas, potenciais de vida nova, em sinais tão simples como rebentos para olhar mais além.

A lição de caridade vem dos seus frutos. Uma figueira não produz para si mesma. Está em função dos outros. E até parece que a generosidade a comove pois sempre que partilha um figo, não consegue esconder uma lágrima de satisfação.

No fim dos tempos seremos julgados quanto à fé, esperança e caridade. Até lá é preciso aprender da figueira.

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Seu nome é Leão Dehon

10 Novembro - São Leão Magno, Papa e Doutor da Igreja, +461
A propósito da memória litúrgica de São Leão Magno, partilhamos mais uma experiência dehoniana.
O Pe. Dehon fez jus do seu nome LEÃO.
Toda a vida do Pe. Leão Dehon, em todas as suas dimensões, foi marcada por tantos Leões:
- Leão XII – Papa de infância da mãe do Pe. Dehon de quem recebera um terço.
- Leão – Irmãozinho mais velho, falecido aos 4 anos, meses antes do Pe. Dehon ter nascido.
- Leão Magno – Grande Papa e Doutor da Igreja, num período conturbado da História.
- Leão Palustre – Amigo de sempre, colega de viagens e mestre em arqueologia
- Leão Harmel – Colega de estudos e de acção da doutrina social da Igreja.
- Leão Prévot – Seu confrade devoto, que considerava como “o nosso santo”.
- Leão XIII – De quem recebeu o mandato de pregar as suas Encíclicas Sociais.
Acerca do seu de baptismo o Pe. Dehon escreveu nas NHV I, pag 30:
"Deram-me os nomes de Leão Gustavo. Amei sempre os meus santos padroeiros e desde há trinta anos invoco-os todos os dias.
Adoptei por padroeiros S. Leão Magno, que eu suponho ser o mais poderoso Santo entre os Santos desse nome e S. Agostinho, pois o nome de Gustavo não é nome de Santo ou é simplesmente uma derivação de Agostinho. Como estou feliz por ter tão nobres e tão grandes padroeiros, dois dos maiores doutores da Igreja! Espero que mais tarde eles me acolham como um amigo, pois tantas vezes lhes testemunhei amizade e confiança. Parece-me ter recebido deles muitas graças. Li as suas vidas com a alegria e com profunda edificação…
De S. Leão gosto sobretudo da grande doutrina teológica, do seu estilo bonito, da sua doçura, da sua dignidade...
Fui muitas vezes a S. Pedro de Roma venerar o túmulo de S. Leão Magno. Ao mesmo tempo honrava os outros santos pontífices do mesmo nome que repousam lá junto dele. Celebrei lá várias vezes a Santa Missa. Uma das grandes graças da minha vida foi a santa missa celebrada lá, no altar de S. Leão, no dia 11 de Abril de 1869 na mesma hora em que o pontífice Pio IX, muito devoto de S. Leão, celebrava a alguns passos dali, no meio de uma multidão imensa e profundamente impressionada, a missa das suas Bodas de ouro….
A minha mãe gostava do nome (de) Leão. Ela deu-mo em recordação de um anjinho, meu irmão mais velho, morto aos 4 anos, alguns meses antes do meu nascimento. Este anjinho tinha sido muito amado. Parece que era encantador de precocidade, inteligência, e bondade. Minha mãe levou-me muitas vezes ao seu pequeno túmulo de mármore, no velho cemitério. Nunca vi minha mãe falar dele sem chorar. Eu considerei sempre este anjinho como um dos meus padroeiros, e quantas vezes o invoquei.
A minha mãe também gostava do nome Leão por causa do santo Papa Leão XII, o pontífice da sua infância. Ela guardou durante toda a sua vida um terço benzido por ele e que lhe fora oferecido no pensionato. (Leão XII foi papa de 1823 a 1829, portanto foi o papa de infância de mãe do P. Dehon. Unia a uma grande austeridade de costumes uma inesgotável caridade)"
Conclusão
Assim dizia Leão Dehon:
"Nosso Senhor disse que devemos chegar a ser ardentes como os leões para nos deixarmos imolar como cordeiros." (Carta ao Pe. Falleur, 09/09/1881, Inv. 465.08, AD: B22/11)

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Leão Dehon no Seminário

Na Semana dos seminários, partilhamos a experiência dehoniana de seminário.

1. Preparação para o Seminário
Depois de tantos anos de espera para que o pai o deixasse entrar no Seminário, Leão Dehon, recém-doutorado em Direito, acha que chegou a altura de realizar o seu sonho. O pai oferece-lhe uma viagem ao Médio Oriente para dissuadi-lo, mas a vocação persiste bem como a decisão. No final da viagem passa por Roma:
“14-25 de Junho de 1865. Esta primeira permanência em Roma não foi muito longa: só dez dias! Mas deixou-me profundas recordações e nela recebi grandes graças. Fiquei encantado com os grandes santuários: S. Pedro, S. Paulo, Santa Maria Maior, S. João de Latrão. Era a nova Jerusalém toda viva e resplandecente. É a ressurreição enquanto que a antiga Jerusalém ficou mergulhada nas trevas da Paixão e da morte do Salvador.
Durante esta breve estadia fui bem amparado pela Providência. Mons. Dupanloup enviara-me boas cartas de recomendação. Fui bem recebido em toda a parte. Era um favor especial ter audiência de sua Alteza. Falou-me da carreira eclesiástica e deixou transparecer o desgosto de haver poucas carreiras abertas para os “filhos de família” nos Estados pontifícios.
O Sr. D’Hulst era um estudante de teologia. Morava na praça Ara Coeli. Deu-me uma quantidade de informações úteis, e aconselhou-me fortemente a fazer os meus estudos no Colégio Romano.
Mas a melhor das alegrias foi ver Pio IX, a bondade unida à santidade. Vi-o em audiência particular, graças a uma carta do Bispo de Orleans110. Era uma tarde, pelas 6 horas. Conduziram-me por um longo corredor exterior, construído em saliência para ligar os seus apartamentos. Falei-lhe da minha peregrinação aos Lugares Santos, da minha vocação, da minha indecisão sobre o lugar dos meus estudos. Aconselhou-me o Seminário francês de Roma. A sua decisão estava conforme às minhas atracções.
Parece-me que esta primeira bênção de Pio IX me alcançou grandes graças.
Agora, eu sentia-me em paz. Fiz conhecimento com o Pe. Freyd do Seminário francês. Era um homem de Deus, um santo, como dissera Pio IX. Liguei-me a ele desde esse momento.
Assisti a umas aulas no Colégio Romano. Percebi que essa doutrina me encantava. Pareceu-me já ser da casa. No dia 21 assisti às festas de S. Luís de Gonzaga: missa, comunhão geral, panegírico. Gostava deste caro santo desde há muito tempo. Invocava-o desde o berço. Quantas graças lhe devo! Tinha feito em Roma tudo o que aí queria fazer. A minha vocação estava decidida, era a coroação da minha viagem…” (NHV II pag 164)

2. Entrada no Seminário
“Cheguei a Roma a 25 de Outubro de 1865, bem comovido pelo fim da minha viagem e pelo aspecto desta cidade que desperta em nós a história toda. Notei, ao chegar, os principais monumentos, reconheci-me neles e vi-me feliz por ter regressado.
Estava finalmente no meu verdadeiro elemento; eu era feliz. O seminário era uma velha residência, estreita, toda na vertical, sombria e triste no seu interior. Não importa, eu era feliz. Deram-me um quarto no quinto ou sexto andar, já nem sei bem, numa água-furtada por baixo do telhado, por cima da capela. O quartinho era pequeno e nu, a cama era dura; pouco importa, eu era feliz. Dois bons condiscípulos instalaram-me: Verloque, do Var, futuro cónego de Fréjus, e Prumetti, da Saboia, futuro ecónomo deste mesmo seminário. O bom Duplessis foi o meu primeiro chefe de passeio. Agora é Director do Seminário. Dos anos passados aí, só guardei doces recordações. Gostaria de revivê-los, esses anos. Tudo aí era bom: o encanto dos estudos sagrados, o piedoso recolhimento da cela e da capela, a santa direcção do Pe. Freuyd, a amizade sincera dos bons condiscípulos. Após seis anos aí passados, eu gostaria ainda de ter ficado. E quando lá voltei em 1877 com Mons. Thibaudier pedi-lhe muito seriamente para refazer dois ou três anos de Seminário. Quantas graças aí recebi! Nunca o saberei dizer. É um oceano insondável para mim.” (NHV III, pag 17)

3. A vida no Seminário (1865-1871)
No registo do seminário francês de Santa Clara, em Roma, pode-se ler-se a avaliação do estudante/seminarista:
“Leão Dehon, da diocese de Soissons.
Entrou a 25 de Outubro de 1865.
Saíu a 1 de Agosto de 1871.
Carácter: excelente.
Capacidade: grandíssima.
Piedade e regularidade: perfeitas.
Notas e informações diversas: o Rev. Dehon, doutor em Direito, advogado na Corte de Apelo de Paris, depois de uma viagem ao Oriente que os pais lhe proporcionaram para pôr à prova a sua vocação, à qual se opunham, começou em 1865 os estudos eclesiásticos.
Frequentou o curso de Filosofia no Colégio Romano, onde se doutorou.
Frequentou depois, durante quatro anos, os cursos de Teologia, a que juntou os de Direito Canónico.
Durante o Concílio Vaticano, foi um dos nossos quatro estenógrafos.
O resultado dos estudos foi muito brilhante, tendo recebido numerosos prémios…
Era um dos nossos melhores alunos sob todos os pontos de vista. Piedade, modéstia, gravidade, regularidade, dedicação para com os seus professores, aplicação enérgica, etc…tudo contribuía para torná-lo muito estimado…”

4. Recomendações do Pe. Dehon para os Seminários de ontem e de hoje
- “É o nosso fervor... que atrairá a bênção divina e as vocações, que hão-de vir pelo ascendente, não das nossas qualidades e talentos naturais, mas pela nossa virtude.” (CF, 8 de Janeiro de 1886).
- “Há um certo risco dar-lhes um mês (de férias aos seminaristas), mas é necessário também que as vocações sejam provadas, e ainda, os que não visitam os seus familiares, não conhecem nada do mundo e da vida concreta.” (Carta ao Pe. Kusters, 10/07/1901, Inv. 260.08, AD: B19/5)
- “Não tenhamos medo de admitir nos nossos sseminários crianças simples e pobres desde que tenham coração, isto é, boa vontade e amor.” (CA, Pág. 143)
- “O padre sobreviverá a si mesmo pelas vocações que tiver discernido, encorajado, favorecido.” (CS, Pág. 622)
- “Quando Nosso Senhor dá uma vocação, dá também os meios para realizá-la.” (Carta a M. É. Guébing, 30/07/1912, Inv. 1111.08, AD: B83/2)
- “Suscitar vocações não é tudo: é preciso conservá-las.” (Para a Revista ‘O recrutamento Sacerdotal’ nº 1, 14/01/1901, Inv. 939.20, AD: B71/2)
- “Um dos deveres do padre é cultivar as vocações, favorecê-las, prepará-las.” (CS, Pág. 567)
“Um padre que não se interesse pelas vocações não tem verdadeiro espírito apostólico.” (CS, Pág. 567)
- “Uma vocação é uma flor delicada que pode definhar.” (Carta a Louis Julliot, 29/12/1922, Inv. 861.11, AD: B62/4)
- “Uma vocação privilegiada exige uma grande fidelidade.” (DE, Pág. 195)
- “Uma vocação tão bela requer um grande fervor e uma generosidade sem limites.” (Testamento Espiritual, 1914)

Modelo Sacerdotal


Um Leão chamado Prévot

O mês de Novembro é o mês do Pe. André Prévot. Nasceu no princípio de Novembro e, 73 anos depois, também em Novembro mas no final, terminou a sua peregrinação na terra.
Neste Ano Sacerdotal, aproveitamos a efeméride para partilhar um exemplo de santidade sacerdotal. É o 'Santo Cura de Ars' dos Sacerdotes do Coração de Jesus.

A) ALGUMAS DATAS IMPORTANTES DA VIDA Pe. ANDRÉ PRÉVOT

09 de Novembro de 1840 - Nascimento de Leão Prévot, em Le Tiel (Ardèche), França, o sétimo dos dezasseis filhos de Simão Francisco Prévot e de Ana Florentina Decoux Villard.
10 de Novembro de 1840 - Baptismo
17 de Outubro de 1856 - Entrada no Seminário de Viviers
1859 - Deixa o seminário e entra no Noviciado dos Jesuítas
1861 - Abandona o Noviciado por motivos de saúde
01 de Abril de 1865 - Ordenação de Diácono
10 de Junho de 1865 - Ordenação Sacerdotal em Aix
1869 - Nomeado Capelão das Urselinas de Aix
1875 - Pároco de Port de Bouc
1876 - Estabelece-se em Avenières
1877 - Doutoramento em Teologia em Roma
10 de Outubro de 1882 - Nomeado Capelão de Villeneuve d’Avignon
Maio de 1884 - Pároco de Aigues Mortes
Outubro de 1884 - Capelão de Bouillarges
22 de Setembro de 1885 - Profissão Religiosa na Congregação dos Sacerdotes do Coração de Jesus, tomando o nome de André
Setembro de 1886 - Nomeado Mestre de Noviços dos SCJ
29 de Setembro de 1896 - Eleito Segundo Conselheiro Geral dos SCJ
09 de Janeiro de 1909 - Nomeado Superior Provincial
07 de Maio de 1913 - Nomeado Primeiro Conselheiro ou Assistente Geral
26 de Novembro de 1913 - Morre Brugelette

B) ALGUMAS CENAS DA VIDA DO Pe. ANDRÉ PRÉVOT

O despertar. O Pe. André estava a pé antes da hora, porque, se o sineiro se atrasava algum minuto, aproximava-se do corredor e pronunciava o mais alto que podia, isto é, com voz bastante fraca, o ‘Vivat Cor Jesu’ tradicional.
Se por acaso lhe parecia que o motivo do atraso era um esquecimento ralhava severamente com o sineiro e levava-o a comprometer-se a suprir pessoalmente o total dos minutos que tinha feito perder a cada membro da comunidade na sua oração.
Se sabia que algum dos seus noviços não se levantava ao primeiro sinal, aproximava-se da sua cela, mexia um pouco na cortina e, se não havia nenhum sinal na cama, aproximava-se do dorminhoco e chamava-o à ordem.
Quando descíamos à capela, estava ele sempre a terminar a Via-Sacra, ou bem ajoelhado diante da Nossa Senhora do Coração de Jesus.
Já tinha, desde estas horas da manhã, o terço na mão e quase nunca o largava durante o dia.
Era ele mesmo quem conduzia a oração, naqueles tempos, nos exercícios da comunidade. Às vezes isto proporcionava-nos a oportunidade de alguma risota, porque este bom Padre, com frequência, fazia da noite dia, pelas suas prolongadas vigílias, o que o obrigava a fazer do dia noite. Dávamo-nos depois conta de que, por exemplo, no meio das ladainhas do Nome de Jesus, ele hesitava, gaguejava e ia acabar no meio das ladainhas da Virgem Maria. E isto observava-se sobretudo à noite. A esta hora já não podia mais e, algumas vezes, as ladainhas com as quais se conclui a oração da noite iam, depois, do Kírie eleison ao Agnus Dei. Outras vezes, ao contrário, chegados ao Agnus Dei, imperturbavelmente voltava a começar de novo com o Kírie eleison. Ninguém interrompia: Ora pró nobis ou Misesere nobis, pouco importava. Respondíamos com entusiasmo…, para ver até onde ia parar o cansaço e o sono do Padre Mestre.
A meditação, naqueles tempos, durava três quartos de hora, depois das orações. Não nos podíamos sentar sem uma autorização especial por motivo de cansaço; ficávamos de pé ou de joelhos.
O Rev. Padre Mestre ia – no Inverno, porque a luz não lhe permitia ficar no seu lugar – colocar-se debaixo da lâmpada, junto a uma coluna, onde lia a meditação em voz alta, lentamente, com a monotonia de um aluno que está a aprender a ler, articulando bem todas as sí-la-bas com o objectivo de fazer-se ouvir por todos, porque havia no noviciado franceses, holandeses, alemães e a leitura fazia-se para todos em francês.
Falei do seu sorriso. Desaparecia depois de se levantar até depois da refeição. Por exemplo, tinha um ar muito grave, quando saía do seu lugar para ir à sacristia, na hora da missa.
Fazia de tudo, sem contar por outro lado todo o tempo que estávamos na capela. Tinha sempre o seu relógio sobre o banco, porque nós não tínhamos nem assentos, nem genuflexórios, nem cadeiras de coro. Ocupava o primeiro lugar do banco ao lado do noviço mais velho.
Celebrava a Santa Missa com uma dignidade, recolhimento e piedade extraordinários, e preocupava-se que se observassem rigorosamente todas as normas da liturgia. Ficava feliz quando se celebrava deste modo, e não se esquecia de mostrar a sua satisfação quando se tinha cantado bem, e se tinham cumprido com exactidão todas as coisas.
E tinha muito boa vista, e os seus olhos, muito negros, eram muito vivos. Não os levantava, nem frequentemente nem muito, mas num relance via o que estava em ordem ou não estava.
A acção de graças durava até ao pequeno-almoço. E, por outro lado, quando não estava no seu quarto, de certeza que podia ser encontrado na capela.
Em tudo o que dizia respeito ao serviço da comunidade e ao serviço de Deus, o seu princípio eram as palavras de São Paulo: “Omnia honeste” (honestamente, para a sua glória) “et secundum ordinem (ordem e regularidade).
No que se refere às faltas de disciplina eram raras…, de resto não conhecia a distinção do “pormenor” na obediência. Tudo era, a este respeito, grave, importante, sagrado, intocável. Se a ocasião o exigia as reprimendas eram severas…, metiam medo. Isto levava-o por vezes a infligir castigos penosos à comunidade ou às pessoas, que por sua vez se arrependiam humildemente se era de justiça.
Um domingo pela manhã deu-se conta de que alguém tinha ido buscar a caixa de charutos, e que um descuido inconsciente tinha deixado as suas marcas sujas na carpete do corredor e nalguns degraus das escadas. À mesa pediu que o culpado se acusasse mas ninguém se mexeu. Então pregou-nos um sermão sobre a hipocrisia e a mesquinhez e disse que teria de castigar a todos por causa de um só.
Ninguém avançava. Esperou alguns minutos e, depois, disse-nos que guardássemos silêncio até que aparecesse o culpado.
Silêncio! Um Domingo! O único dia em que se podia falar um pouco mais…
fazer, era viver a santa indiferença! Quase no fim do retiro, tendo ido procurá-lo e tendo-lhe exposto o meu problema e a minha resolução, deu-me força e ânimo com um tal tom de bondade que parecia completamente outra pessoa. O Pe. André tinha um bom, um muito bom coração, mas não o mostrava a não ser na intimidade, na direcção particular.
Por princípio, nos exercícios da comunidade, nas conferências, estava a regra, a regra austera. Isto, apesar do sorriso, quase habitual, que atraiçoava os seus colóquios íntimos, com o seu bom anjo sem dúvida, ou com a Boa Mãe.
Quando saía da sua intimidade e, quando verdadeiramente estava connosco, com frequência desaparecia o seu sorriso.
Fui, portanto, ter com ele, no fim dos Exercícios Espirituais e disse-me que a santa indiferença era, na verdade, o mais belo, o mais fácil e o mais agradável! E indicou-me então que, sempre que se apresentasse a ocasião, devia manter a minha resolução alegremente!
Separamo-nos, e passados oito dias depois, recebi a minha destinação: devia ir como professor para a Escola Apostólica de Leyenbroek, para onde o Pe. André acabava de regressar.
Um ano inteiro com este bom Padre! Devia tê-lo estudado mais de perto, tomado notas. Por isso a 25 anos de distância, não posso dar outra coisa senão impressões gerais.
O acolhimento foi verdadeiramente paternal. Todos os que conheceram o Revdo. Padre, que o escutaram pelo menos uma vez, poderiam facilmente acrescentar o tom e os gestos a cada uma das palavras que seguem:
Alguém aproximava-se da sua porta em bicos de pés, batia com cuidado, e punha-se à escuta aproximando o mais perto possível o ouvido da porta. E de dentro, então, ouvia-se uma voz débil que dizia: Deo Gratias! Entrava-se, dizendo: Vivat Cor Jesu! Ao que o Pe. André respondia com efusão: Per Cor Mariae! Levantava-se da sua mesa, depois apertava-nos as mãos, às vezes dava-nos um abraço em que se percebiam os seus ossos, dizia-nos com um tom paternal, um pouco como arrastando a voz e como cantando: Querido filho! Como estás? Nosso Senhor é quem te traz! Vens trabalhar na sua obra! Aqui estás em casa da Boa Mãe! Querido filho queiramo-nos bem! Estamos felizes por estares entre nós! E em seguida, solícito, acrescentava: Precisas de alguma coisa? Estás cansado? E quando a conversação chegava ao seu fim: Vamos, querido filho! Queiramo-nos bem, sirvamos Nosso Senhor com toda a fidelidade!
Este tom, estas maneiras, estas atenções, quase estas carícias, davam uma calma que contrastava de modo particular com a atmosfera de penitência que se respirava na sua cela.
Uma mesa de trabalho, duas cadeiras, uma cama de ferro, uma mesa-de-cabeceira, um espelho redondo de dez cêntimos, suspenso de uma das duas janelas por uma pinça, e cujo fundo era com favor de uma vulgar folha de lata. E digo com favor porque o espelho não estava intacto, estava feito em pedaços. Esta pode ser uma das razões pelas quais o Pe. André andava sempre tão mal barbeado. Os juízes examinaram se não havia um certo excesso de mortificação nesta mania ou nesta vontade de seguir este costume – não bem visto na comunidade – de ter estas fraquezas.
Na parede, um crucifixo, uma imagem do Coração de Jesus, outra do Coração Imaculado de Maria…, nunca vi outra coisa. Perdão, um candeeiro de petróleo, algo parecido às lâmpadas Pigeon a gasolina, isto é, sem vidro, com uma pequena torcida fumegante que, forçosamente tinha que cansar a vista. Este pequeno candeeiro seguia-o por todo o lado: no coro da capela, no seu assento, na sacristia e aonde queira que tivesse de estar por algum tempo e, também onde tinha de acender as grandes lâmpadas de petróleo da comunidade.
Salvo raras excepções, eu quase nunca ia ao seu quarto, a não ser para a direcção espiritual. Ele deixava falar, fazendo de vez em quando um ligeiro sinal de assentimento, dizendo: “Está bem.” Depois, quando por sua vez tomava a palavra, era para animar e para exortar a ir em frente.
Não sei se tratava a todos como a mim, mas quis-me parecer que gostava das atitudes militares, algo como de destemido, valente, cavaleiro. Sim, tinha uma alma de cavaleiro e às vezes também o tom. Teria montado com gosto sobre o cavalo de S. Jorge para me fazer montar e ver como era necessário para lançar-se ao assalto da perfeição.
Agrada-me descrever assim o Bom Padre, porque creio que é um aspecto que não lhe é conhecido. Ao mesmo tempo que dirigia o Noviciado, era também superior da casa, e por isso da Escola Apostólica. Ele intervinha às vezes: Quando os rapazes necessitavam de um pouco de medo! Apesar disso, não queria ser esquivo, ao contrário gostava que nos ríssemos e fizéssemos rir os rapazes.
Recordo-me que um dia de festa… (não há que esquecer que então eram tempos primitivos ou pré-históricos), os professores jovens quiseram ser os actores de uma comédia. O Pe. André assistia à comédia. Para acentuar os contrastes, eu que representava bastante bem se não em altura, ao menos como gordo, uma vara para o lúpus, tinham-me colocado uma barriga avantajada, postiça naturalmente. A personagem que eu representava arrancou lágrimas ao Pe. André, que não me reconheceu. Depois da sessão abordou-me: Querido irmão, quem era aquele gordo que me fez rir tanto? Não fui capaz de o reconhecer! E quando eu lhe disse divertido que não distinguia melhor aos seus queridos filhos, replicou com alegria e quase com loquacidade, com um tom um pouco meridional: De verdade, não te conheci. Continua, querido filho, com a alegria e o divertimento da casa! Há que divertir as crianças! Há que fazer-lhes o bem, divertindo-as…
Quando no dia seguinte já a festa tinha passado, era necessário esquecer todo o sucedido e ele continuava a insistir na humildade, no recolhimento, na obediência.
Esta é a vida do Pe. André tal como eu a vi com os meus próprios olhos.
(de umas folhas escritas à mão, com uma letra muito pequena, em francês, a que presumo que falte alguma, pelo Pe. Jacquemin, noviço, primeiro assistente, e depois sucessor desta grande figura quase desconhecida da nossa Congregação)

domingo, 8 de novembro de 2009

Óbolos da pobre viúva


Ano B - XXXII Domingo Comum

- Dia de pedir emprestado os ÓCULOS de Jesus para ver tudo como só Ele sabe ver. Jesus vê a insignificância do óbolo de uma pobre viúva e desvaloriza as grandes quantidades de um rico empolado e pomposo.
As lentes desses óculos têm a propriedade de REDUZIR o mal e AUMENTAR o bem. Tem também a forma de um coração, pois vê tudo com amor.
- Dia de aprender a ser generoso como a pobre viúva que deu tudo o que tinha. O rico só deu daquilo que lhe sobrava enquanto a pobre viúva deu tudo o que tinha. O que mede a nossa generosidade não o quanto damos, mas inversamente proporcional ao quanto retemos para nós.
- Dia de aprender a ser desprendido. É preciso aprender a abrir as mãos. Aprendi no canal da Odisseia que há uma curiosa técnica para apanhar macacos, pois eles são incapazes de abrir as mãos: Põe-se umas bananas dentro de uma gaiola. Há apenas uma abertura onde cabe a mão deitada. O macaco mete a mão aberta, agarra uma banana e tenta sacar a mão para fora, mas não consegue com a mão fechada. Teria de deixar cair a banana para tirar a mão. Fica preso, mas não abre a mão para não perder a banana que apanhou.
Assim às vezes nós não sabemos renunciar, não queremos abrir as nossas mãos e por isso ficamos prisioneiros da nossa ganância.

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Ovelha perdida

5ª Feira - XXXI Semana Comum

Uma ovelha encontrou um buraco na cerca e fugiu por ele, satisfeita por se ver, assim, em liberdade.
Caminhou muito tempo e perdeu o caminho de volta para casa. Só então percebeu que um lobo faminto a seguia de perto.
A ovelhinha começou a correr e o lobo correu também; até que, de repente, chegou o pastor e salvando-a da fera, levou-a para casa, com muito carinho.

Mas, apesar do conselho de amigos que viram tudo como foi, o pastor recusou fechar o buraco da cerca por onde a ovelhinha fugira.

Anthony de Mello in “O canto do pássaro”

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

São Carlos Borromeu

4 de Novembro
São Carlos Borromeu, Cardeal Arcebispo de Milão, + 1584

Foi o grande animador da conclusão e aplicação do concílio de Trento que promoveu a renovação interna da Igreja.
Destacou-se pela facilidade de administrar e tratar as pessoas:
Ele era caridoso com todos;
Indulgente com muitos;
Severo com alguns;
Inexorável consigo mesmo.

Nós somos parecidos com ele.
Também somos caridosos, indulgentes, severos e inexoráveis.
A única diferença está nos destinatários:
Somos caridosos com alguns;
Indulgentes connosco mesmos;
Severos com todos:
E inexoráveis com muitos.

Há que pôr outra ordem no nosso trato das pessoas!

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Dia de Finados

1 de Novembro - Dia dos Fiéis Defuntos

A celebração dos Fiéis Defuntos é benéfica para todos:
- Para Deus
- Para os nossos Defuntos
- E para todos nós.

A todos estes deixo um C:
- Para Deus um C de Confiança – Jesus diz “Vinde a mim…” Ele é a meta da nossa caminhada, o fim do nosso caminho. Nós temos um destino, não caminhamos à toa. Vamos então cheios de confiança. O dia de Finados é uma oportunidade de manifestarmos a nossa Confiança em Deus.
- Para os nossos Defuntos um C de Comunhão. Eles apenas se anteciparam, foram um pouco à nossa frente, mas não nos abandonaram. Nós continuamos unidos a eles através da oração e na esperança. Rezamos por eles, mas sobretudo rezamos com eles. O dia de Finados é uma boa oportunidade de manifestarmos a nossa comunhão, através da oração, com os nossos entes falecidos.
- Para cada um de nós um C de Caminhada. É preciso continuar a caminhar, a ir em frente a progredir no caminho da santidade para merecermos encontrar-nos com Deus que é a nossa meta e com os nossos irmão que já dobraram a curva da vida. A vida é como andar de bicicleta, pois para mantermos o equilíbrio temos que andar em frente. O dia de Finados é uma boa oportunidade para andarmos em frente, com todo o equilíbrio e com toda a dignidade. Caminhar condignidade para um dia entrarmos no céu com toda a dignidade.
Celebremos então num só Coração e numa só Alma: Unindo o nosso Coração ao Coração dos nossos falecidos e ao Coração de Deus que nos diz Vinde a mim...

domingo, 1 de novembro de 2009

Dia do Pão por Deus

Hoje é dia do PÃO DE DEUS
E o dia do PÃO POR DEUS:

- Pão de Deus que é a Eucaristia
- Pão por Deus que são os frutos da Natureza

- Pão de Deus, o Pão que recebemos
- Pão por Deus, o Pão que partilhamos

- Pão de Deus que nos é dado
- Pão por Deus que damos

- Pão de Deus que vem do Céu
- Pão por Deus que vem da Terra

- Dia do Pão de Deus porque é Domingo
- Dia do Pao por Deus porque é o dia de todos os Santos

- Que o Pão de Deus se transforme em Pão por Deus
- Que o Pão por Deus não esqueça o Pão de Deus.

- Que todos possam partilhar do mesmo Pão.

sábado, 31 de outubro de 2009

Todos os Santos


1 de Novembro

Dia de todos os Santos ou dos Santos todos

Do Padre António Vieira, Sermão de Todos os Santos, Lisboa,1608 - Bahia,1697.

"A festa mais universal e a festa mais particular,
a festa mais de todos e a festa mais de cada um,
é a que hoje celebra e nos manda celebrar a Igreja.

É a festa mais universal e mais de todos, porque, começando pela fonte de toda a santidade, que é Cristo, e pela Rainha de todos os santos, que é a Virgem Santíssima, fazemos festa hoje a todas as hierarquias dos anjos, fazemos festa aos patriarcas e aos profetas, aos apóstolos e aos mártires, aos confessores e às virgens. E não há bem-aventurado na Igreja triunfante, ou canonizado ou não canonizado, ou conhecido ou não conhecido na militante, que não tenha a sua parte ou o seu todo neste grande dia.

É também o mais particular e mais próprio de cada um, porque hoje se celebram os santos de cada nação, os santos de cada reino, os santos de cada religião, os santos de cada cidade, os santos de cada família. Vede quão nosso e quão particular é este dia. Não só celebramos os santos desta nossa cidade, senão cada um de nós os santos da nossa família e do nosso sangue. Nenhuma família de cristãos haverá tão desgraciada que não tenha muitos ascendentes na glória.

Fazemos pois hoje festa a nossos pais, a nossos avós, a nossos irmãos, e os que tendes filhos no céu, ou inocentes ou adultos, fazeis também festa hoje a vossos filhos. Ainda é mais nossa esta festa, porque, se Deus nos fizer mercê de que nos salvemos, também virá tempo, e não será muito tarde, em que nós entremos no número de todos os santos, e também será nosso este dia. Agora celebramos, e depois seremos celebrados: agora nós celebramos a eles, e depois outros nos celebrarão a nós. Esta última consideração, que é tão verdadeira, foi a que fez alguma devoção à minha tibieza neste dia tão santo, e quisera tratar nele alguma matéria que nos ajude a conseguir tão grande felicidade.

Pois, que é necessário para ser santo?
Uma só coisa, e muito fácil, e que está na mão de todos, que é a boa consciência ou limpeza de coração: Beati mundo corde (Bem-aventurados os puros de coração).
Olhai como Deus quis facilitar o céu e o ser santos, que pôs a bem-aventurança e santidade numa coisa que ninguém há que não tenha, e a mais livre e mais nossa, que é o coração. Assim como o coração é a fonte da vida, assim é também a fonte da santidade; e assim como basta o coração para viver, ainda que faltem outros membros e sentidos, assim, e muito mais, basta a pureza de coração para ser santo, ainda que tudo o mais falte.

Se o ser santo dependera dos olhos, não fora santo Tobias, que era cego;
se dependera dos pés, não fora santo Jacob, que era manco;
se dependera de algum outro membro do corpo, não fora santo Job, que estava tolhido de todos, e só lhe ficou a língua;
e, ainda que não tivera língua, também fora santo, porque Santa Cristina, sendo-lhe a língua cortada, louvava a Deus com o coração, e com o coração, sem língua, eram tais as suas vozes, que as ouviam não só os anjos no céu, senão também os circunstantes na terra.
De sorte que, para um homem ser santo, não é necessário coisa alguma fora do homem, nem ainda é necessário todo o homem: basta-lhe uma só parte, e essa a primeira que vive e a última que morre, para que lhe não possa faltar em toda a vida, que é o coração.

Tendo o coração puro, e ou vos faltem ou sobejem todas as outras coisas, nem a falta vos será impedimento, nem a abundância estorvo para ser santo.

A mais poderosa inclinação e o mais poderoso apetite do homem é desejar ser.
Sede Santos.
Não está o erro em desejarem os homens ser,
mas está em não desejarem ser o que importa.
Uns desejam ser ricos,
outros desejam ser nobres,
outros desejam ser sábios,
outros desejam ser poderosos,
outros desejam ser conhecidos e afamados,
e quase todos desejam tudo isto,
e todos erram.
Só uma coisa devem os homens desejar ser,
que é ser santos.
Se sois tão amigos e tão ambiciosos de ser, sede santos,
e sereis, porque tudo o que não é ser santo, é não ser.
Sede rei, sede imperador, sede papa:
se não sois santo, não sois nada.

Pelo contrário, ainda que sejais a mais vil
e mais desprezada criatura do mundo,
se sois santo,
sois tudo o que pode chegar a ser o maior
e mais bem afortunado homem,
porque sois como aquele que só é e só tem ser, que é Deus.
Todo o outro ser, por maior que pareça, não é,
porque vem a parar em não ser.
Só o ser santo é o verdadeiro ser,
porque é o que só é, e o que há de permanecer por toda a eternidade.

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Em dia de sábado

6ª Feira - XXX Semana Comum

No evangelho de hoje os fariseus e doutores da lei mostram-se mais preocupados com o dia em que se faz algo do que o bem que se faz a alguém. Preocupam-se mais com o envólucro do que com o interior, mais com o continente do que com o conteúdo...
"Não podes fazer o bem porque hoje é sábado... faz amanhã..."
Mas afinal o que é mais importante?

Recordo uma simples parábola que copiei de http://oclubedosquarenta.blogspot.com

Chávena de cacau quente

"Um grupo de jovens licenciados, todos bem sucedidos nas carreiras, decidiu fazer uma visita a um velho professor, agora reformado.
Durante a visita, a conversa dos jovens alongou-se em lamentos sobre o imenso stress que tinha tomado conta das suas vidas e do seu trabalho.
O professor não fez qualquer comentário sobre isso e perguntou se gostariam de tomar uma chávena de cacau quente.
Todos se mostraram interessados e o professor dirigiu-se à cozinha, de onde regressou vários minutos depois, com uma grande chaleira e uma grande quantidade de chávenas, todas diferentes (de fina porcelana e de rústico barro, de simples vidro e de cristal, umas com aspecto vulgar e outras caríssimas).
Apenas disse aos jovens para se servirem à vontade.
Quando já todos tinham uma chávena de cacau quente na mão, disse-lhes:
- Reparem como todos procuraram escolher as chávenas mais bonitas e caras, deixando ficar as mais vulgares e baratas... Embora seja normal que cada um pretenda para si o melhor, é isso a origem dos vossos problemas e stress.
-A chávena por onde estais a beber não acrescenta nada à qualidade do cacau quente. Na maioria dos casos é apenas uma chávena mais requintada e algumas nem deixam ver o que estais a beber. O que vós realmente queríeis era o cacau quente, não a chávena; mas fostes conscientemente para as chávenas melhores...
Enquanto todos confirmavam, mais ou menos embaraçados, a observação do professor, este continuou:
- Considerai agora o seguinte: a vida é o cacau quente; o dinheiro e a posição social, as honras, a importância, o prestígio, são as chávenas. Estas são apenas meios de conter e servir a vida. A chávena que cada um possui, não define nem altera a qualidade da vossa vida. Por vezes, ao concentrarmo-nos apenas na chávena acabamos por nem apreciar o cacau quente que Deus nos ofereceu. As pessoas mais felizes nem sempre têm o melhor de tudo, apenas sabem aproveitar ao máximo tudo o que têm.”

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

A raposa, a galinha e os pintaínhos

5ª Feira - XXX Semana Comum

O Evangelho de hoje apresenta uma história cujo enredo cada um deve tecer:
Era uma vez uma RAPOSA, uma GALINHA e os seus PINTAÍNHOS.

1º Quem é quem?
Jesus identifica-se com a galinha, os seus discípulos são os pintaínhos e o maligno é a raposa.
Enquanto esta última ataca e dispersa os discípulos, Jesus reune-os e proteje-os debaixo das suas asas.

2º De vez em quando nós somos como a galinha, agentes de unidade, defensores...
Outra vezes temos necessidade de protecção e de convocação pois estamos dispersos...
Às vezes, porém, somos provocadores, criadores de desunião.

3º Era uma vez uma raposa, uma galinha e os seus pintaínhos... que história queremos fazer?

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Pe. Dehon Profeta do Humor


Ter espírito de humor é descobrir os aspectos brejeiros de uma coisa séria ou revelar os aspectos sérios de uma coisa brejeira.
Tomamos a liberdade de brincar com as palavras ou o pensamento do Pe. Dehon. Não será por falta de respeito da nossa parte, mas apenas para difundir, reflectir e aderir à mensagem que ele veiculou.
A seu exemplo queremos ser PROFETAS DO HUMOR E SERVIDORES DA RECREAÇÃO.
Depois de termos partilhado alguns exemplos genuínos do humor do Pe. Dehon, tentamos agora copiar esse modelo e aplicar o seu estilo através de algumas frases retiradas dos seus livros, cartas e outras referências.

1 -
- Meu caro Irmão, vejo-te tão triste. Que se passa contigo?
- Mon Très Bon Père, não presto mesmo para nada. Não tenho virtude nenhuma...
- Mas toda a gente sabe que és um religioso exemplar. Porque dizes que não tens virtude?
- É que sou um irmão, não sou padre. Nunca recebi o sacramento da Ordem e Mon Très Bon Père diz que onde não há ordem não há virtude. (DE 183)

2 –
- Mon Très Bon Père, eu acho que Deus não gosta de mim.
- Mas filho, isso é impossível. Deus gosta de todos. Como podes dizer o contrário?
- É que todos dizem que sou muito carrancudo. Como Vossa Reverência ensina que Deus não gosta de santos carrancudos, então Deus não gosta de mim.
- E quem é que te disse que és santo?

3 –
- A Educação não se faz com negações.
- Se é assim, neste momento, Mon Très Bon Père não está a educar pois isso é uma negação.
- Tu é que não estás a ser educado.

4 -
- As igrejas estão cada vez mais vazias. É preciso sair da igreja e ir ao povo.
- Sim, sim. Se o Padre sair da igreja, esta fica mais vazia pois não é saindo que se enche a igreja.
- Mas para entrar é preciso estar fora. (O Reino do Coração de Jesus, Abril 1895)

5 -
- Quando eu era seminarista em Roma, todos os dias fazia a via-sacra que era a minha recreação da tarde.
- Mon Très Bon Père, isso quer dizer que eu também posso brincar enquanto rezo?
- Não. Quer dizer que podes rezar enquanto brincas. (NHV, Volume III, Outubro 1865-Outubro 1869, Página 90)

6 -
- Mon Très Bon Père, Vossa Reverência viaja muito. Deve ser muito incómodo.
- Nem por isso. Tenho o costume de, durante as viagens, recitar com frequência o terço do rosário.
- Mas que boa ideia. Vou também viajar para poder rezar mais depressa.

7 -
- Eu procurava a união com Deus. Muitas vezes com tensão espiritual. Cheguei algumas vezes a sentir dor de cabeça de tanto esforço que fazia para viver plenamente nele.
- Mon Très Bon Père, também eu quero ser assim. Que devo fazer?
- Procura primeiro arranjar uma cabeça pois não se pode sentir aquilo que não se tem. (NHV, Volume III, Outubro 1865-Outubro 1869)

8 -
- Meu filho, nunca mais te vi rezar o Rosário. Que se passa?
- Mon Très Bon Père, eu estou a seguir os vossos conselhos. Então Vossa Reverência não diz que o Rosário é o livro dos que não sabem ler? Portanto já não é para mim.
- Estou a ver, estou a ver. De facto o Rosário está ao alcance de todas as inteligências. Para rezá-lo é preciso ter alguma inteligência... (ACJ 2, página 309)

9 -
- Meu filho, em vez de rezar o terço, porque andas a passear essa cruz de um lado para o outro?
- Mas Mon Très Bon Père, assim estou a rezar mais terços que os outros todos juntos.
- Mas como é isso, se não te vejo com as contas na mão?
- É que Vossa Reverência diz que uma cruz vale 500 rosários... (Carta ao Pe. Paris, 15/05/1913, Inv 300.03, AD: B20/7)

10 -
- Que ideia é a tua, caro confrade? Por que é que colocaste o poster do Coração de Jesus pregado no tecto do teu quarto?
- Estou a fazer aquilo que Mon Très Bon Père disse para fazer, pois o Coração de Jesus deve ser a estrela que nos deve guiar sempre… Ora as estrelas querem-se lá no alto… (NHV, Volume III, Outubro 1865-Outubro 1869)

11 -
- Mon Très Bon Père, durante as próximas férias, eu gostaria de fazer uma peregrinação até…
- Ó filho, incomodar-te tanto para quê? Faz como eu. Faz uma peregrinação espiritual ao escreveres a narração das viagens que já fizestes. (NHV, Volume II, Agosto 1864-Outubro 1865, página 112)

12 -
- Todos os Santos amaram o trabalho assíduo e santificado.
- Também eu, Mon Très Bon Père, também eu adoro o trabalho, pois sou capaz de ficar horas e horas a ver alguém a trabalhar sem me cansar nunca… (ACJ 1, Página 112)

13 -
- Mon Très Bon Père, eu preciso urgentemente fazer uma viagem de férias…
- Mas filho, o que aconteceu para teres assim tanta pressa?
- É para cumprir as ordens de Mon Très Bon Père que me disse: escutaste um pouco o tentador, é preciso agora que o mandes passear(Carta ao Ir. Maurice-André Hospital, 26/07/1825, Inv 1165.45, AD: B108/1)

14 -
- Ainda agora amanheceu e tu já dizes que o dia está a declinar e que deves descansar?
- Então Mon Très Bon Père não diz que a celebração da missa é o acto culminante do dia? Como já celebrei a missa… o resto do dia não tem valor, é só declínio… (CF, 6 de Agosto de 1880)

15 -
- Então meu filho, esqueceste-te de me pagar o serviço que prestei, pregando o retiro no mês passado?
- Não esqueci não, Mon Très Bon Père. Agradeci e muito…
- Mas, meu filho, não basta agradecer.
- Então não foi Mon Très Bon Pére que disse que a gratidão das almas é também o salário do padre? (CS, Página 625)

16 -
- Que aconteceu, meu filho? Fizeste da Capela um ginásio? Por que passaste toda a oração da manhã a fazer flexões junto ao altar?
- Só fiz aquilo que Mon Très Bon Père aconselhou. Estava a fazer um exercício de santificação.
- Mas, meu filho, para isso não é preciso fazer flexões…
- Ai não? Então se a santidade não consiste em não cair nunca, mas em levantar-se tantas vezes quanto for necessário, isto só tem um nome: encher ou fazer flexões… (Carta ao escolástico Bodin, 24/12/1909, Inv 315.16, AD: B20/8.7)

17 -
- Mon Très Bon Père, os nossos sapatos perderam a sola e as nossas batinas estão rotas nas mangas.
O Très Bon Père olha para os seus sapatos e para a sua batina e com ar surpreso:
- Meu irmão, não sei o que pretendes. Os meus sapatos estão bem aprumados. Os teus é que estão a precisar de reforma.
- Pois é, mas Mon Très Bon Père sempre disse que a palavra ‘meu’ foi apagada do vocabulário de um religioso
- E tenho a nossa razão… (CF, 12 de Novembro de 1879)

18 -
- Meu caro filho, por que é que caíste na mesma falta? Sabes que Deus castigar-te-á por isso?
- Deus já me castigou uma vez e por isso agora estou descansado…
- Como podes dizer isso, meu filho?
- Foi Mon Très Bon Père que me ensinou que Deus não castiga dias vezes a mesma falta(CF, 22 de Fevereiro de 1880)

19 -
- Meu filho, a tua carta que me escreveste mostra bem que a tua alma tem falta de contenção e de calma… Não escrevas então durante as insónias. Nessa altura somos todos um pouco escaldantes e exagerados…
- Está bem, Mon très Bon Père. Durante as insónias, nada! Só rescreverei durante o sono… (Carta ao Pe. Falleur, 31/12/1884, Inv 335.02, AD: B20/14)

20 -
- Meu filho, por que é que dizes que não precisas de muito tempo para te preparares para a eternidade?
- Mon Très Bon Père disse-nos que a vida é curta e a eternidade é longa. Preparemo-nos então. Se esta vida é curta, a preparação deve ser curta porque esta vida não dá para mais… (Carta a um confrade, 02/03/1910, Inv 122.12, AD: B16/6bis.12)

21 -
- Meu filho, pedi-te um projecto de vida neste final de retiro para engrandeceres a tua alma e tu simplesmente propões-te ver uma passagem de modelos?
- Eu sigo apenas o seu conselho, pois Mon Très Bon Père ensinou-me que a vista do belo engrandece a alma… (NHV, Volume I, Março 1843-Maio 1864, Página 45)

22 -
- Meu filho, não percebo porque é que durante as orações passas o tempo todo escondido debaixo da toalha do altar. Que se passa?
- Foi Mon très Bon Père que me instigou a isso, pois sempre o ouvi dizer que devíamos desejar ser santos escondidos, santos só conhecidos por Deus e sem manifestações extraordinárias, mas todavia santos e santos verdadeiros. (Avisos e Conselhos in Apêndice DE, página 242)

23 -
- Meu filho, por que é que te recusas celebrar a eucaristia? Então não queres fazer-te santo?
- Mon Très Bon Père sempre me ensinou que é a Eucaristia que faz os santos. Não são os santos que fazem a eucaristia… ( NQ, 1886, Página 129)

24 -
- Mon Très Bon Père, eu gostava de ter uma aliança com a inscrição ECCE VENIO.
- Sim, meu filho. Acho bem, mas já agora podias escrever também ECCE ANCILLA…
- Para essa expressão eu tinha pensado pôr no brinquinho na minha orelha direita. Que acha, Mon Très Bon Père? (ACJ 1, Pág. 328)

25 -
- Meu filho, onde está a tua obediência? Ausentaste-te o dia todo sem teres pedido nem informado o teu superior? Que se passa contigo?
- Mon Très Bon Père, eu pedi autorização ao fundador e superior…
- Deve haver algum engano, pois a mim não me falaste.
- Mon Très Bon Père ensinou-nos que o Coração de Jesus é o nosso verdadeiro fundador e superior, então fui à Capela e pedi-Lhe autorização.
- Meu filho, e achas que Ele te autorizou?
- Eu acho que sim, pois quem cala consente… (CF, 14 de Maio de 1880)