segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Virtudes Gémeas

Ano A - XXVII Domingo Comum

Um dia o Senhor Todo-Poderoso convidou para uma festa no Paraíso, todas as Virtudes. Cheias de alegria, rodearam o Trono de Deus, louvando o Senhor, como se se encontrassem na sua própria casa: todas as Virtudes se conheciam...excepto duas. Uma disse à outra:
- Estou contente por te conhecer. Nunca te vi antes. Deves ser uma virtude bastante nova.
- Também eu estou satisfeita por te cumprimentar pela primeira vez. Tu é que deves ser novata nesta família.
Deus, a quem nada escapa, mostrou um rosto pensativo e declarou:
- Como é que vós as duas, as mais belas Virtudes, não se conheciam ainda? Daqui para a frente deveis andar sempre de mãos dadas, para que ninguém fique privado da alegria da vossa companhia.
Sabeis de que Virtudes se tratava? Uma era a Beneficência e a outra o Reconhecimento!
O eco do profeta Isaías ainda se faz ouvir hoje: “Que mais Deus podia fazer à sua vinha que não tenha feito? E quando esperava que viesse a dar uvas, apenas produziu agraços.”
E Jesus concluiu: “Ser-vos-á tirado o reino de Deus e dado a um povo que produza os seus frutos.”
Quem não agradece não sabe receber. O bem que é feito tem de ser reconhecido pois Beneficência e Reconhecimento são irmãs gémeas.

Criancices (20)

Um aluno, de sobrenome Macedo, costumava chegar tarde ao encontro da manhã. Depois de várias repreensões disse-lhe um dia:
- Caramba, tu és Mais Cedo mas chegas sempre Mais Tarde.

Vida de Capelão (20)

Uma senhora depois da missa lamentava-se:
- Ó Sr. Capelão, você esquece-se das mulheres na celebração, pois só diz MEUS IRMÃOS. E nós?
- Sabe, quando eu digo MEUS IRMÃOS, quero abraçar também as mulheres.

sábado, 27 de setembro de 2008

Criancices (19)

Um aluno tinha recebido dos seus colegas de turma um aquário com um peixe como presente do seu aniversário. Todos o queriam ver. Aproximei-me também e alguém, sem notar a minha presença exclamou:
- O grande filho da puta (ou seria truta?) está sempre de boca aberta…
- Ouve lá – atalhei eu – donde conheces a mãe deste peixe?
Todos riram e desculparam a irreverência.

Vida de Capelão (19)

- Ó Capelão, porque é que não requisita uma bicicleta para o seu serviço? Assim poderia chegar mais depressa e sem mais canseiras a todos os serviços...
- Bem, eu até gostava, mas para quê uma bicicleta se o Capelão não deve montar?

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Vida de Capelão (18)


Alguém estava a falar comigo e com o entusiasmo deixou escapar uma palavra que rima com carvalho. Desfez-se em desculpas:
- Ó Capelão, eu não queria dizer…
- Está à vontade, rapaz. Assim não ficas com isso guardado na boca.

Criancices (18)


No Colégio veio um miúdo confessar-se:
- Diz então quais os pecados que queres confessar hoje...
- Senhor padre, confesso que atirei uma pedra ao meu irmão.
- Ó filho, erraste!
- Não errei nada, acertei-lhe em cheio...

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Oh Feliz Culpa !

.
Ano A - XXVI Domingo Comum

Um dos pontos mais desconcertantes e, ao mesmo tempo, mais deliciosos, dos ensinamentos de Jesus é que Deus está mais perto dos pecadores do que dos santos... e que os publicanos e as mulheres de má vida irão diante dos bons para o Reino Celeste.
Anthony de Mello explicava assim esta verdade:
Deus segura cada pessoa por um barbante invisível. Cada vez que nós pecamos, cortamos esse fio mas Deus volta a emendar tudo com um nó cego. Como o barbante fica mais curto, por causa deste nó, nós ficamos também um pouco mais perto de Deus.
E assim cada pecado faz um corte e a cada corte corresponde um nó e cada nó leva-nos até mais perto de Deus.
Pecar é fazer uma ruptura, é cortar as relações com Deus, connosco mesmos, com os outros ou com as coisas. É dizer uma coisa e fazer outra, é ser quem não se é.
Arrepender-se é apresentar a Deus as pontas do barbante para que Ele possa atá-las de novo. Perdoando, Deus reata uma relação e manifesta a sua misericórdia. Se eu não pecasse, ou não reconhecesse o meu pecado, Deus não teria ocasião de mostrar que é misericordioso.
E no fim de tudo podemos dizer como Santo Agostinho: Oh feliz culpa... que nos aproximou mais de Deus.

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Deus Procura-nos

Ano A - XXV Domingo Comum

Um grupo de mineiros, num túnel, emparedados por um desmoronamento, tentava abrir uma saída, após longas horas, batia na parede e notava o pequeno progresso e se perguntava se não seria em vão o seu esforço. Houve um momento em que pararam exaustos e ergueram silenciosamente as cabeças, apuraram os ouvidos e escutaram ao longe outras pancadas que lentamente venciam a mesma resistência e se dirigiam ao seu encontro. Era a equipa de salvamento. E descobriram nova coragem para recomeçar o trabalho. E sempre que não podiam mais, detinham-me um momento para tornar a ouvir e a crer.
Ninguém pode vir a mim se o Pai o não atrair, repete Jesus. A Parábola dos vinhateiros contratados nas mais diversas horas vem lembrar-nos precisamente a mesma realidade: Não somos só nós que procuramos a Deus mas é sobretudo Deus quem nos procura. Ele é Alguém acessível, pois sai inúmeras ao encontro dos homens. É Alguém que quis precisar de nós pois sabe que nós não somos ninguém sem Ele. Quer ter uma relação pessoal contratando pessoalmente cada trabalhador. É bom, justo, generoso e livre.
De vez em quando temos necessidade de recordar que o nosso Deus é assim para reforçarmos a nossa procura. Sabendo que Ele está próximo, a melhor maneira de se encontrar com Ele é ficar onde se está, isto é, não se transviar porque mais cedo ou mais tarde ele virá ter connosco.

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Vida de Capeão (17)

Para alguém que me tentava tramar:
- Já estou lixado e com EFE grande!
- Ó Capelão, é pecado falar mal.
- Nem por isso. Um palavrão não tem maldade para quem diz ou ouve, mas alivia muito.

Criancices (17)

Estávamos a ler um texto do Principezinho de Saint Exupery:
"Vais-te aproximando de mim...e olhas-me pelo rabinho do olho..."Uns miúdos começaram a rir com malícia. No final fui ter com eles e perguntei-lhes qual tinha sido a piada.
- Foi por causa do rabinho do olho.
- Mas o que estava lá é o contrário daquilo que vocês pensaram.
- O que é que nós pensámos?
- Vocês ao lerem Rabinho do olho pensaram no olho do rabinho...

Lágrimas Purificadoras

5ª Feira - XXIV Tempo Comum

Uma pecadora banhou os pés de Jesus com as suas lágrimas…

Se eu quiser lavar as minhas mãos sujas de terra, preciso apenas de um pouco de água.
Se eu quiser lavar as minhas mãos sujas de gordura, preciso para além de água um pouco de detergente ou sabão.
Se eu quiser lavar a minha alma da sujidade do pecado, preciso não de água nem de detergente mas sim de muitas lágrimas…
As lágrimas da contrição, do arrependimento, da mágoa de ter ofendido…

Jesus disse à pecadora: Os teus pecados estão perdoados…

Cântico do Amor

4ª Feira - XXIV Tempo Comum


Podemos fazer a correspondência do Cântico do Amor (1Cor 13,1-8) com a expressão Deus Caritas Est (1Jo 4,16):
Se Deus Caristas Est e se A Caridade é... como nos diz São Paulo, então podemos fazer duas aplicações.
1ª - Dizer aquilo que pensamos de Deus
2ª - Dizer o que Deus quer pensar de cada um de nós.

1ª Aplicação

Se eu falasse as línguas dos homens e dos anjos,
mas não tivesse DEUS,
seria como bronze que soa ou címbalo que retine.
Se eu tivesse o dom da sabedoria
e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência;
se eu tivesse a plenitude da fé,
a ponto de transportar montanhas,
mas não tivesse DEUS, nada seria.
Se distribuísse todos os meus bens
e entregasse o meu corpo às chamas,
e não tivesse DEUS, de nada me aproveitaria.
DEUS é paciente,
DEUS é benigno, não é invejoso,
DEUS não se vangloria,
não se ensoberbece, nada faz de inconveniente,
não procura o seu interesse, não se irrita,
não guarda ressentimento,
não se alegra com a injustiça,
mas rejubila com a verdade.
Tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.
DEUS não acaba mais.


2ª Aplicação

O David é paciente,
O David é benigno, não é invejoso,
O David não se vangloria,
não se ensoberbece, nada faz de inconveniente,
não procura o seu interesse, não se irrita,
não guarda ressentimento,
não se alegra com a injustiça,
mas rejubila com a verdade.
Tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.
O David não acaba mais.

terça-feira, 16 de setembro de 2008

Vida de Capelão (16)

Um Oficial Superior ao entrar no Bar onde eu estava em conversa com um Oficial Miliciano;
- Ó Capelão, você hoje está muito mal acompanhado...
- Sim, sim, desde que tu cá chegaste...

Criancices (16)

Na aula de Educação Moral e Religiosa Católica no 8º Ano, eu estava a rever a lição anterior sobre o Perdão e perguntei:
- Quem se recorda do nome da Parábola que nós lemos na semana passada sobre o perdão? Diz lá.
- A Parábola do filho prodígio.
- Sim, sim! Que belo prodígio me saíste!

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

A Cruz de Cristo e o Cristo da Cruz

14 de Setembro - Exaltação da Santa Cruz

- Quem é Aquele que está levantado na cruz?
- É Jesus Nosso Senhor.

- Porque é que tem uma coroa de espinhos na cabeça?
- Porque Ele é o nosso Rei.

- Porque é que tem a cabeça inclinada?
- É para nos beijar.

- Porque é que tem os braços estendidos?
- É para nos abraçar.

- Porque é que tem o Coração aberto?
- É para nos amar.

- Porque é que tem os pés cravados?
- É para podermos alcançá-l’O.

domingo, 7 de setembro de 2008

Como Reagir às Ofensas

Ano A - XXIII Domingo Comum

Confrontemos.
- O que Jesus ensina através da sua palavra
- O que nós costumamos fazer
- O que Jesus faz.

A – O que Jesus ensina por palavras
Se teu irmão de ofender resolve a questão esgotando estas soluções por esta ordem:
1º - Vai ter com ele a sós.
2º - Pede ajuda a duas ou três pessoas amigas.
3º - Comunica o caso à Igreja.
4º - Afasta-te dele, considerando-o pagão.
Se uma solução não resultar, passa para a seguinte e assim sucessivamente. Isto é o que Jesus ensina por palavras.
É uma espécie de receita que Ele prescreve em caso de desentendimento fraterno.

B – O que nós costumamos fazer
Precisamente o contrário daquilo que Jesus propõe:
1º - Afastamo-nos. Viramos as costas (a última hipótese que Jesus recomenda…)
2º - Pomos a boca no trombone para dizer a todos que fomos ofendidos, quem nos ofendeu, o que nos fez.
3º - Ficamos à espera que quem nos ofendeu nos venha a pedir desculpa. Esperamos que ele venha ter connosco e não nós ir ter com ele como Jesus nos manda…

C – O que Jesus faz
É caso único: Jesus ensina uma coisa, mas faz outra. Senão vejamos:
No momento mais dramático da sua vida, no alto da cruz Jesus é ofendido pelos presentes e por um dos colegas de crucifixão. O que Jesus faz? Dirige-se ao Pai dizendo:
- Pai, perdoa-lhe que eles não sabem…
A primeira coisa que Jesus faz ao ser ofendido é dirigir-se a Deus Pai. Ele não se sente ofendido e por isso não precisa de perdoar.
Este é o maior ensinamento de Jesus: ensina com o seu exemplo – quem não se sente ofendido não precisa de perdoar.

Nós apenas dizemos que quem não se sente não é filho de boa gente e por isso ficamos magoados e ofendidos… Jesus ensina-nos com a sua vida que quem não se ofende não tem que perdoar…

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Corpo e Alma

5ª Feira - XXII Tempo Comum


Dois ensinamentos do Pe. Dehon que aplicamos a propósito do Evangelho de hoje.

1. "Nosso Senhor, para conquistar as almas, não curou ele os corpos, alimentou os famintos no deserto e encheu a rede dos pescadores?"
"O Evangelho nos ensina que Jesus curava os corpos para chegar às mentes e multiplicou os pães para santificar as almas."
De facto, Jesus passou a maior parte do dia a ensinar as multidões que se aglomeravam à sua volta para O ouvir. Depois, de saciar o seu espírito com a sua Palavra, eis que a pesca milagrosa vem saciar o seu corpo.

2. "É no alto mar que faremos a pesca milagrosa..."
É para aí que nos manda Jesus: Faz-te ao largo...
É preciso ir mais além, alargar os horizontes, deixar a babugem da praia e aventurar-se com coragem...

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Um Dia Cheio

4ª Feira - XXII Tempo Comum

O trecho do evangelho de hoje apresenta uma Jornada típica de Jesus ou o Seu Horário Diário:

1. Tempo para a Comunidade
(Jesus saiu da sinagoga…)

2. Tempo para a Família
(Entrou na casa de Simão… A sogra de Simão estava com febre muito alta…)

3. Tempo para as Multidões
(Todos os que tinham doentes traziam-nos…As multidões procuravam-no…)

4. Tempo para Cada Um
(Impondo as mãos sobre cada um deles, curava-os…)

5. Tempo de Recolhimento
(Ao romper do dia Jesus dirigiu-se a um lugar deserto.)

6. Tempo para a Missão
(Tenho de anunciar a Boa Nova também às outras cidades…)

7. Tempo para a Comunidade
(E pregava nas sinagogas da Judeia)
E o horário volta ao princípio…e assim sucessivamente.)


E nós? Como ocupamos o nosso tempo?
Deixamos algum aspecto ou alguma dimensão para trás?
.

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Corrigir-se

Ano A - XXIII Domingo Comum


1- Necessidade da Correcção fraterna.
O pecado nunca é um facto isolado pois nenhum homem é uma ilha. Cada um é parte dum continente. Quando uma ave poisa num ramo é perturbado o equilíbrio de toda a planta. Quando uma pedra cai no lago comunica o movimento a toda a água.
2- Como corrigir.
A) Com serenidade para não aumentar o mal; a sós; na intimidade e num relacionamento pessoal. Conta-se que um dia Platão teve que corrigir um aluno impertinente. Sentando-se, pediu ajuda a um amigo dizendo: Eu não posso corrigi-lo agora porque não me encontro suficientemente calmo.
B) Em espírito de comunhão e oração. É por isso que Jesus, no Evangelho deste Domingo, conclui que onde dois ou três se reunirem em seu nome, estaria no meio deles. Isto porque a comunidade reúne-se para fazer oração mas afinal é a oração que constrói a comunidade.

Um dia, uma mãe lamentava-se ao pároco que o seu filho, em crise espiritual, andava transviado pelas más companhias. Dizia com tristeza:
- Eu falo muitas vezes de Deus ao meu filho mas não serve de nada.
Então o santo pároco, consolando-a respondeu:
- Coragem! Se quer obter melhores resultados, mais do que falar de Deus ao seu filho, fale do seu filho a Deus.
E assim fez. Quanto mais rezava mais calma e compreensiva ficava de modo que o seu filho, assim acolhido, não precisou mais de procurar satisfações longe de casa e corrigiu-se. E a mãe chegou à conclusão que para corrigir é preciso corrigir-se.